A Relação entre a violência e o uso abusivo de álcool e outras drogas
Por: Eduardo Barros • 10/8/2018 • Monografia • 17.308 Palavras (70 Páginas) • 352 Visualizações
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE[pic 1][pic 2]
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
Curso de Psicologia
Eduardo de Barros
A RELAÇÃO ENTRE USO ABUSIVO DE ALCOOL E OUTRAS DROGAS COM A VIOLÊNCIA SOB A ÓTICA DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE ATUANTES EM CAPS AD
São Paulo
2012
A RELAÇÃO ENTRE USO ABUSIVO DE ALCOOL E OUTRAS DROGAS COM A VIOLÊNCIA SOB A ÓTICA DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE ATUANTES EM CAPS AD
Trabalho de Graduação interdisciplinar
apresentado como exigência parcial
para obtenção do titulo de Psicólogo sob
orientação da Prof. Dr. Marcelo M. Neumann
São Paulo
2012
SUMÁRIO
- O uso abusivo de substâncias psicoativas
- Conceitos de violência
- A articulação entre o uso de substâncias psicoativas e a violência
- CAPS ad – Políticas públicas de atenção ao usuário abusivo de álcool e outras drogas
- Qualificação profissional de equipe de saúde atuante em CAPS ad
- Descrição e análise da instituição
- Política de Redução de Danos
- Contextualização sócio histórica
- A relevância das questões sociais no estabelecimento das relações de violência associada a dependência química
- Considerações finais
- Referencias bibliográficas
- Apêndice
1- O uso abusivo de sustâncias psicoativas
A utilização das drogas é presente na sociedade desde épocas primordiais, seja para fins recreativos, ou medicinais, ou voltados para rituais religiosos. Não se sabe precisar ao certo conhecimentos sobre a sua origem, embora na contemporaneidade já se perceber que tal fenômeno assumiu proporções danosas e letais para os indivíduos e para a sociedade como um todo. Dessa maneira, há uma teia de interações entre a produção, o consumo e a distribuição das drogas, formando um meio ilegal de empregabilidade e de economia.
Para a Organização Mundial da Saúde o uso de drogas consiste em:
Um estado psíquico e físico resultante da interação entre um organismo e um produto. Essa interação caracteriza-se por modificações do comportamento e por outras reações que obrigam fortemente o usuário a tomar o produto contínuo ou periodicamente, com o fim de encontrar os efeitos psíquicos e, às vezes, evitar o mal-estar da privação (BERGET, 1991).
O uso indevido de substancias psicoativas tornou-se uma questão epidemiológica em âmbito internacional, pois de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2001), por volta de 10% das pessoas que residem em megalópoles do mundo todo, adotaram o uso abusivo de substâncias psicoativas, independente de aspectos como sexo, faixa etária, nível socioeconômico e escolaridade (SANTOS, 2003).
AZEVEDO (2000) apud WOODAK & STIMSON (1998), percebe que nos anos 90, os cálculos assinalavam uma estimativa de 5 milhões de usuários de drogas injetáveis no mundo, essas informações têm como base mais de 120 países.
Existem fatores psíquicos, educacionais, sociais, sanitários, religiosos, assim como socioeconômicos que são objetos de análise e estudos atualmente, referentes às drogas legalizadas e às ilegais e aos modos de tratamento de saúde aos usuários. O interesse em pesquisas tem sido crescente, devido à complexidade do tema que envolve os dependentes químicos, os narcotraficantes, além de crianças, adolescentes adultos e idosos que perfazem grupos de pessoas inseridas no amplo cenário do uso de polifármacos.
No Brasil, as substâncias psicoativas mais consumidas são tabaco e o álcool, sendo que há diversos fatores que influenciam pessoas ao uso das drogas, voltados à interação do sujeito com seu ambiente social, dentre circunstâncias econômicas e culturais atreladas a esse fenômeno.
O comercio ilegal de substancias psicoativa situa-se entre as três áreas mais lucrativas financeiramente da economia mundial, abaixo do mercado bélico e do petróleo. Assim, o uso abusivo de substâncias químicas abrange diversas esferas da sociedade, não se restringe a uma questão de saúde pública (NASCIMENTO, 2006).
Desta forma, a produção, o consumo e a distribuição de substâncias psicoativas colaboram para a construção de um cenário onde prevalece a violência, a corrupção, a criminalização, a lavagem de dinheiro. Por sua capacidade de influenciar diversos setores sociais é apontada como responsável pela difusão de males psíquicos, cognitivos, biológicos e sociais.
Apesar da articulação entre o consumo de drogas e a violência em suas diversas expressões serem bastante complexa, na atualidade essa relação é difundida pela mídia que associa indiscriminadamente o uso de SPAs ao tráfico de drogas, apontando o usuário como financiador do poder bélico e financeiro dos narcotraficantes. Assim fica fortalecida a percepção errônea porem difundida culturalmente que identifica o usuário como marginal, criminoso com desvios de caráter e ligado a possíveis ações e reações violentas.
Esta pesquisa objetivou identificar as diferentes concepções sobre a relação entre o consumo abusivo de substâncias psicoativas e a violência, sob a perspectiva dos profissionais de saúde atuantes em CAPS ad e a forma como percebem essa relação no atendimento aos usuários.
Foram realizadas 5 entrevistas semiestruturadas com membros da equipe interdisciplinar de uma unidade do CAPS ad, localizado na região metropolitana da cidade de São Paulo.
2- Conceitos de violência
A violência é considerada um problema social que afeta diretamente as relações interpessoais, a qualidade de vida e a integridade física e psicológica das pessoas nas diversas camadas sociais independente de condições socioeconômicas, credo, orientação política ou sexual.
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