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A Agressividade como força pulsional

Por:   •  10/12/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.624 Palavras (7 Páginas)  •  437 Visualizações

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A agressividade como força pulsional.

INTRODUÇÃO

Em seus escritos, Freud nos apresenta a raiva se expressando por meio da agressividade, em grande parte de sua obra, a agressão é entendida como resultado de um processo defensivo. Apesar de ela sempre ter sido uma questão e dificuldade que ele só elaborará com detalhes e clareza em seu “Mal-estar na civilização”, em que ele percebe a agressividade inata do homem o principal fator de ameaça à vida em sociedade, desde os primeiros momentos ele havia reconhecido e valorizado a incidência das tendências hostis como algo inerente à especificidade do tratamento analítico. Ou seja, todas essas expressões de raiva na agressividade devem ser aproveitadas para fins de análise. (Lima, 2007)

Ao que tudo indica, a experiência clínica da agressividade teve, não apenas, um papel decisivo em toda elaboração teórico-conceitual que inaugura o campo psicanalítico, mas, sobretudo, funcionou como um verdadeiro fiel do conceito de pulsão, ao exercer um balizamento importante na construção das duas teorias pulsionais (Lima, 2007). Em um primeiro momento, na primeira tópica da formação do aparelho psíquico na sua “Interpretação dos Sonhos”, Freud percebe a participação particularmente importante dos impulsos agressivos na etiologia de certas afecções como, por exemplo, da neurose obsessiva e da paranóia.

Em sua primeira tópica a noção de agressividade se aproxima da teoria evolucionista, ao percorrer caminhos da via do egoísmo e do ciúme, principalmente na apresentação das teorias da sexualidade e com o complexo de Édipo, nas crianças saboreando momentos de prazer e desprazer e reagindo de determinadas formas à esses “estímulos” em seus primeiros anos de vida, seguindo pela puberdade e amadurecimento. No primeiro momento Freud aproxima sua teoria em relação à agressividade da noção de instinto animal e nela não segue, pois para ele a ideia da agressividade humana é uma herança. Inscrita em uma ordem social, herdada de uma lei que o humano se submete e faz com que articule proibição, hostilidade e ética (FERRARIL, 2006).

Ao final do segundo ensaio em seus “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” Freud apresenta a agressividade por uma origem independente ao descrever o caráter de crueldade infantil. Assim, Freud concede o impulso agressivo ao caráter de crueldade infantil que, nesse primeiro momento, ele relaciona com a pulsão de dominação. Uma pulsão que se dirige, desde muito cedo, ‘cegamente’ para o exterior – indiferente ao sofrimento alheio -, dominando a fase da organização pré-genital vida sexual infantil. (LIMA, 2007)

Em sua primeira tópica Freud vai buscar relacionar a agressividade à infância e inclusive à esse caráter não-sexual das pulsões de dominação. Mais adiante ele relacionará às pulsões de morte e à uma noção de destruição. Calhando na relação social e ética da agressividade por fim.

O COMPLEXO DE ÉDIPO COMO PERCURSSOR DE SENTIMENTOS HOSTIS

Foi somente no verão de 1897 que Freud se viu forçado a abandonar a teoria da sedução. Anunciou esse acontecimento em sua carta a Fliess de 21 de setembro (Carta 69), e sua descoberta quase simultânea do complexo de Édipo, feita em sua autoanálise (Cartas 70 e 71, de 3 e 15 de outubro), levou inevitavelmente ao reconhecimento de que as moções sexuais atuavam normalmente nas crianças de mais tenra idade, sem nenhuma necessidade de estimulação externa. Com essa descoberta, a teoria sexual de Freud estava realmente completa.

O complexo de édipo surge após a fase autoerótica da criança, isto é, a partir do investimento no outro. É o fenômeno central do período sexual na primeira infância. É importante lembrar ainda que o Édipo está sempre fadado ao fracasso (o que não implica em uma dissolução total, mas em uma espécie de ruína, naufrágio, caracterizado com algo que deixa marcas permanentes).

Uma vez imposta a barreira do recalque, segue-se o período de latência do indivíduo. O que, entretanto, ocasiona sua destruição?

Através das análises, Freud conclui que o motivo do Édipo sucumbir, é a experiência de desapontamentos penosos. A menina gosta de considerar-se como aquilo que seu pai ama acima de tudo o mais, porém chega a ocasião em que tem de sofrer parte dele uma dura punição e é atirada para fora de seu paraíso ingênuo. O menino encara a mãe como sua propriedade, mas um dia descobre que ela transferiu seu amor e sua solicitude para um recém-chegado. A reflexão deve aprofundar nosso senso da importância dessas influências, porque ela enfatizará o fato de serem inevitáveis experiências aflitivas desse tipo, que agem em oposição ao conteúdo do complexo. Mesmo não ocorrendo nenhum acontecimento especial tal como os que mencionamos como exemplos, a ausência da satisfação esperada, a negação continuada do bebê desejado, devem, ao final, levar o pequeno amante a voltar as costas ao seu anseio sem esperança. Assim, o complexo de Édipo se encaminharia para a destruição por sua falta de sucesso, pelos efeitos de sua impossibilidade interna. (FREUD, S. 1924)

O aparecimento e a dissolução do complexo de Édipo se dão de formas bem diferentes no menino e na menina. Sendo assim, repercute em diferentes tipos de sentimentos para com os pais. No menino, o Édipo sucumbe com o complexo de castração, enquanto na menina, o mesmo se inicia a partir deste.

A organização fálica e a castração têm importância fundamental para a destruição do complexo de Édipo. O menino se vê ameaçado, uma vez que, primeiramente acreditava que todo mundo era possuidor de um pênis e depois percebe que não. Como consequência, passa a acreditar que esse pênis poderá ser tirado dele, castrado, a partir da entrada na fase fálica.

Os sentimentos hostis em relação aos pais, igualmente a configuração do Édipo, se dá de formas distintas no menino e na menina. Tomando o pai, em ambos os casos, como o principal proibidor da relação da criança com a mãe, o menino passa a sentir profundo desprezo pelo pai, e em consequência passa a pretender tomar seu lugar. Além disso, a partir do momento que começam os questionamentos acerca do pênis, o menino nota que sua mãe não possui o falo, enquanto o pai sim. Toma este, então como o responsável pela castração, passando a temê-lo.

Já a menina, não tolera a renúncia do pênis sem uma compensação.

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