Resenha de Berberian e Santana

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Ana Carolina Moreira Carrasco Nº USP 10692735  -  Noturno

EDF0118 – Psicologia da Educação I                                 Professora: Teresa Cristina Rego

Resenha do texto: MOYSÉS, M. A. e COLLARES, C. A. Controle e medicalização da infância. Desidades, no. 1, dez 2013

PATTO, M. H. S. Para uma crítica da razão psicométrica. Psicologia Usp. Vol. 8 no. 1, São Paulo, 1997

O texto produzido por MOYSÉS e COLLARES busca problematizar a perspectiva biológica sobre o TDAH e outros prognósticos ligados ao desenvolvimento escolar de diversas crianças.

Os autores resolveram lançar uma nova perspectiva sobre os diagnósticos de crianças em período escolar decorrentes de “sintomas” como: agitação; criança que não fica sentada; criança que não presta atenção, entre outras características que envolvem diversos aspectos da vida escolar e social da criança. Devido ao aumento de demandas das escolas às clínicas.

        Os pesquisadores utilizaram uma perspectiva sócio-histórica para buscar compreender este fenômeno, levando em consideração que o Brasil é o segundo país que mais consome metilfenidato (pág. 746) e mesmo assim, mantém altos índices contínuos de indicação das escolas para as clínicas.

Os autores não pretendem desqualificar as patologias. Porém, trazer através do estudo de caso realizado, questionamentos sobre como esses quadros de diagnósticos podem ser produzidos de forma determinista.

O estudo realizado mostra a trajetória de XXXxXXX que começa a ter seus primeiros relatórios negativos antes dos 3 anos de idade. Desde a primeira infância, a criança já recebe julgamentos negativos sobre seu comportamento e suposta incapacidade de apreender o conteúdo.

A partir daí, a aluna já é estigmatizada e seu histórico vai sendo transmitido de escola a escola e, interiorizando que todos aqueles julgamentos recebidos são verdadeiros. Com um perigo ainda maior, a criança vai sendo sobrecarregado e sendo responsabilizada por não ser uma aluna exemplar, por não conseguir aprender o que é ensinado, entre outros.

Neste ponto, o texto se faz importante para que possamos refletir sobre o sistema educacional, a relação professor-família, o contexto no qual a criança está inserida, entre outros aspectos que interferem diretamente no aprendizado da criança.

Não podemos nos contentar com diagnósticos e mais diagnósticos sem realizar uma autocrítica do sistema escolar brasileiro que tantas vezes não dá conta da subjetividade e especificidade de tantas crianças.