A Percepção e Figura/Fundo

Percepção, segundo definição do Dicionário Michaelis, é o ato de perceber, sendo este, por sua vez, definido como apreender algo, por meio dos sentidos. Myers a define como “o processo de organização e interpretação das informações sensoriais, habilitando-nos a reconhecer objetos e eventos significativos.” Myers, 2012, p.175.

“Filosofos empiristas (...) debateram a natureza subjetiva da percepção humana, usando como argumento a afirmação de que nem sempre há – ou que muitas vezes não há – correspondência exata entre a natureza de um objeto e nossa percepção sobre esse objeto” Schultz, 2009, p.56.

“Consequentemente, eles começaram a estudar (...) os mecanismos fisiológicos por meio dos quais recebemos informações a respeito do universo, como forma de investigação dos processos psicológicos da sensação e da percepção. Schultz, 2009, p.57.”

Uma das vertentes da psicologia dedicada ao estudo da percepção é conhecida por Gestalt.

A teoria de Gestalt, simplificadamente, afirma que “(...) ao se combinarem , os elementos sensoriais formariam um novo padrão ou uma nova configuração”. Tal afimação é exemplificada assim: “(...) se juntarmos um grupo de notas musicais, surge uma melodia ou um tom por essa combinação, algo novo que não existia em nenhuma das notas elementares individuais.” Schultz, 2009, p.319.

Segundo tal teoria, “(...) o cérebro é um sistema dinâmico em que todos os elementos ativos interagem em determinado momento. A área visual do cérebro não responde separadamente aos elementos individuais do estímulo visual, conectando-os mediante algum processo mecânico de associação. Ao contrário, os elementos similares, ou bem próximos, tendem a se combinar, e os elementos diferentes ou distantes, a não se combinar.” Schultz, 2009, p.329.

Como ilustra Myers, “ (...) os psicologos da Gestalt forneceram demonstrações convincentes e descreveram princípios pelos quais organizamos nossas sensações e percepções. (...) o cérebro faz mais do que registrar informações à respeito do mundo. (...) Constantemente filtramos informações sensoriais e inferimos percepções de maneiras que fazem sentido para nós. A mente faz diferença.” Myers, 2012, p.200.

Segundo Myers, 2012, p.200, se faz necessário para que haja sentido em nossas percepções é preciso detectar, por exemplo, faces como distinção do fundo em que elas estão repesentadas. Inicialmente identificamos um objeto qualquer (figura), distinto do (fundo). Um exemplo é mencionado por Myers, 2012, p.200, no qual, quando estamos em um festa, ouvimos todas as vozes, porém aquela que prestamos atenção torna-se a figura e as demais fazem parte do fundo. Ou enquanto lê-se este texto as palavras são a figura e o papel branco o fundo.

A figura é parte de um todo podendo apenas ser compreendida em relação ao fundo, não existindo sem este.