A FUNÇÃO COGNITIVA SUPERIOR: ATENÇÃO

FUNÇÃO COGNITIVA SUPERIOR: ATENÇÃO

RESUMO: Atenção é um termo com diversos significados e que pode ser utilizado em âmbitos distintos. Para a psicologia, a atenção é uma qualidade da percepção que funciona como uma espécie de filtro dos estímulos ambientais, avaliando quais são os mais relevantes e dotando-os de prioridade para um processamento mais profundo. Além disso, a atenção é uma função psicológica superior de estrema relevância para o desempenho de diversas atividades na vida do sujeito. Assim, o presente estudo buscou através de conhecimentos científicos apresentar informações amplas e pertinentes acerca desta função, tal como seu conceito, tipos, importância, métodos teóricos e testes psicológicos comumente utilizados para aferir tal capacidade. Tal estudo, favoreceu o entendimento acerca da atenção e seus desdobramentos no campo psicológico.

PALAVRAS-CHAVE: Função Cognitiva, Atenção, Processo Mental. Testes.

1 INTRODUÇÃO

Tendo em vista a compreensão das principais funções cognitivas superiores na neuropsicologia clínica, optou-se por desenvolver o estudo sobre a função cognitiva superior da atenção no contexto avaliação neuropsicológica. Como a habilidade da atenção pode influenciar no diagnóstico do perfil cognitivo do paciente, principalmente ao se considerar seu funcionamento neurológico.

Na relação de funcionamento cérebro e comportamento humano quando bem identificada a interferência neuropsicológica proporciona ao indivíduo especificar o tipo de intervenção e reabilitação compatível para uma melhor eficácia no tratamento, favorecendo em sua autonomia e adaptação às dificuldades diárias. E isso já justifica o estudo de tal habilidade cognitiva.

Em termo de definição da atenção há várias teorias sobre o tema e é utilizado de modo indistinto de acordo com cada autor. Segundo Lezak “atenção tem sido concebida como um fenômeno complexo que compartilha limites com habilidades perceptivas (visuais, táteis, etc.), memória, afeto, e níveis de consciência (2004, p. 87)”.

Tal habilidade influencia em outros campos das funções executivas como aprendizagem e comportamentos visíveis, por exemplo, distração, agitação. Ao se investigar a função cognitiva atenção exige-se do avaliador competência teórica e técnica, levar em conta fatores como estímulos externo ou interno do avaliando que podem interferir no diagnóstico, como cansaço, humor, local, ansiedade ou substâncias psicoativas.

A avaliação da atenção exige do examinador algumas cautelas. A atenção tem papel primordial em nosso cotidiano; nossas atividades mentais ocorrem no contexto de ambientes repletos de estímulos, relevantes ou não, que se sucedem de modo ininterrupto. Os estímulos que nos cercam (sejam olfatórios, visuais, auditivos, etc.) devem ser selecionados de acordo com os objetivos pretendidos, conscientes ou não (apud MATTOS, 2000, p.87).

No decorrer do trabalho teóricos vão tentar explicar os modelos de atenção e os principais testes que avaliam tal função cognitiva. Qual a relevância da atenção numa avalição neuropsicológica, pois ela exige conseguir inibir o que distrai em detrimento de algo realmente importante. E o quanto outras funções cognitivas são dependentes dessa habilidade.

Conceito de Atenção

A atenção é uma habilidade treinável primordial para o desempenho de diversas atividades do dia a dia, desde as mais rotineiras até as mais complexas e, apesar de todos aparentemente saberem o que é atenção, sua definição é difícil de sintetizar. Nos manuais dos testes psicológicos essa falta de clareza fica mais evidente. Autores brasileiros vêm debatendo no que diz respeito à amplitude da atenção. Mesmo sendo a atenção um dos construtos mais estudados e debatidos no mundo, ainda há, dentre os próprios acadêmicos, profissionais e teóricos, uma inconclusividade acerca da abrangência do construto e suas “divisões”. Todavia, Kandel (2009, p.339) afirma que “a atenção é como um filtro”, a partir do qual alguns itens ganham maior destaque, em detrimento de outros:

A todo momento, os animais são inundados por um vasto número de estímulos sensoriais e, apesar disso, eles prestam atenção a apenas um estímulo ou a um número muito reduzido dele, ignorando ou suprimindo os demais. A capacidade do cérebro de processar a informação sensorial é mais limitada do que a capacidade de seus receptores para mensurar o ambiente. A atenção, portanto, funciona como um filtro, selecionando alguns objetos para processamento adicional. [...] Em nossa experiência momentânea nos concentramos em informações sensoriais específicas e excluímos (mais ou menos) as demais (KANDEL, 2009, p.339).

Além disso, a atenção é um processo cognitivo superior que está diretamente ligado na preparação e regulação das ações sensório-motoras e todas as outras funções cognitivas.

Existem diversos estudo sobre a atenção, no qual as diferenças entre as perspectivas focam na função seletiva de informações, e outros estudos ressaltam sobre a capacidade da atenção ser simultânea em diferentes tarefas. Uma característica importante da atenção é a seleção de atividades que proporcionam prazer para o cérebro, um exemplo muito comum é a falta de atenção em crianças nas atividades escolares, e em um outro momento uma atenção mais concentrada em atividades que lhe são prazerosas.

Existem também cinco principais divisões no que diz respeito à amplitude da atenção de acordo com os principais testes psicológicos comercializados: concentrada, sustentada, difusa, dividida e discriminativa. Mas, muitos pesquisadores trabalham com as atenções concentrada e sustentada como um único construto, já que para muitos teóricos, a linha que distingue esses conceitos é extremamente tênue. Mesmo para aqueles autores que fazem essa divisão é complexo elaborar com clareza a definição de cada uma.

A atenção concentrada pode ser definida como a capacidade de selecionar uma fonte de informação (estímulo do meio ambiente ou do mundo interior) dentre todas as que estão disponíveis em um determinado momento e conseguir dirigir sua atenção (manter o foco) para este estímulo ou tarefa a ser realizada no decorrer do tempo. (BOCCALANDRO , 2003, p. 15)

De acordo com Sisto [et. al] a atenção sustentada é definida como a “capacidade que o indivíduo tem para focar a atenção em um determinado estímulo, competindo com outros, e manter sua atenção por um determinado período de