A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA

INSTITUTO DE PSICOLOGIA

IPSC23 - PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

Salvador, 2018

Apresentação

Este trabalho consiste na execução de uma das etapas do exercício proposto por Vânia Carvalho, no livro Desenvolvimento Humano e Psicologia. A etapa executada foi a dos Períodos pré-operacional e operacional (concreto e formal), referente aos estágios do desenvolvimento cognitivo, segundo Piaget, com o objetivo de derivar conclusões em termos de congruência com a teoria e implicações práticas para o desenvolvimento humano em áreas como saúde e educação.

 

Introdução

 

Piaget tem como centro de seus estudos científicos a elaboração de uma teoria do desenvolvimento psicológico como uma sequência de estágios que vão desde a imaturidade inicial do recém-nascido até o final da adolescência, supondo que o desenvolvimento termina na fase adulta, segundo Palácios (2004). Dessa forma, como explica o autor, o estudo científico de investigação experimental de Piaget refere-se ao desenvolvimento intelectual e a formação das funções e conteúdo da inteligência com o objetivo de procurar descrever e explicar como é produzida a passagem do ser biológico que é o bebê recém-nascido para o conhecimento abstrato e altamente organizado que encontramos no adulto.

Nesse sentido, segundo Carvalho (1996), ao observar o comportamento de crianças, Piaget explicou o processo de desenvolvimento como uma contínua formação de novas estruturas. São estruturas com particularidades específicas de acordo com sua faixa etária. Palácios (2004), salienta que esses esquemas mantém uma certa relação entre si, sendo que cada um deles é um estágio evolutivo, os quais se dividem em quatro: Estágio sensório-motor, Estágio pré-operatório, Estágio das operações concretas e Estágio das operações formais.

Segundo Palácios (2004), o estágio sensório-motor (0 a 2 anos), refere-se ao conhecimento do mundo baseado no sentidos e nas habilidades motoras, o estágio pré-operatório (2 a 7 anos) usa os símbolos, da linguagem e da imaginação para representar aspectos do mundo, o estágio operatório concreto por sua vez, é o início das operações lógicas e da experimentação concreta e por fim, o último estágio do desenvolvimento que é o operatório formal  (a partir da adolescência) que é quando o pensamento lógico alcança sua expressão máxima.

Os estágios, os quais nos interessam nesse momento, são os pré-operacional e operacional concreto, sendo assim, segundo Carvalho (1996), Piaget:

Observando o comportamento das crianças, explicou o processo de desenvolvimento como uma contínua formação de novas estruturas, funcionais e superiores, onde de um momento pré-lógico, a criança passaria para uma lógica concreta, ou seja, uma lógica capaz de operar sobre objetos, para só então passar a uma lógica sobre proposições e hipóteses, chamada por ele de lógica formal. (CARVALHO, 1996, p. 42-43)

         É a partir daqui que se adquire a capacidade de desenvolver hipóteses, organizar-se comprovar-se, verificar-se, possuir raciocínio lógico a fim de solucionar problemas e criar novas possibilidades. Sendo assim para Carvalho (1996), desenvolver é elevar cada vez mais o próprio nível operativo.

Daí a importância entendimento do processo de aprendizagem das crianças apontado pela Teoria de Piaget, foi possível construir um sistema educacional efetivo e deste modo, expandir o potencial pleno desses pequenos seres pensantes.

Método

Participantes

  Duas crianças no período pré-operacional, de 4 e 5 anos, ambas sexo feminino e duas crianças no período operacional concreto, de 12 anos, ambas do sexo feminino.  

Instrumentos

 Foram utilizados para a realização da atividade proposta a maleta de provas de Piaget e massas de modelar. A atividade consistia na realização de algumas atividades que investigavam o desenvolvimento cognitivo das crianças. Para a realização da prática foi dividido duas crianças por dupla. A atividade foi realizada separadamente com cada uma das crianças, em um ambiente silencioso e conhecido pela criança.

Discussão e Resultados

O objetivo da prática visou avaliar em qual estágio do desenvolvimento cognitivo  as crianças se encontravam, através de provas operatórias contidas na caixa piagetiana, além de investigações referentes ao jogo simbólico. Os resultados encontrados corroboram com a teoria proposta por Piaget. Demonstrando que a maior parte das crianças participantes estão nos estádios propostos na teoria, pré- operacional e operacional concreto.

Na atividade de manipulação de massas para as crianças de 4 e 5 anos, por exemplo, foram expostas duas massas de modelar no formato original. Após a confirmação, por parte das crianças, de que a quantidade de massa estava igual, o formato de uma das massinhas foi alterado. Após a alteração do formato, as crianças ao serem questionadas se as duas massas possuíam a mesma quantidade, demonstraram não ter noção de conservação, isto é, não acreditaram que poderia haver diferentes configurações para um mesmo objeto sem alteração da quantidade de massa, corroborando dessa forma com o que é proposto para o período pré-operatório. Por outro lado, as crianças de 12 anos responderam demonstrando possuir noção de conservação, sendo perceptível  a fase operatório concreto,  conseguindo raciocinar de forma coerente, baseadas em situações concretas e lógicas. Neste estágio, segundo Piaget, para ocorrer este tipo de compreensão, são necessárias comparações do que é aprendido com o que já é conhecido ou está sendo fisicamente visualizado. Portanto, nas  atividades envolvendo conservação de  quantidades as crianças foram congruentes a teoria.

 Quando questionadas sobre a quantidade de líquidos nos diferentes copos a criança de 9 anos responde: Sim. porque aqui (copo largo) está com a mesma quantidade daqui (copo pequeno). Você só pegou daqui  (copo pequeno) e colocou aqui (copo largo). A reversibilidade é bem delineada na resposta. Segundo o texto, a reversibilidade é uma das características que surge a partir dos oito anos de idade, significando prosseguir o pensamento em um certo sentido e depois fazê-lo em sentido inverso. As respostas dadas pela criança de quatro e cinco anos também foram compatíveis a teoria de Piaget, respondendo que a quantidade de água não se mantia a mesma ao serem questionadas, para essas crianças o copo mais largo tinha menos água, segundo elas, porque estava com um nível de água menor. Corroborando com a teoria, pois neste estágio a criança é incapaz de delinear as transformações sucessivas de um objeto que passa de um estado a outro. Não tendo ainda a noção de reversibilidade.