A Motivações para Adoção
Por: Mayara Rodrigues • 21/5/2018 • Resenha • 860 Palavras (4 Páginas) • 119 Visualizações
INTRODUÇÃO
O termo parentalidade começou a ser utilizado na literatura psicanalítica francesa por volta dos anos 60 marcando a construção da relação dos pais com os filhos. É no campo da psicologia e da psicanálise que se encontra diversas pesquisas alusivas aos processos psíquicos e transformações subjetivas produzidas nos pais a partir do desejo de ter um filho.
É possível observar que nas sociedades tradicionais os casamentos aconteciam em função do patrimônio familiar, entretanto, a partir do século XVIII devido à importância do romantismo, o amor entre pais e filhos e entre casais começou a ser priorizado. Dessa forma, não havia mais arranjos externos e as alianças conjugais passaram a ser feitas através do afeto e das escolhas individuais. À vista disso, a escolha de ter ou não filhos passa a depender mais da história individual e de uma lógica do desejo.
Na atualidade, o projeto de ter filho passou a ser parte essencial na vida da maioria das pessoas, encontrar um par amoroso e constituir uma família também são planos de muitos homens e mulheres, independente das motivações. Entretanto, a impossibilidade nesse processo, apontado como de grande valia no desenvolvimento pessoal e social, pode gerar diversas dificuldades de ordem emocional.
Esse desejo de ter filhos de acordo com Violante (2007) é herdado por meninos e meninas e este é transmitido pelo desejo materno, onde eles tornam-se também pai ou mãe, significando então, “que a realização de um desejo de ter filhos por parte da menina e do menino encontra sua origem num voto enunciado pelo discurso materno” (p. 160). Portanto, o desejo de ter filho do pai, está intimamente relacionado à esfera materna.
Segundo Ribeiro (2004), existe uma associação entre o desejo de ter filhos à sexualidade e seus desdobramentos ao longo do desenvolvimento humano. Essa vontade procede da relação primária com a mãe, sendo que em ambos os sexos, origina-se na primeira infância. Entretanto, apesar de meninos e meninas brincarem com seus bebês imaginários, esse desejo percorre destinos psíquicos diferentes para homens e mulheres.
O desejo de ter um filho reatualiza as fantasias da infância dos pais e a forma de cuidado parental que puderam ter. Sendo assim, a pré-história da criança se inicia a partir da história individual de cada um desses pais, não podendo estão restringir a parentalidade à gestação e ao nascimento de um filho, pois as identificações que ocorrem na infância influenciam e determinam a maneira como cada pessoa poderá exercitar a parentalidade. (Zorning, 2010)
Percebemos então que o processo de filiação começa antes do nascimento do bebê, sendo uma transmissão consciente e inconsciente da história infantil dos pais, de seus conflitos inconscientes e da relação com seus próprios pais. Violante (2007) acrescenta que o desejo de ter filhos “não é para quem quiser, mas para quem puder ter” (p. 155). E isso acontece, porque esse desejo depende da constituição psíquica de cada membro do casal parental.
No que se refere a filiação, o filho para o menino seria a efetivação da castração e acredita-se que a paternidade surge nesse momento. O homem só é pai a partir do momento em que se reconhece como filho, além disso, Moreira e Borges (2010) citam que o pai é o pai morto pelo filho, e este “se eterniza no filho, na medida em que, através da identificação, surge o supereu herdeiro do Complexo de Édipo” (p.79).
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