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A Analise de Sonhos

Por:   •  30/8/2021  •  Pesquisas Acadêmicas  •  76.093 Palavras (305 Páginas)  •  124 Visualizações

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C. G. Jung        Análise de Sonhos (1928- 1930)        

Introdução

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Análise de Sonhos

Notas Sobre o Seminário Ministrado de 1928 a 1930 por C. G. Jung[1]


Introdução

Os seminários de Jung, nos quais ele expôs suas idéias psicológicas e seus métodos analíticos, assim como sua visão sobre a sociedade, o indivíduo, a religião, a história e muito mais, têm-se dado a conhecer a poucos, mesmo entre os seguidores de Jung. As classes de ouvintes eram limitadas, e os transcritos multigrafados, preparados por membros devotos dos seminários, não eram publicados mas circulavam particularmente para uma lista restrita de assinantes. Os volumes de Notas de Seminário (como são apropriadamente chamados) em bibliotecas junguianas especiais têm costumeiramente passado por retenção a qualquer leitor que não tenha a aprovação de um analista[2]. As publicações junguianas contêm referências ocasionais às Notas, mas raras citações. Embora a política de restrição tenha o consentimento de Jung, ele eventualmente concordou com a inclusão das Notas de Seminário entre seus trabalhos publicados.

O primeiro seminário registrado na Bibliografia Geral dos Escritos de Jung[3] foi feito em 1923, mas há evidências de que Jung já usava o método de seminários em 1912. Naquele ano ele aceitou como analisanda uma mulher americana, Fanny Bowditch, que foi referida a ele por James Jackson Putnam, M. D., professor de neurologia em Harvard e primeiro presidente da American Psychoanalytic Association (1911). Jung encontrou Putnam quando, com Freud e Ferenczi, veio aos Estados Unidos em 1909 para conferenciar na Universidade de Clark. Putnam convidou os três visitantes para acamparem no Adirondacks[4] que pertenceu às famílias[5] Putnam e Bowditch, e lá Jung deve ter conhecido Fanny Bowditch (1874 - 1967).

Durante 1911, Fanny Bowditch adoeceu com uma desordem nervosa de algum tipo, e o Dr. Putnam, atuando tanto como amigo da família quanto como médico, aconselhou-a a procurar Jung, a quem ele ainda reconhecia como um colega psicanalista. Chegando em Zurique no início de 1912, Fanny Bowditch começou a psicanálise com Jung, presumivelmente em sua casa em Küsnacht. Em maio, ela começou a fazer anotações em um livro de notas[6], relatando sobre conferências semanais por Jung às quais ela assistia na Universidade. O conteúdo deste curso, que carregava o título "Einführung in die Psychoanalyse" no programa da Universidade, incluía os princípios gerais de psicologia, psicanálise (com citações dos escritos de Freud), o experimento da associação, casos sobre a prática analítica de Jung, e material mitológico e religioso. As notas, em inglês, prosseguem pelo verão de 1912 e terminam no verão de 1913, em alemão (que Fanny aprendeu de sua mãe nascida na Alemanha). O título "Seminário" aparece no livro de notas para as conferências de 1913. Durante o verão de 1913, Fanny também fez notas sobre conferências de história da religião pelo Professor Jakob Hausheer - aparentemente um curso ministrado em conjunção com o de Jung. Não é surpreendente que Fanny Bowditch, uma mulher bem-educada, estava apta a registrar-se em um curso de verão na Universidade; pode parecer não-convencional que seu professor fosse também, seu analista, mas Jung já tinha se distanciado da ortodoxia freudiana. Naquele estágio de sua carreira, ele usava o formato de seminário, admitindo uma estudante que estava em análise (e não era uma candidata a M.D.), e co-optando um professor de religião.

Em abril de 1914, Jung demitiu-se de seu cargo de privatdozent na Universidade, depois de nove anos conferenciando[7]; ele não teve outra nomeação para o ensino formal até 1933. Em outubro de 1916, contudo, Fanny (agora casada com Johann Rudolf Katz, um psiquiatra holandês de orientação junguiana[8]) dedicou um livro de notas para, ainda, outro seminário conduzido por Jung. Durante os anos da guerra, enquanto Jung era um oficial médico no exército suíço, encarregado de um campo para oficiais britânicos internados em Canton Vaud, ele evidentemente continuava seu ensino particular quando estava de licença em Zurique.

Depois que a guerra terminou, Jung viajou novamente - para Londres, para conferenciar em sociedades profissionais em 1919, e novamente ao final de 1920; para Algéria e Tunísia na primavera de 1920; e, durante o verão de 1920, para a Inglaterra, na extremidade exterior da Cornualha, para seu primeiro seminário no estrangeiro. Não há registro, mas este seminário, em Sennen Cove, próximo de Land's End, foi mantido na memória por vários dos doze que assistiram. Foi arranjado por Constance Long, e seus membros incluíam M. Esther Harding e H. Godwin Baynes - três dentre eles eram médicos britânicos e recém-aderidos à psicologia analítica. O assunto de Jung era um livro chamado Authentic Dreams of Peter Blobbs and of Certain of His Relatives. O primeiro seminário registrado aconteceu também na Cornualha, em Polzeath, durante julho de 1923. Baynes e Harding o organizaram; vinte e nove assistiram, incluindo Emma Jung e Toni Wolff[9]. Notas por extenso, tomadas pela Dra. Harding e pela médica americana Kristine Mann, levavam o título "Human Relationships in Relation to the Process of Individuation"[10]. Dois anos depois os junguianos britânicos organizaram, ainda, outro seminário, em Swanage, Dorset, e havia umas cem pessoas lá - "muito mais do que Jung gostaria", nos diz Barbara Hannah, e com certeza muitos para um seminário. Novamente, as notas por extenso da Dra. Harding sobreviveram, sob o título "Dreams and Symbolism", em doze conferências, de 25 de julho a 7 de agosto, depois das quais Jung visitou a Exposição do Império Britânico em Wembley e resolveu empreender sua bem-conhecida viagem ao Leste Britânico da África[11].

No início de 1925, contudo, de 23 de março a seis de julho, Jung deu o primeiro da série de seminários em inglês em Zurique que prosseguiriam por quatro anos. Intitulado, simplesmente, "Analytical Psychology", o seminário, em dezesseis conferências, foi registrado por Cary F. de Angulo, que logo em seguida casou-se com H. G. Baynes. Jung revisou o transcrito, que foi emitido em um documento tipado em multígrafo, de 227 páginas. O conteúdo era dedicado a um exame do desenvolvimento da psicologia analítica, começando com ano de 1896, quando Jung era um estudante universitário, e detendo-se em certa extensão sobre seu relacionamento com Freud. Várias passagens foram incorporadas por Aniela Jaffé em Memórias, Sonhos e Reflexões[12]. O Seminário de 1925 contém algumas das mais cortantes observações de Jung sobre sua psicologia.

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