A Invenção da Psicanálise
Por: Larissa Teodoro • 2/11/2021 • Resenha • 1.900 Palavras (8 Páginas) • 211 Visualizações
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A invenção da Psicanálise
Documentário pelo GNT
Aluna: Larissa Stefanni Teodoro da Silva
O documentário em questão trouxe entrevistas com psicanalistas contando um pouco sobre a história de Sigmund Freud e todo processo de evolução da sua teoria, que teve como objetivo inicial explicar e tratar doenças psicológicas. Longe de querer apresentar Freud como um ídolo intocável, mas sim de documentar sua trajetória de vida, erros e acertos, sua visão e personalidade, o filme apresenta um vasto panorama onde conseguimos compreender como algumas questões são fundamentais para entendermos essa linha de pensamento. Enfatizarei os pontos que considero principais desta trajetória, pois é fato que sua vida além de interessantíssima foi repleta de conteúdos.
Seu caminho pela psicanálise deu início quando Freud que era neurologista e psiquiatra foi em uma aula de Charcot onde ele demonstrava através da hipnose que a histeria era uma neurose funcional. Fascinado pelo “teatro”, Freud decide criar uma teoria no qual ligava a histeria e a sexualidade e através de Breuer com sua paciente Ana O., ele desenvolveu a cura pela fala, onde a paciente hipnotizada fazia a terapia falada tendo assim uma melhora considerável. Observou também que falar era importante, mas quem falava, do que se falava e para quem falava, eram questões que importava para que a cura pela fala funcionasse. Desenvolveu aí o método de transferência entre paciente-terapeuta.
Nesse período, através dos relatos de pacientes histéricas, Freud percebe que traumas, abusos incestuosos na infância, conflitos não resolvidos, eram algo em comum presente nas falas das pacientes e que poderiam gerar marcas psíquicas e sintomas físicos. - Lembrando que esses relatos eram com a paciente em estado hipnótico. -Através desse “padrão” nos relatos e frequência, ele cria a teoria da sedução e a sua primeira do aparelho psíquico. Quando ele elabora então a teoria da sedução, pensa que existe um trauma real para toda neurose, e que esse trauma teria conotação de trauma sexual na infância, uma sedução real.
Entretanto, com o tempo, ele percebe que algumas das memórias que pareciam reais, muitas vezes não eram e que poderiam ser fruto de um desejo ou fantasia sobre algo que não condiz com a realidade da paciente, algo que foi recalcado no inconsciente. O inconsciente carregaria reminiscências e fantasias na qual o individuo inventa seduções que não aconteceram e sofre com ilusões criadas por si mesmo. O desejo inconsciente, essa ‘fantasia’ de que aquilo realmente tivesse ocorrido faz Freud perceber como a teoria da sedução estava equivocada. Esse ‘engano’ de acreditar que todas as memórias ditas quando estavam sobre estado de hipnoses eram reais muitos profissionais cometeram porque acreditavam fielmente que aquilo tinha de fato acontecido, mas ao contrário dos outros, Freud percebe que aquele desejo gerado inconscientemente era algo, que ele era tão importante quanto seriam se fossem reais, pois se tratava de uma realidade psíquica, sentida e trazida como real a partir da memória da paciente. Nesse momento, cria-se a teoria da fantasia e Freud concentra-se no sujeito, dando inicio a revolução Freudiana e o nascimento da psicanálise de Freud.
Freud então descobriu que nem todos pacientes podem ser hipnotizados, seja por resistência interna ou por não desejarem, viu que em algumas vezes memórias podem não ser reais e sim desejo do inconsciente, então vendo que as veze a hipnose pode ser falha, desenvolveu outro método; - em seu consultório colocou um divã, fazia seus pacientes se deitarem de uma maneira que não conseguisse se olharem pra poder gerar conforto para o paciente contar livremente, o que queria e ele a partir da escuta procurar entender as origens do seu sofrimento psíquico. - Um dos pacientes mais célebres de Freud, que aparece no filme é Sergei, conhecido como ‘o homem dos lobos’, que após passar em inúmeros profissionais o procura e Freud então diz uma frase bastante ilustrativa para o que ele fazia na época: “Procuraram os motivos do seu mal em um penico. Agora, vamos procura-los em você”. A psicanálise reinventa a forma de tratar pacientes neuróticos, abandonando métodos de cura por banhos, eletrochoques entre outros dando ênfase em um tratamento através da fala.
Em 1905, com a publicação sobre a teoria sexual o pai da psicanálise gera um escândalo para sociedade puritana da época. Ele atribuiu às crianças e adultos fantasias sexuais e comportamentos considerados patológicos como masturbação, sodomia, fetichismo e desejo de incesto, é elaborado então, o mais controverso complexo, o complexo de Édipo, e toda criança em seu desenvolvimento passaria por essa fase entre os 3 e 5 anos de idade para superá-la mais tarde. A crença introduzida por Freud de que o homem poderia ser guiado por forças incontroláveis, fora da sua consciência não foi bem aceita e gerou muita resistência juntamente com a atribuição de sexualidade na fase infantil.
Freud resolveu criar um grupo que reunia grandes nomes da psicologia, educação, medicina, escritores e intelectuais, para discutir sobre teorias, psicoterapias. Eles se reuniam em sua casa nas quartas feiras e era algo que social que gerava muitas discussões, entretanto, com o tempo, foi aumentando os membros e era de costume todos levar casos clínicos para discutirem sobre.
Foram criadas novas teorias importantes para a psicanálise, teorias como: - teoria do aparelho psíquico e sua divisão de Id, Ego e Superego, as pulsões de vida e morte, o princípio do prazer e principio da realidade, que seria basicamente a procura constante do prazer evitando o desprazer e sofrimento. Em uma criança, existe apenas o principio do prazer, já um adulto além de tê-lo existe também o principio secundário que seria o principio da realidade. Neste principio existe a possibilidade de antecipar a ação através do pensamento, então o prazer pode ser negado baseado na moral social e isso pode criar certos conflitos internos.
Um dos pontos chamativos para a história de Freud é quando ele conhece Jung. Nessa altura, Freud já era conhecido, já tinha feito o livro “interpretação dos sonhos” no qual gerou muita clientela e admiradores para a sua teoria, já tinha sido bastante polêmico falando sobre o complexo de Édipo, já tinha dado sua opinião sobre homossexualismo e já tinha feito autoanálise, pois considerava difícil alguém analisar a pessoa que inventou a análise, ou seja, Freud já tinha sua cota de admiradores e seguidores inteligentíssimos, mas o que aconteceu entre ele e Jung marcou sua trajetória e a trajetória do psiquiatra que fundaria a psicologia analítica mais tarde.
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