Um Olhar Sobre As Linguagens No Processo De Alfabetização

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UM OLHAR SOBRE AS LINGUAGENS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Elisa Moreira da Silva (UNIGRANRIO)

[e-mail]                Eline das Flores Victer (UNIGRANRIO) [e-mail]

Jurema Rosa Lopes (UNIGRANRIO)

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RESUMO

O tema alfabetização continua sendo preocupação de pesquisadores e professores. Objetivamos refletir sobre as diferentes linguagens relacionadas ao processo de alfa- betização nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Trazemos em nossa reflexão a ma- temática, como uma linguagem presente no processo de alfabetização. Pensamos que o termo alfabetização relacionado apenas ao enfoque da língua materna impede que a maioria dos professores reconheçam a matemática como uma linguagem. Geralmente, a matemática é conhecida como ciência hipotético-dedutiva e não uma linguagem com seus códigos e símbolos, representações e significados. Para o desenvolvimento da nos- sa reflexão buscamos apoio nós estudos de Ferreiro (1987), Soares (2001), Danyluk (2015), Kami (1986), entre outros autores que abordam a alfabetização em diferentes aspectos. Os resultados mostram que ao considerarmos a alfabetização matemática, habilidades de interpretar, analisar, significar, conceber e projetar precisam ser con- sideradas e desenvolvidas. Concluímos ser fundamental ampliar a discussão sobre al- fabetização e estabelecermos, nos anos iniciais, as relações entre os diferentes tipos de linguagens.

Palavras-chave:

Alfabetização. Linguagens. Alfabetização Matemática.

1. Introdução

Ao iniciarmos nossa pesquisa e buscarmos nos trabalhos acadê- micos sobre o processo ensino-aprendizagem de conceitos matemáticos, nos anos iniciais, nos deparamos com o conceito da Alfabetização Ma- temática, ainda sendo uma discussão pouco explorada pelos educadores e refletindo desta forma em uma literatura em processo de construção e fortalecimento.

Acreditamos que os profissionais da educação já são familiariza- dos com o termo alfabetização, contudo atrelado à matemática, para al- guns ainda é um tema pouco conhecido, entendendo tão somente a ma- temática como ciência hipotética- dedutiva e não uma linguagem, com seus códigos e símbolos, representações e significados.

Talvez um dos motivos seja que muitos profissionais da área defi- nem o termo alfabetização somente no enfoque da língua materna, não atribuindo à matemática o juízo de linguagem, estando à margem de tal discussão, deduzindo de forma equivocada, que nos anos iniciais a prio- ridade do aluno seja a apropriação do código linguístico, ou de modo mais direto, a apropriação de ler e escrever, contudo acreditamos que esta habilidade não está tão somente encarcerada na língua materna.

Assim, buscamos refletir sobre as diferentes linguagens relacio- nadas ao processo de alfabetização nos anos iniciais do Ensino Funda- mental, estabelecendo analogias entre a alfabetização da língua materna e a matemática, e modo à favorecer os docentes do ciclo de alfabetização uma visão dos processos envolvidos, principalmente aos atos de “ler” e “escrever” matematicamente.

A presente reflexão está organizada da seguinte forma: a) Alfabe- tização Matemática, com a intenção de apresentar analogias entre a alfa- betização da língua materna e Alfabetização Matemática; b) O letramen- to e numeramento como dimensões da Alfabetização Matemática.

1. Alfabetização Matemática: reflexões

Partindo do pressuposto da matemática como uma linguagem, Danyluk (2015, p. 24) estabelece que “dentre os vários tipos de lingua- gens presentes no horizonte da existência humana, encontra-se a lingua- gem matemática expressa pelo discurso matemático”. Entendendo o ler e escrever matemático com seus processos de construção tanto quanto o da língua materna. Desta forma, se faz necessário buscarmos nas produções acadêmicas sobre a alfabetização da língua materna, algumas concepções que nos norteiem sobre essa aquisição e construção do saber ler e escre- ver, estabelecendo as relações sobre os temas que serão tratados na área matemática.

Ao apoiar no conceito de Soares sobre alfabetização, verificamos

que:

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Alfabetização, além de representar fonemas (sons) em grafemas (le- tras), no caso da escrita e representar os grafemas (letras) em fonemas (sons), precisam, para além da simples codificação/decodificação de sím- bolos e caracteres, passar por um processo de compreensão/expressão de significados do código escrito. (SOARES, 2001, p. 40)

Ao estabelecermos a correlação com o campo matemático, neste

caso com a apropriação da alfabetização matemática, definida por Dan-

yluk (2015, p. 19) “como os atos de aprender a ler e a escrever a lingua- gem matemática usada nos primeiros anos da escolarização”, podendo traçar um paralelo ao processo na língua materna, poderíamos assim, in- ferir que os algarismos e símbolos matemáticos seriam os “grafemas”, enquanto o que eles representam (quantidades, significados, operações) seriam os “fonemas”, necessitando como Soares acima aponta, para a codificação/decodificação passando pelo processo, matematicamente, do que se “lê” e do que se “escreve”.

É necessário ressaltar que nesta reflexão, nosso enfoque está em alunos do ciclo de alfabetização, compreendido entre do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental, pois o termo Alfabetização Matemática abrange também outros públicos, como as modalidades de Ensino para Jovens e Adultos, pois considera-se “que uma pessoa está alfabetizada matemati- camente quando consegue realizar o ato de ler e escrever a linguagem matemática encontrando significado” (DANYLUK, 2015, p. 15).

Continuando a traçar a relação entre os processos de alfabetiza- ção, sendo ela na língua materna ou na matemática, e tendo em vista que a alfabetização perpassa pelos atos de ler e escrever, entendemos que possivelmente essa construção se inicie pela leitura, sendo esta exigente de processos cognitivos menos elaborados, ainda que complexos, do que a escrita, assim poderíamos dizer como o começo do processo de Alfabe- tização Matemática, sem estar dissociado dos atos de escrever.