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Entrevista de Triagem: espaço de acolhimento, escuta e ajuda terapêutica

Por:   •  12/4/2017  •  Resenha  •  2.422 Palavras (10 Páginas)  •  4.049 Visualizações

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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA

Instituto de Ciências Humanas

Curso de Psicologia

Campus São José do Rio Pardo

Disciplina: Psicodiagnóstico

Resumo: (Con)textos de Entrevista - Entrevista de Triagem: espaço de acolhimento, escuta e ajuda terapêutica

Mônica Medeiros K. Macedo & Leanira Kesseli Carrasco

        

Devido a complexidade da vida atual cotidiana, a procura por atendimento psicológico aumentou, dessa forma as instituições privadas e públicas têm recebido uma alta demanda de pessoas que querem se livrar de suas queixas, seus problemas, e essas mesmas pessoas não fazem ideia do tipo de tratamento que necessitam.

Em um primeiro momento elas buscam apenas um espaço em que possam ser acolhidas, aceitas e respeitadas. Precisam de atenção, auxilio e compreensão para que possam achar uma saída, uma forma de resolver seus problemas atuais. Desta forma a entrevista de triagem pode representar para a pessoa um lugar de continência de que ela precisa.

A interação que será estabelecida entre paciente e psicólogo fará com que os sentimentos e sensações possam ser compartilhados de forma propicia. O campo de entrevista é estruturado através dessa relação entre paciente e psicólogo, determinado um processo dinâmico e criativo. O profissional deverá assumir uma postura de “sem memória e sem desejo” quanto ao desconhecido, ligando-se a confiança que será desenvolvida através do contato sentimental com o paciente. Dessa forma, a ideia do porque o paciente procurou atendimento ficará mais clara. O paciente, por sua vez, ao escutar como o terapeuta o escutou, encontrará a oportunidade de poder ouvir a si mesmo. Portanto, a entrevista de triagem é um importante processo de acolhida e escuta para o paciente que procura atendimento.

A tarefa de procurar um significado para as perturbações trazidas pelo paciente e de ajuda-lo a descobrir recursos que o aliviem possui um valioso cunho terapêutico.

AS CARACTERÍSTICAS: A entrevista de triagem envolve um processo de avaliação que não se refere necessariamente a uma única entrevista. Em alguns casos a avaliação inicial pode demandar um tempo maior incluindo também um número maior de entrevistas. As entrevistas de triagem são entrevistas clínicas semiestruturadas. Nas entrevistas semiestruturadas o entrevistador tem clareza de seus objetivos e o tipo de informação de que necessita para atingi-los, do tipo de intervenção que facilita a coleta de dados e também aos temas que são relevantes à avaliação. Esse tipo de entrevista aumenta a confiabilidade dos dados obtidos, fazendo com que tenha um planejamento de ações de saúde e de orientação terapêutica. O entrevistador deve manter um estilo de entrevista flexível passando da busca estruturada de fatos a uma atitude não estruturada de escuta de associações do pensamento do entrevistado.

OS PAPEIS: A entrevista de triagem compreende uma interação face a face, em um tempo delimitado, com objetivos específicos e com papeis diferenciados. O entrevistador deve conduzir a entrevista de triagem, dirigindo sempre aos seus objetivos primordiais de diagnóstico e indicação terapêutica. Cabe ainda a este garantir um ambiente de sigilo, confortável, livres de interrupções, fazendo com que o entrevistador sinta-se confortável para falar de seus problemas. O profissional irá avaliar os aspectos relacionais e internos do paciente com o intuito de conhece-lo o mais profundamente possível. O entrevistador busca de forma ativa as informações necessárias para compreender o estado atual de seu paciente. O entrevistador não deve perder de vista a função de observar as comunicações não verbais e as diversas outras formas de apresentação do paciente, como postura, forma de vestir, maneira de falar, etc. Se necessário o entrevistador pode utiliza-se de intervenções como: perguntas, comentários, confrontações, esclarecimentos, explicações, assinalamentos e interpretações de ensaio, a fim de reunir os dados necessários, não só para  o seu entendimento da situação da pessoa, mas também para auxilia-la a obter consciência maior de seu problema a uma maior motivação para aderir ao tratamento recomendado. O paciente por sua vez é quem vem em busca de algum tipo de ajuda. Ele deve ser convidado a uma participação ativa e cooperativa, informando, comunicando a respeito de suas dificuldades, seus sentimentos e conflitos. É importante que ele traga a sua percepção do seu problema, assim com a expectativa que tem do atendimento e sua fantasias da forma que deseja ser ajudado. A transferência é a repetição dos sentimentos relacionados a figuras do passado que serão repetidos como o entrevistador na situação atual. A transferência é uma dimensão vital da avaliação, na medida em que afeta diretamente a cooperação entre o paciente e o terapeuta. A relação entre profissional e paciente é sempre uma mistura de transferência de relação real. O entrevistador desenvolverá reações de contratransferência em relação ao paciente. Poderá ainda ter sensações originadas de figuras importantes de seu próprio passado. Por isso é fundamental que o entrevistador monitore suas reações de forma a não atua-las, mas utiliza-las como uma fonte de informação a respeito do paciente. Assim também estará mais capacitado a tolerar as intensas ansiedades despertadas por temas relacionados a experiências dolorosas aos fatos que envergonharam o paciente, podendo de forma segura falar abertamente sobre eles.

OS OBJETIVOS: A entrevista clínica pode ser estruturada de diferentes formas, de acordo com a abordagem, os objetivos do profissional e seus referenciais teóricos. As entrevistas de triagem com enfoque psicodinâmico, objetivam elaborar uma história clínica, definir hipóteses de diagnóstico descritivo, psicodinâmico, de prognóstico e de indicação terapêutica.

HISTÓRIA CLÍNICA: A história do paciente compreende a sua história de vida pessoal e a história de sua doença atual. A história de vida do paciente oferece os dados necessários para que o entrevistador possa chegar às hipóteses de diagnóstico descritivo e psicodinâmico. O entrevistador coloca a sua disposição de escutar para o paciente acompanhando a ordem em que os acontecimentos são relatados, e assim obterá pistas para as conexões inconscientes do entrevistado. O entrevistador fará anotação de tudo que foi verbalizado e não verbalizado, incluindo os sentimentos que permearam o encontro. A história atual contempla o esclarecimento dos sintomas do entrevistado e as circunstancias em que surgiram evidenciando a presença de estressores que desencadearam ou agravaram o quadro. É importante averiguar como essa situação influência toda a vida do paciente. A história pregressa irá contemplar esses dados na medida em que oportuniza uma visão do desenvolvimento evolutivo da pessoa. Nesta fase de coleta de dados, é importante observar se o paciente têm relações com histórias de seu passado fazendo conexão com histórias atuais, desta forma o entrevistador pode escolher uma forma de anamnese que ajude o paciente a se orientar de forma flexível, respeitando as possibilidades do paciente e os limites dos objetivos das entrevistas de triagem.

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