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A Observação Cotidiano

Por:   •  5/10/2024  •  Monografia  •  481 Palavras (2 Páginas)  •  38 Visualizações

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Em um feriado, dia ensolarado, perfeito para fazer uma visita calma, tranquila, aqueles dias que não é possível fazer tudo que gostaria de fazer porque um só dia é muito pouco. Mas o suficiente para ver pessoas queridas, conversar, distanciar da correria da rotina maçante.

Nesse proveito fui visitar meus pais, gostamos de nos reunir sempre que possível, as vezes um almoço, um jantar animado, um churrasco, ou apenas a tranquilidade de um bom café da tarde.

Minha irmã, que é quatro anos mais velha, também compareceu, é minha parceira, somos só nós duas as filhas, os netos são meu filho (que é único) e três filhos dela (dois meninos e uma menina). Os netos já adultos, jovens, adolescentes. Crianças já não temos mais!

Nesse dia estamos juntos para nosso café da tarde, com a mesa farta de comidas gostosas, bebidas quentes e geladas, para variado gosto de todos os presentes.

A conversa é fluida, cada um fala a seu tempo, ou tudo junto mesmo, o que as vezes torna tudo um caos, não entendendo o que é o assunto no momento.

Entre os barulhos de garfos, facas, copos, abertura de garrafas e embalagens e assim as vozes até ficam alteradas, não de emoções ruins, pelo contrário cheias de entusiasmo para manter a conversação, sem perder o enredo da história.

Então faço uma observação, se minha irmã fala de alguma dor, minha mãe imediatamente interrompe levando a consideração que ela há com um dor maior, e nos explica detalhadamente todo o processo, local, período, tudo que for possível para nos convencer o quanto a dor dela é importante e maior que qualquer dor que um de nós viéssemos a relatar.

Lembro que em outras ocasiões isso acontece também, acabamos sendo sempre interrompidos com os relatos de problemas de saúde dela, quando não são dela, são do meu pai, mas relatados minunciosamente por ela.

Continuamos a tagarelar, então falo de meus problemas, mas em seguida, ela, minha mãe, conta problemas que sucederam naqueles dias, as vezes não são nem dela, as vezes são problemas dos outros, estes podem ser parentes, amigos, vizinhos, até casos ocorridos no noticiário da televisão, mas ela precisa verbalizar, sempre detalhista, para nos informar que estes problemas são muito maiores, mais complexos que os nossos, ou seja, meus ou da minha irmã.

Percebo que existe uma necessidade muito grande de se comunicar, de falar, acredito que por isso seja tão detalhista acrescentando tantas peculiaridades na história ou assunto que seria tão simples.

Ela passa muitos dias sozinha, são nesses encontros, nesses momentos, reunida com os seus, que ela se sente ouvida, atendida sente a troca, a socialização.

Talvez minimizando nossa dor ou nosso problema, seja uma forma dela nos motivar, dizer que há coisas piores, e que somos fortes para superar as nossas dificuldades.

A forma que ela encontrou de se socializar, comunicar, e ao mesmo tempo, do jeito dela, mostrar seu amor, que estamos bem melhor que outros.

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