50 Anos Da Psicologia
Artigo: 50 Anos Da Psicologia. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: l_reegina • 15/3/2014 • 1.509 Palavras (7 Páginas) • 584 Visualizações
50 Anos de Psicologia
Brasil: A Construção
Social de uma Profissão
Os Historiadores da Psicologia brasileira, particularmente Massimi(1986,1990,1999) e Antunes (1999,2004), defendem a tese de que havia no Brasil um saber psicológico antes da chegada da Psicologia científica como elaborada em solo europeu. Podemos exagerar essa tese afirmando que havia um saber psicológico mesmo antes da chegada do colonizador. Três histórias de personalidades desse período nascidas em solo brasileiro são bem ilustrativas do percurso daqueles que conseguiam escapar do analfabetismo que atingia 70% da população, - José da Silva Lisboa, Hipólito José da Costa, José Bonifácio de Andrada e Silva; Trata-se de um conservador e de dois liberais que tiveram, ao seu modo, importância na transição para a constituição de um governo brasileiro, o Primeiro Império, e que eram esclarecidos o suficiente para considerar as condições de um Brasil independente.
As condições materiais, econômicas, políticas e culturais que encontramos no Brasil na época de sua independência, e são elas que irão orientar a construção do Estado-nação brasileira. Parte da precariedade, foi superada pela transferência da corte portuguesa para o Brasil em 1808. Sem a alternativa de Coimbra ou de outras universidades europeias, foi necessário abrir condições imediatas para a elite portuguesa instalada no Brasil continuar usufruindo de suas benesses. Foi assim que nasceu o curso de Medicina e o de Engenharia e, logo depois, já no período imperial brasileiro, os cursos de Direito. Mais adiante, a escola de Belas-Artes complementa o circuito da possibilidade de formação universitária em solo brasileiro. Nesse período nascem as profissões universitárias brasileiras, de forma inconsistente, precária, etilizada e que ainda dependiam da formação de seus melhores quadros no exterior.A menção aos fatos históricos que determinam o aparecimento e o desenvolvimento das profissões universitárias no Brasil não representa intenção diletante ou viés historicista, mas demarca que a origem dessas profissões tem forte apelo elitista e desenvolve-se em um ambiente em que essa elite é precária e dependente de sua matriz, principalmente de Portugal, mas prioritariamente, da Europa culta e desenvolvida.
No final do século XVIII e no decorrer do século XIX testemunharam, em solo europeu, um grande avanço do modo burguês de organização do Estado, propiciou real avanço das ciências e organizou as profissões científicas e universitárias. É curioso pensar que o Brasil, situado na periferia do mundo nessa época, com reais dificuldades de acesso, estivesse em contato com os avanços da ciência moderna.
Com a criação dos cursos superiores de Medicina, Engenharia e Direito, esse comportamento ousado se ampliou, e novos personagens aparecem no cenário das recém-inauguradas ciências brasileiras, evidentemente, fruto da nascente organização do Estado brasileiro e da consolidação do Império e do governo de D. Pedro II.
• O surgimento das profissões no Brasil
As profissões de formação universitária passam a ser chamadas, aqui no Brasil, de profissão e logo depois de profissões liberais, e as que não exigem formação universitária e são adquiridas na prática do ofício passam a ser designadas de ocupação. Edimundo Campos Coelho faz uma boa discussão sobre isso, apoiado em argumentos do sociólogo Wanderley Guilherme dos Santos. Para o autor, nada separa o termo profissão de ocupação, entretanto, no Brasil, destinou-se o termo ocupação para as atividades consideradas subalternas, e profissão para aquelas atividades que exigiam curso superior e que passavam por regulamentação do Estado.
Em 1838, com o Império bem instalado, ainda não havia um mercado liberal, para médicos, engenheiros, e advogados. Os escravos eram 38% da população, portanto, não havia cidadãos em condições de pagar consultas, que mantivesse um mercado consistente para esses profissionais. Os demais com baixa renda, ou sem renda nenhuma, caso dos escravos, simplesmente não eram atendidos. Somente a partir de 1870, com as melhorias urbanas instaladas na cidade do Rio de Janeiro e nas capitais de províncias, é que essa história se transforma, essas profissões conquistam seu mercado e seus integrantes passam a ter rendimentos de destaque, consolidando o status que mantém até os dias de hoje.
Essa é nossa matriz profissional, tanto do ponto de vista econômico, a partir da venda de serviços de forma liberal – que significa diretamente ao público interessado – ou na forma assalariada – como ocorreu principalmente com os engenheiros e também com os advogados e com os médicos. O fato é que nos referimos a matriz que produziu o valor agregado à posição social das chamadas profissões imperiais – médico, engenheiro e advogado. O desenvolvimento social das demais profissões universitárias seguiu essa mesma matriz, mas encontrou um mundo mais profissionalizado, mais organizado do ponto de vista das atividades desenvolvidas pelos profissionais das diferentes ocupações socialmente definidas, e aqui se encontra, entre outras, a Psicologia.
• Psicologia com profissão
A formação sistemática de quadros das faculdades de Filosofia, Ciências e Letras do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo e Recife (entre os principais centros de formação) e o desenvolvimento de pesquisas e de divulgação das correntes e das teorias desenvolvidas nos principais centros produtores de conhecimento na primeira metade do século XX foram decisivos para a construção e a divulgação do saber e da prática psicológica.No Caso da Psicologia, a busca de regulamentação é também a busca de reconhecimento da profissão através do estatuto legal, uma estratégia que partia de cima para baixo, mais que acabou logrando um bom resultado.
A regulamentação da profissão de psicólogo no Brasil, em 1962, ao definir não só as condições de formação mas também as áreas de domínio prático que viriam a ser consideradas privativas do profissional, marca
...