A História da Psicologia
Por: Fabíola Pinton • 6/12/2021 • Resenha • 4.050 Palavras (17 Páginas) • 211 Visualizações
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Aluna: Fabíola da Cunha Ferreira Pinton
Disciplina: Introdução à Psicologia
Professor: Carlos Linhares Veloso Filho
Avaliação 1 – Pesquisa Teórica
1) No começo de qualquer trabalho histórico, impõe-se uma questão inicial: seriam as transformações do objeto estudado produto da evolução gradual e contínua de uma experiência original, ou seriam o resultado de múltiplas combinações casuais e inesperadas? É quase um consenso entre os historiadores da psicologia o estabelecimento do século XIX como marco institucional do surgimento dessa disciplina. Uma boa parte dos textos sobre história da psicologia aponta para uma origem remota, como se a psicologia pudesse encontrar nessa sua fundação no século XIX ecos de uma experiência e de uma curiosidade bem anteriores. Uma outra forma de pensamento histórico aponta para o surgimento da psicologia a partir da irrupção de condições bem peculiares que teriam surgido de forma singular a partir do século XVI, e que confluiriam para a necessidade do conhecimento de si, da busca de uma natureza na individualidade e na interioridade humanas. Muito mais do que uma tomada de consciência, teria se produzido uma nova experiência da relação consigo e com os demais, em que um conhecimento disciplinado e naturalizado teria se imposto como uma necessidade. Com base no conhecimento adquirido na disciplina e no texto indicado na bibliografia faça uma resenha discorrendo sobre: 1) A constituição de um plano de subjetividade; e 2) a constituição de individualidades, como fundamental para o surgimento da psicologia como ciência independente no final do séc. XIX (mínimo 1 lauda, máximo 3 laudas).
A subjetividade é entendida como um campo de experiências interiores marcado por uma auto-reflexão. Foucault defendia a idéia da existência de uma verdade interiorizada no indivíduo.
Buscava-se examinar, desvendar e dissecar a interioridade do sujeito, à partir da noção de verdade, fomentando assim o campo da subjetividade, do qual surgiu a psicologia. Esse domínio da subjetividade foi crucial para a emergência da psicologia.
Uma das variantes de Foucault foi chamada de cuidados de si, que estabeleciam relações de cuidado consigo desde a antiguidade pagã.
A ética ou cuidado de si, está relacionada com a maneira pela qual o indivíduo deve constituir a si mesmo enquanto sujeito moral das próprias ações, ou seja, como ele deve se comportar para agir de acordo com a moral.
Na Antiguidade greco-romana essa busca pelo verdadeiro eu não existia, o que impera nesse período é uma vida calçada no auto governo e na justa medida. Entre os gregos até existia uma interioridade, mas que não era individualizada, reflexiva e ancorada em um eu.
Com a modernidade surgiram outras formas de relação consigo: a religiosa (que já existia), a sexualidade e a separação entre público e privado. Surge também a questão filosófica da relação Estado e as liberdades individuais.
A partir do séc. XVII o exame da interioridade tem como meta não mais distinguir a presença do bem e do mal, e sim o acesso à verdade e a fuga das ilusões. René Descartes estabelece nessa época um dos primeiros pilares de um novo porto seguro do pensamento: uma intuição imediata do próprio eu pensante, o Espírito e o Sujeito, enquanto sede da verdade.
A essa solução racionalista sobre a questão do conhecimento se opõe a alternativa empirista de Jonh Locke (1624-1704), George Berkeley (1685-1753) e David Hume (1711-1776), para eles o conhecimento viria se não de nossas paixões e sentidos. Razão ou sensibilidade nos séc. XVII e XVIII foram o grande debate.
Kant (1781) trouxe uma nova ótica da nossa subjetividade, trazendo uma nova base do conhecimento: Sujeito Transcendental (razão) e do diverso sensível (experiência). Esses novos parâmetros exigem que para a psicologia ser reconhecida enquanto ciência, ela deve ter todo o rigor de uma experiência cientificamente medida e matematizada.
Surge no final do séc. XIX, na Alemanha, a psicologia como ciência independente tendo Wilhelm Wundt como precursor. Daí surge uma questão emblemática para o psicólogo: pois como fazer ciência precisa do que, em nossa experiência é impreciso?
Como diria Pierre Gréco (1972), esta é a desgraça do psicólogo com relação a seu método: “nunca está seguro de fazer ciência. E quando faz nunca está seguro de que faça psicologia”.
Deixamos aqui a história da subjetividade ou da interioridade reflexiva e inicia-se o processo da individualização como valor social que se impõe acima da coletividade e da comunidade.
Conforme Norbert Elias (1994), até o séc. XIII a palavra indivíduo não existia. Dada a inexistência do indivíduo como valor, vou utilizar como norte, o fim da Antiguidade, onde a história da constituição da individualidade começa a existir.
Os acontecimentos que poderiam fundamentar uma experiência de individualização no campo social e político, começam a desabrochar no fim da Idade Média. Com a criação dos Estados Modernos a matriz cristã existente se laicizaria, ou seja, todos são irmãos perante a lei divina e também perante o Estado. O Estado se baseia de um Poder Pastoral enquanto matriz.
Passa a existir a primeira experiência de individualização no séc. XVI: indivíduo enquanto sujeito autônomo, singular, igual aos demais e dotado de uma interioridade. Surge o que Foucault (1976) chama de indivíduo soberano regulado pela lei. Aqui o Estado não tem como meta o Bem-estar e qualidade de vida dos cidadãos, o indivíduo seria meramente fonte, mas jamais alvo de um poder. Esse indivíduo neste momento, também não é objeto de qualquer saber.
Devido a vários fatos sociais, econômicos e tecnológicos da época, que não se baseavam mais na Lei, surgiu a necessidade do esquadrinhamento e vigilância constante dos indivíduos ao longo do tempo e do espaço.
Sendo assim, se impõe uma duplicidade no que se entende por indivíduo: indivíduo soberano e o indivíduo disciplinado. Este novo individuo desponta não mais como um sujeito, mas um objeto determinado, singular, diferenciado e dotado de uma interioridade, que seria alvo do cuidado dos Estados.
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