Resenha do livro lazer na escola brasileira
Por: robertavilla • 3/4/2016 • Trabalho acadêmico • 1.266 Palavras (6 Páginas) • 669 Visualizações
TRAJETÓRIA DA RECREAÇÃO E DO LAZER NA ESCOLA BRASILEIRA Forma De acordo com os estudos de Pinto et al.
A discussão sobre a importância da Recreação e do Lazer, vem crescendo não apenas por professores de Educação Física, mas por docentes de diferentes áreas do saber envolvidos em projetos político-pedagógicos integrados, uma vez que o lazer vem se apresentando como um tema transversal presente nos projetos escolares. No entanto, alguns limites ainda podem ser apontados, por exemplo, a ideia do tempo de recreio, que segundo Bracht ( 2003 ) , pode ser pensada como uma prática que por si só reforça o modelo de lazer como momento de compensação e como premiação por causa do esforço “sério” empreendido no trabalho intelectual escolar .
O LAZER COMO EIXO ESTRUTURADOR E ESTRUTURANTE INTERDISCIPLINAR NA ESCOLA Forma ao refletirmos sobre o lazer na escola, é fundamental e urgente o encaminhamento de propostas de ação que contemplem o desenvolvimento e a sistematização de experiências interdisciplinares no âmbito do lazer.
Estamos no início de um longo caminho a ser percorrido que abre perspectivas não só para um novo entendimento do lazer, mas também para um melhor embasamento da atuação profissional. É importante destacar que as possibilidades de intervenção dos professores devem considerar que o lazer pode ser desenvolvido em diferentes perspectivas. Além disso, o autor destaca que o lazer na escola não pode se confundir também com a área de Orientação Educacional, pelo menos como vem se verificando no cotidiano, já que é orientada pela visão “funcionalista” do lazer. Problemas como a questão da competência técnica do corpo docente da escola e a sobrecarga de trabalho desses profissionais devem ser discutidos para a sua superação e possível trabalho com o lazer no contexto escolar. Nesse sentido, mesmo não existindo disciplinas voltadas para a iniciação aos conteúdos cultural vivenciados no lazer, o papel da educação formal seria, como é, de importância fundamental para o lazer, entendido como instrumento de contra hegemonia.
Ao refletir sobre a formação de profissionais educadores e gestores que possam qualificar a discussão sobre o lazer, inicialmente é necessário reforçar que o lazer se configura como um campo multidisciplinar que possibilita a concretização de propostas interdisciplinares, por meio da participação de profissionais com diferentes formações (Arte-Educação, Educação Física, Pedagogia, Psicologia, Sociologia, Terapia Ocupacional, Turismo e Hotelaria, dentre outros). Na atualidade, por mais que se tenha superado a ideia do profissional nato, continua muito difundida a visão do profissional que já vem pronto, pouco tendo a aprender técnica, cientifica e pedagogicamente, a não ser a logística, a ordenação das etapas e dos recursos do trabalho, que varia de acordo com o local de trabalho e muda constantemente. A partir disso, observamos que no Brasil, é cada vez mais crescente o interesse de profissionais de diferentes áreas pela discussão da temática do lazer, tendo em vista as diferentes opções de estudo e de intervenção profissional que o campo de trabalho vem abrindo nesse âmbito, para os profissionais formados. No Brasil, as formações de diferentes profissionais tratam o lazer, principalmente, a partir de duas perspectivas: a primeira tem como ênfase a preocupação em formar um profissional mais técnico, que tem como orientação primordial o domínio de conteúdos específicos e metodologias. A formação de profissionais no campo do lazer deve, portanto, ser pautada na competência técnica, científica, política, filosófica e pedagógica e no conhecimento crítico da realidade. Ao pensar na formação profissional que possa contribuir com o debate sobre o lazer, penso ser importante destacar quatro pontos fundamentais para orientar as ações, tendo em vista o entendimento do animador cultural em uma perspectiva educacional ampla, de transformação da realidade social. Entendemos que teoria e prática devem ser consideradas o núcleo articulador da formação de profissionais no campo do lazer, para tanto esses dois eixos devem ser trabalhados simultaneamente, como elementos indissociáveis. É preciso superar uma das tendências encontrada no campo do lazer que considera a recreação como a prática, e o lazer como as teorias. A teoria deve ser pensada, formulada e aplicada a partir da realidade concreta da animação cultural, que acredito ser fundamental para a transformação das vivências de lazer presentes no mercado. Um terceiro ponto a ser ressaltado é a sólida formação teórica e cultural dos profissionais que desejam tratar o lazer e nesse sentido, acreditamos ser fundamental um maior interesse, por parte dos animadores, na busca dos conhecimentos que envolvem os estudos sobre o lazer, tornando seu trabalho mais coerente com os objetivos propostos. Além disso, é fundamental que o profissional busque sua participação crítica e criativa em diferentes práticas culturais como forma de manter constantemente atualizada a sua cultura geral, priorizando uma ampliação de suas próprias vivências de lazer, de modo condizente com sua prática profissional. Por isso , pensamos que o processo de formação continuada para profissionais que desejam tratar o lazer deva acontecer a partir de uma perspectiva que possa focalizar três eixos: o espaço de intervenção como lócus privilegiado de formação; a formação continuada deve ter como referência fundamental o saber profissional, o reconhecimento e a valorização desse saber; para um adequado desenvolvimento do projeto, é necessário ter presentes as diferentes etapas do desenvolvimento profissional, já que não deveríamos tratar do mesmo modo o animador em fase inicial do exercício profissional e aquele que já encaminha para a sua aposentadoria. Apesar do crescimento na discussão sobre o lazer nos cursos de Administração, Artes, Educação Física, Fisioterapia, Hotelaria, Pedagogia, Terapia Ocupacional e Turismo, a análise de muitos desses currículos demonstra que a discussão dos conhecimentos sobre o lazer tem pequeno espaço no interior das propostas. O Encontro Nacional de Recreação e Lazer ( ENAREL ) e o Seminário “O Lazer em debate” são eventos realizados anualmente e que contam com a participação de profissionais de diferentes áreas. E nesse sentido, destacamos alguns desafios para a formação de profissionais de lazer em nosso país: primeiramente, é preciso entendê-la como um processo contínuo, que deve ser incentivada e constantemente alimentada pela participação em cursos de diferentes naturezas ( técnicos, de atualização, de aperfeiçoamento, de especialização, de mestrado, de doutorado ), em eventos técnicos-científicos, em listas de discussões, dentre outras ações que podem fazer parte do cotidiano dos profissionais que desejam atuar com o lazer. As informações resultantes das pesquisas devem orientar as decisões de formação e por isso precisam ser compreendidas como eixo fundamental para os avanços na formação profissional no âmbito do lazer.
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