A HISTORIA DA PSICOLOGIA ANALÍTICA
Por: rebekalima • 7/12/2017 • Trabalho acadêmico • 5.903 Palavras (24 Páginas) • 560 Visualizações
UMA BREVE HISTORIA DA PSICOLOGIA ANALÍTICA
Nascido em 1875, na Suíça Carl Gustav Jung foi um dos maiores estudiosos da vida interior do homem e, para isso, em muitas de suas pesquisas ele tomou a si mesmo como matéria prima. Suas experiências e suas emoções estão descritas no livro "Memórias, Sonhos e Reflexões. (educacao.uol.com. br/biografias/carl-gustav-jung.htm).
Jung cresceu dentro de um contexto religioso herdado por seus pais; Filho de um pastor protestante, ainda pequeno, mudou-se para a cidade da Basileia onde estava um dos maiores centros de cultura da Europa. Lá ele realizou seus primeiros estudos e formou-se em medicina, iniciando a seguir sua vida profissional no hospital psiquiátrico Burgholzi, em Zurique.
A psiquiatria vivia um momento de intenso investimento no inicio do século XIX. Isso se deve a vários estudos relacionando ás doenças mentais com problemas orgânicos, como a descoberta da sífilis em casos demenciais.
Em 1900, Jung tornou-se assistente da equipe de Bleuler tornando-se depois médico chefe na clínica quando organizou um laboratório de psicologia experimental no qual realizou diversas experiências, principalmente sobre associações utilizando-se do teste de Wundt. Buscando associar as palavras com os estados afetivos dos pacientes. Com isso ele conseguia notáveis resultados. Assim, através de suas pesquisas comprovou a existência do inconsciente.
Particularmente, sua influencia religiosa despertara nele grande interesse pelos aspectos divinos da existência humana, o que fez grande diferença em seus postulados científicos Para ele, a contradição entre ciência e religião era a base de suas insatisfações, razão pela qual, Jung decidiu enveredar-se pelos estudos em psiquiatria. Essa, para ele, era a forma de compreender o biológico e o espiritual cientificamente.
Assim ele procurou prestar um atendimento diferenciado e mais humano aos pacientes, investigando não só os sintomas de seus distúrbios, mas também as questões existenciais dos mesmos. Jung dava a cada paciente uma atenção específica tornando cada sessão um encontro único. Para ele era importante evitar rotulações e padronizações, já que, segundo seu entendimento, cada pessoa é única e as causas sintomáticas que as acometem são diferentes, sendo, portanto necessário o tratamento de acordo com as peculiaridades de cada um e não um tratamento padronizado, que busca a direção e a finalidade, enquanto que Freud buscava as causas.
Quando em Paris Jung conheceu Sigmund Freud e sua obra. A partir de então passaram a compartilhar trabalhos e cartas, casos clínicos, conhecimentos, teorias etc. O livro publicado por Sigmund Freud em 1900, intitulado “A interpretação dos Sonhos” despertou em Jung particular interesse, pois viu nas ideias propostas por Freud uma relação com as suas.
Esse relacionamento com Freud perdurou por sete anos até que começou a haver divergência entre eles dificultando, assim, esse relacionamento. Freud não aceitava o interesse de Jung pelo espiritual como campo de estudo em si e Jung discordava das teorias do trauma sexual propostas por Freud. Pois para Freud a libido é apenas sexual e para Jung é toda energia psíquica. Segundo Schopenhauer, a ideia Junguiana de libido aproxima-se bastante da concepção de vontade.
Segundo Nise da Silveira, o conceito de inconsciente também difere de Freud para Jung. Para Freud o inconsciente é estático e um depósito de rejeitos do consciente, que se forma partir do mesmo. Para Jung, o ser humano nasce inconsciente e traz com ele muitos conteúdos herdados dos ancestrais. Assim, o inconsciente existe ‘’antes’’, é pré-existente ao consciente. O inconsciente não é estático e rígido e formado pelos conteúdos reprimidos pelo o ego. Ao contrário, é dinâmico, produz conteúdos, reagrupa os já existentes e trabalha numa relação compensatória e complementar com o consciente. No inconsciente encontram-se, em movimento, conteúdos pessoais, adquiridos durante a vida e mais as produções do próprio inconsciente.
Foi a partir desta separação, que Jung pode dar continuidade aos seus estudos, agora muito mais voltados para os estudos da relação indivíduo e imaginação, desviando-se das abordagens teóricas sexuais de Freud. Jung desenvolveu mais tarde a psicologia ANALITICA que investiga sonhos, desenhos, e outros materiais como vias de expressão do inconsciente. Jung, diferentemente de Freud, assumiu a existência do que ele denomina inconsciente coletivo, que é considerado sua grande descoberta, que segundo Jung é a camada mais profunda da psique e constitui-se dos materiais que foram herdados da humanidade, e nessa camada todos os humanos são iguais, diferente do individual, seria composto por uma tendência à sensibilização de elementos como imagens e símbolos, a partir de um apelo universal. Esses símbolos de importância coletiva seriam os conhecidos arquétipos junguianos. Porém o processo de individualização é o eixo da psicologia Junguiana, que é o processo de desenvolvimento pessoal que envolve o estabelecimento de uma conexão entre o ego, centro da consciência, e o Self, centro da psique total, que inclui tanto a consciência como o inconsciente. Através dele (processo de individualização) que a pessoa vai se conhecendo. A grande busca de Jung era conhecer a si mesmo e o significado da vida.
Jung buscou em outras áreas do conhecimento subsídios para desenvolver seus conceitos como o seu conceito da libido através da Energia Psíquica que segue o mesmo conceito de energia do campo da física, porém Jung procurava manter uma correlação e não uma transposição, evitando uma generalização de conceitos. Seguiu desenvolvendo e aprimorando seus conceitos que resultaram na Psicologia ANALITICA e serviram de pedra fundamental para outros ramos da psicologia científica como a Psicologia Humanista, a Psicologia Arquetípica e a Psicologia Transpessoal e fizeram dele um nome de vital importância na história da psicologia e da psiquiatria.
A psicologia analítica permite que o psicólogo deixe o paciente livre, fazendo intervenções em momentos apropriados conduzindo ou orientando o discurso, de modo a manter o indivíduo em seu relato, sem que ele perca o foco. A postura do analista nesse caso já é diferente, pois ele se coloca como outra personalidade a interagir com o paciente, como outra pessoa passando pelos mesmos processos que ele, apenas mais analisado e treinado para que possa ajudá-lo. Jung entendia que a personalidade do analista está envolvida e também consistia num dos fatores que determinavam aquela relação e aquele processo e que ambos estavam numa jornada, aprendendo, se descobrindo e se influenciando mutuamente, em busca de seus inconscientes.
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