A Entrevista De Ajuda
Dissertações: A Entrevista De Ajuda. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Monielem • 16/10/2014 • 4.396 Palavras (18 Páginas) • 1.102 Visualizações
BENJAMIN, Alfred. A entrevista de ajuda. 11ª. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004, 207 p.
MONIÉLEM DE BRITO MAGALHÃES¹
Ricardo Semler nasceu em São Paulo em 1959. Desde 1980 é presidente da Semco S/A, empresa com sete subsidiárias que opera no setor de serviços, maquinário e computação. Seus métodos e convicções pouco usuais na administração da Semco foram divulgados em todo o mundo com este primeiro livro, Virando a própria mesa. Tornou-se consultor requisitado por empresas como GM, Discovery Channel e NASA, além de ter proferido mais de 500 palestras em diversos países. Eleito Líder de Negócios do Ano em 1992 e 1990 (ano em que também foi escolhido Homem de Negócios da América Latina pela revista América Economia, do Wall Streer Journal). Semler estudou na Harvard Business School e foi vice-presidente da FIESP, Federação da Indústria de São Paulo. Escreveu outros livros como: Embrulhando o Peixe; Escola Sem Sala de Aula e Seven-days Weekend.
1. Condições
Muitos elementos ajudam a configurar a entrevista de ajuda. É preciso começar por algum lugar, e as condições favoráveis que gostaríamos de criar para a entrevista são um ponto de partida conveniente – condições destinas a facilitar e a não atrapalhar o diálogo sério e intencional no qual nos engajaremos logo que o entrevistado chegue. Logo ele estará aqui. O que podemos fazer para tornar esta entrevista tão útil para ele quanto possível? Estou certo de que tanto as condições externas, como as internas, que criamos para o entrevistado, antes de sua chegada e enquanto está conosco, são de grande importância.
É difícil especificar as condições externas, pois o modo como você organiza e decora sua sala é uma questão de gosto e, às vezes, de necessidade – a de arranjar-se com o que possa conseguir. Estou supondo que você tenha uma sala. Nunca fui capaz de dizer a alguém como deveria ser o aspecto dessa sala. A única coisa que posso afirmar é que não deve parecer ameaçadora, ser barulhenta ou provocar distrações.
A atmosfera profissional de uma sala não precisa ser camuflada. Nosso objetivo é proporcionar uma atmosfera que se mostre mais propícia à comunicação. Quanto às roupas que o entrevistador usará, tudo o que posso sugerir é que devem ser apropriadas. Também aqui cada um decidirá o que isso significa pra ele.
As condições externas que podem e devem ser evitadas incluem interferências e interrupções. A entrevista de ajuda é exigente para ambas as partes. Do entrevistador exige, entre outras coisas, que se concentre o mais completamente possível no que está acontecendo ali, criando desse modo a relação e aumentando a confiança. As interrupções externas só servem para prejudicar.
Não acho que seja mais fácil ser específico a respeito das condições internas mais favoráveis à entrevista de ajuda. Mas a questão é: o que trazemos conosco, dentro de nós, a nosso respeito, que possa ajudar, bloquear ou não afetar o entrevistado, de um modo ou de outro?
1. Trazer para a entrevista precisamente tanto de nós mesmos quanto sejamos capazes, detendo-nos logicamente ao ponto em que isso possa contribuir obstáculo ao entrevistado ou negar a ajuda de que ele necessita.
2. Sentir dentro de nós mesmos que desejamos ajudá-lo tanto quanto possível, e que nada naquele momento é mais importante.
A confiança do entrevistado no entrevistador e a convicção de que aquele o respeita representam, evidentemente, apenas uma parte da finalidade da entrevista de ajuda, porém, sem isso, muito pouco de realmente positivo será alcançado.
Nossa expressão facial revela muito. Movimentos e gestos completam o quadro, apoiando, negando, confirmando, rejeitando ou embaraçando. O tom de nossa voz é ouvido pelo entrevistado, e o faz decidir se existe confirmação de nossas palavras, ou se essas não passam de uma máscara que o tom de voz revela.
Seja ou não um lugar-comum, acredito que quanto mais nos conhecemos, melhor podemos entender, avaliar e controlar nosso comportamento e melhor compreender e apreciar o comportamento dos outros. Estando bem com o nosso self, menor será a tendência deste a interferir em nossa compreensão do self do outro durante a entrevista.
Segue-se logicamente outra condição interna: honestidade com nós mesmos para sermos honestos com ele. Se não ouvimos ou entendemos alguma coisa, se, absortos, não o escutamos, se tomamos consciência de não estávamos inteiramente com ele, é muito melhor dizê-lo do que agir como se tivéssemos prestado atenção, afirmando que ele não foi claro ou pretendendo que o que perdemos provavelmente não tinha importância.
A honestidade recíproca desta natureza pode incluir, às vezes, dizer ao entrevistado que não temos a solução para sua dificuldade. Em vez de inibi-lo, tal franqueza pode encorajá-lo a enfrentar sua situação mais vigorosamente. Se pudermos criar uma atmosfera em que o confronto seja alcançado, nossa entrevista de ajuda poderá mais ajudar do que se pode prever.
2. Estágios
A entrevista de ajuda é mais uma arte e uma habilidade do que uma ciência, e cada artista precisa descobrir seu próprio estilo e os instrumentos para trabalhar melhor. O estilo amadurece com a experiência, estímulo e reflexão.
Gosto de distinguir dois tipos de primeira entrevista: a iniciada pelo entrevistado, e a iniciada pelo entrevistador. Vamos começar pela primeira.
Alguém pede para vê-lo. O mais sensato a fazer, ao que parece, é deixá-lo dizer o que o trouxe até você. Às vezes sentimos que deveríamos saber o que o trouxe e deixar que ele tome conhecimento de que sabemos. Isso pode ser correto, ou não. Se for, nada ganhamos além, talvez, de nosso sentimento de perspicácia. Se não for, o entrevistado poderá ser colocado em situação embaraçosa. No entanto, se alguém pediu para nos ver, e veio, é melhor deixá-lo expor em suas próprias palavras exatamente o que o trouxe, o que há de especial para contar.
Às vezes, é cabível ou necessária uma introdução por parte do entrevistador, algo que ajude o entrevistado a iniciar. Mas, devemos tentar isso somente quando sentimos que será útil. Frases curtas podem quebrar o gelo.
A entrevista se inicia com uma nota diferente quando foi o entrevistador que a provocou. Percebo aí uma regra e um perigo. A regra é simples: situar no inicio, com clareza, aquilo que levou você a pedir ao entrevistado que viesse vê-lo. E o grande perigo que existe é a possibilidade de elas se transformarem em monólogos ou
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