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A Saúde Mental

Por:   •  3/12/2019  •  Trabalho acadêmico  •  789 Palavras (4 Páginas)  •  108 Visualizações

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O movimento da Reforma Psiquiátrica Brasileira contou com a participação de diversos atores sociais. Juntos portadores de sofrimento mental, profissionais da área da saúde e sociedade civil lutaram contra um modelo assistencial dominante. O que possibilitou a construção de um novo paradigma na área da saúde mental. As transformações que sucedem a esse movimento permitiram a constituição da Política de Saúde Mental e abriram espaço para a reflexão e construção de um novo modo de pensar o sofrimento mental e o seu tratamento.  

Essas transformações no âmbito da Saúde mental são um desafio constante, como pontua Yasui e Rosa (2008), presente principalmente na rotina dos profissionais de saúde mental, usuários dos serviços e comunidade. É preciso desconstruir o modelo hospitalocêntrico, uma lógica pautada no paradigma ambulatorial: saúde/ doença e construir um modelo psicossocial que pensa o sujeito na sua realidade social. O paradigma psicossocial descentraliza a figura do hospital, da medicina e do medicamento, abrindo espaço para a interdisciplinaridade em que é possível pensar o sujeito considerando aspectos físicos, psíquicos, sociais, econômicos e culturais.

Com a Reforma Psiquiátrica aqueles que antes eram excluídos dos vínculos sociais e não tinham voz em seu próprio tratamento, passam a ter assegurados por lei, o direito de participar da construção das práticas de saúde mental, seus serviços e dispositivos. Surge a necessidade de romper com a exclusão e criar maneiras de construir meios que possibilitem a inclusão e a autonomia.

As transformações necessárias para que essa mudança de paradigma e a construção de novas práxis sejam delineadas, não é algo simples. De acordo com Yasui e Rosa (2008) elas perpassam principalmente por dois pontos que precisam ser pensados pelos profissionais que hoje atuam nessa área: a formação permanente e a construção de uma rede de atenção e cuidado.

Nesse sentido podemos refletir que a formação dos profissionais pode atuar como um impasse na construção desse novo modelo psicossocial. A formação acadêmica é permeada principalmente pelo modelo anterior, ou seja, uma formação fragmentada e isolada. Muitos profissionais não possuem preparação para a atuação no campo da Saúde Mental por não terem uma formação que pense e possibilite a participação e a autonomia dos indivíduos com sofrimento mental. O saber apresentado por essas instituições é pautado no modelo hegemônico de práticas curativas, individuais, assistencialistas e divididas por especialidades. A formação precisa ser um espaço de visão integral da saúde, ou seja, enxergar o indivíduo a partir de uma concepção interdisciplinar e multiprofissional.

Trata-se de romper com o modelo ambulatorial que centralizava o lugar do hospital, do sintoma e do saber psiquiátrico e  a partir das ações das Estratégias de Atenção Psicossocial pensar a construção da saúde mental no campo da saúde coletiva construída por diversos saberes e atores sociais.

Os CAPS são os principais dispositivos da atual política de saúde mental, Yasui e Rosa (2008) pontuam que a lógica ambulatorial permanece nesse sistema, o que os afastam da prática até então pensada e idealizada: a busca pelo novo. Os CAPS em vários momentos replicam a ideia de repressão a loucura e medicalização do que se apresenta fora da “norma”. Não existe, portanto, um espaço que possibilite a autonomia e a criatividade uma vez que é replicada a lógica de sujeição e produção de uma subjetividade que seja socialmente aceita, descaracterizando assim os ideais da Reforma Psiquiátrica.

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