Teoria pedagógicas e didáticas
Por: luciene.santos • 17/5/2017 • Pesquisas Acadêmicas • 1.457 Palavras (6 Páginas) • 292 Visualizações
TEORIAS PEDAGÓGICAS E DIDÁTICA
Sandra Regina dos Reis
Segundo Libâneo, as tendências pedagógicas dividem-se em dois grandes grupos, as Pedagogias Liberais e Pedagogias Progressistas. As Pedagogias Liberais se subdividem em Tradicional, Renovada Progressista, Renovada não-diretiva e Tecnicista. As Pedagogias Progressistas classificam-se em Libertadora, Libertária e Crítico-social dos conteúdos ou Histórica-Crítica. Sua manifestação na prática escolar não é pura, elas se complementam. Refletindo sobre as tendências podemos conhecer os pressupostos teóricos que embasam nossa prática em sala de aula. Podemos assim, rever nossa prática, analisando suas contribuições, sendo importante ter clareza de nossas finalidades educativas. Segundo Aranha (1996) para que a atividade educativa seja eficaz, é necessário conhecer os pressupostos teóricos que orientam nossa ação e considerarmos os fins educativos. A tendência ou pedagogia liberal é uma manifestação própria da sociedade de classes, que consistia em uma organização social que valorizava a propriedade privada e os meios de produção. O termo liberal não tem o sentido de avançado, democrático ou aberto, mas, surgiu como justificativa do sistema capitalista que buscava defender a predominância da liberdade e dos interesses individuais da sociedade. As tendências liberais sustentam a ideia que a escola tem a função preparar os indivíduos para o desempenho de papeis sociais, adaptando-os aos valores e às normas vigentes na sociedade de classes. Embora difunda a ideia de igualdade de oportunidades, porém, não leva em conta as diferenças de classes e a desigualdade de condições. As tendências liberais tem marcado a educação brasileira ora por forma conservadora ou ora renovada. Iniciou-se no Brasil com a pedagogia liberal tradicional também chamada de escola tradicional. Serve aos interesses na burguesia, colocando a função da escola desvinculada dos problemas sociais, cotidianos e atuais. Visa a preparar os alunos para exercerem seu papel na sociedade, enfatizando o preparo moral, dessa forma, os conteúdos refletem valores, tradições e a cultura acumulada de geração em geração, transmitidos aos alunos como verdades absolutas. Cabe ao aluno em uma atitude passiva, assimilar os conteúdos trabalhados, para reproduzi-los em uma situação de avaliação que, normalmente se restringe a provas. Prevalece a autoridade do professor, visto que é o detentor do conhecimento e o centro do processo ensino e aprendizagem, sendo a relação com o aluno, marcada pela autoridade. O professor transmite o conteúdo na forma de verdade a ser absorvida. O aluno constitui um mero recebedor da matéria transmitida, e sua tarefa era decorá-la, sem questioná-la. A disciplina é imposta e utilizada como forma de assegurar o silêncio e atenção dos alunos. Os métodos didáticos se baseiam em as aulas expositivas, com ênfase em exercícios mecânicos e repetição de conceitos. Os conteúdos propostos são verdades absolutas, desvinculados dos interesses e da realidade dos alunos e, na maioria das vezes não significativos. Os objetivos são voltados a formar o aluno perfeito, irreal e distante da realidade social, visando a formação intelectual e desenvolvimento do raciocínio.
Para saber mais, leia “Em torno de algumas questões educacionais” de Ausônia Donato, disponível em:
http://www.obore.com/acontece/textos_especiais_em_torno_de_algumas.asp
A partir dos anos 30, vamos ter no Brasil a influência humanista da escola nova, que teve como precursores Anísio Teixeira e Lourenço Filho, inspirado nos ideias de Dewey. Para Libâneo (1994), a escola nova vai se traduzir como pedagogia renovada, manifestando-se por meio de duas correntes: a renovada progressista ou pragmática que se baseia na teoria de John Dewey, e a renovada não-diretiva, inspirada em Carl Roger, etc. Na pedagogia renovada progressista, pedagogia nova, ou escola nova educação é um processo interno. Valoriza-se a autoeducação. A escola tem por função adequar-se as necessidades do seu aluno, bem como ao meio social em que está inserida, tornando-se mais próxima à realidade vivida pelo aluno. Surge em função da necessidade de mudanças educacionais urgentes, emergindo da própria população a necessidade de se criar uma consciência nacional. O aluno é o centro do processo de ensino, sendo considerado como o sujeito do seu aprendizado, e o professor, o facilitador e/ou incentivador deste processo, assim, ele não ensina o aluno, mas, ajuda o aluno a aprender, quando, o coloca em situações adequadas para que possa buscar por si mesmo conhecimentos e experiências novas. O centro da atividade acadêmica não é mais o professor, e sim o aluno ativo e investigador autônomo. Esta tendência valoriza o trabalho em grupo, as tentativas experimentais, a pesquisa e a descoberta. O professor necessita desenvolver o aluno de forma integral, enfatizar o aprender fazendo, incentivar o desenvolvimento das aptidões individuais, partindo das necessidades e interesses individuais necessários para a adaptação ao meio. A escola tem a função de adaptar o aluno ao meio que vivem, sendo que os conteúdos devem ser estabelecidos em função das experiências dos alunos.
Saiba mais, lendo “O resgate da escola nova pelas reformas educacionais contemporâneas, de Roselane Fátima Campos e Eneida Oto Shiroma, disponível em:
http://rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/viewFile/173/172
A Pedagogia Renovada não-diretiva valoriza a autorrealização, a busca do aluno por si mesmo, do conhecimento e a escola deve contribuir para a formação de atitudes, enfatizando problemas psicológicos em detrimento aos pedagógicos ou sociais. A escola deve se empenhar na buscar da mudança interior do aluno, para que possa adequar-se às solicitações do ambiente. Aprender é modificar suas próprias percepções. Valoriza a autoavaliação. A transmissão dos conteúdos é considerada secundária, a ênfase recai sobre as relações estabelecidas. O ensino é centrado no aluno e o professor é um facilitador da aprendizagem, do desenvolvimento livre e espontâneo do indivíduo. Nesse modelo, o professor é um auxiliar do aluno e lhe confere autonomia, frente ao seu processo de aprendizagem. O professor deve interferir o mínimo possível, pois não ensina, ou seja, é o aluno que aprende, através da descoberta.
Saiba mais, lendo o texto “Abordagens do processo de ensino e aprendizagem” de Roberto Vantan do Santos, disponível em:
ftp://www.usjt.br/pub/revint/19_40.pdf
Assita agora, ao vídeo “Diálogos - 27/06/2013 - Tendências pedagógicas – PGM”, disponível em:
http://youtu.be/YOcpTQUbAy8
Agora que já assistiu ao vídeo, reflita sobre as tendências liberais e suas manifestações na prática escolar.
Vamos agora, conhecer um pouco mais da tendência ou pedagogia liberal tecnicista. Essa tendência surge no Brasil, na década de 50, inspirado na teoria behaviorista da aprendizagem e na abordagem sistêmica de ensino. Nesta concepção o aluno é considerado como um produto do seu meio social, cabendo à educação o papel de articuladora da ordem social vigente (o sistema capitalista) e vinculada com o sistema produtivo. A escola atua no aperfeiçoamento da ordem social vigente. Para efetivação do modelo educacional defendido pela LDB 5692/71, foi importado um modelo de ensino americano, baseado no desenvolvimentismo e no fordismo, a escola, assumiu o caráter de empresa, valorizando a racionalidade técnica. Como o Brasil, encontrava-s em um momento de desenvolvimento, o modelo adequou-se aos ideais do governo militarista. O modelo educacional respaldava-se na utilização da ciência comportamental, sendo que o interesse imediato da escola passou a ser o de produzir indivíduos “competentes para o mercado de trabalho, transmitindo, eficientemente, informações precisas, objetivas e rápidas” (LIBÂNEO, 1994, p. 61). A prática escolar tinha como função, adequar à proposta escolar a proposta governamental do regime militar, preparando, portanto, mão de obra qualificada para ser absorvida pelo mercado de trabalho, através da utilização de manuais didáticos de cunho tecnicista, de caráter meramente instrumental. Os conteúdos são informações, princípios científicos, leis etc., estabelecidos e ordenados numa sequência lógica e psicológica por especialistas. Constituíam, assim, princípios científicos, advindos do conhecimento científico, organizado em forma de conteúdo escolar e condensado em material instrucional sistematizado em manuais, livros didáticos, módulos de ensino, dispositivos audiovisuais e outros. Os métodos de ensino devem assegurar a transmissão e a recepção de informações, seguindo técnicas de ensino, como estudo dirigido e instrução programada. O ensino é um processo de condicionamento que não valoriza a afetividade e debates, considerando os questionamentos desnecessários. O professor é um elo de ligação entre a verdade científica e o aluno, cabendo-lhe o papel de garantir a eficácia da transmissão do conhecimento. Assim, é considerado um técnico que transmite o conhecimento. O aluno é o indivíduo que só recebe e não participa da elaboração do programa educacional. A escola é modeladora do comportamento e um processo de aquisição de habilidades, atitudes e conhecimentos específicos. Valoriza-se a tecnologia educacional.
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