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A Situação Adversa: Uma Perspectiva a Partir da Fenomenologia

Por:   •  31/5/2020  •  Trabalho acadêmico  •  2.276 Palavras (10 Páginas)  •  148 Visualizações

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1. INTRODUÇÃO

Este trabalho se refere ao estudo do artigo ‘’Câncer infantil e resiliência: investigação fenomenológica dos mecanismos de proteção na díade mãe-criança’’, que usa a linha teórica fenomenológica para compreender como a criança e a mãe se comportaram com o decorrer dos dias e o que contribuiu para dar forças na situação.

Foi escolhida essa teoria a partir de uma afinidade que alguns integrantes tem com essa abordagem. A fim de a compreensão ser mais fácil.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Termo utilizado por J. H. Lambert em 1764, a fenomenologia era conhecida como a teoria da aparência, falsa visão de realidade. Logo, em 1804 foi utilizada por Fichte com um sentido diferente, para ele a fenomenologia era a ideia de algo real, verdadeiro, porém mantendo o sentido de aparência. Contudo, foi apenas no início do século passado, com Edmund Husserl em que a fenomenologia foi definida como uma linha de pensamento. As primeiras obras sobre Fenomenologia surgiram na Alemanha, que vinham das ideias de Brentano, que pesquisava a fenomenologia na vivencia de consciência, que excedeu os limites da Psicologia (FORGHIERI, 1997).

Husserl buscava uma melhor compreensão da fenomenologia, então alegou que ela não era como a realidade existindo em si, mas como fenômeno pela qual temos acesso momentaneamente. A palavra fenômeno vem do grego “phainomenon” sua definição é o esclarecimento a respeito de algo mostrado para outro sujeito. Sendo assim, fenômeno é tudo que se desvela a um outro alguém. Esse fenômeno engloba a consciência e o objeto, onde a consciência é um mediador para o objeto, ela é intencional e sempre tem consciência de algo, de algum sentido, de alguma coisa.

Ao tentar complementar a fenomenologia, Bruns (2000,p. 217) alega que ela não dá prioridade ao sujeito e nem ao objeto, mas opta por um ponto na própria estrutura das experiências intencionais. Assim, Husserl afirma que toda consciência é intencional, não existindo mundo sem uma consciência para que ele possa ser percebido. Para que esse fenômeno aconteça é necessário a redução fenomenológica, uma maneira da Fenomenologia chegar a sua essência, ao fenômeno como propriamente dito, onde ela é afirmada em dois princípios: um que ignora tudo que não é averiguado; e o outro com tudo que se usufrui da intuição o original do fenômeno no instante da vivência. Essa redução é uma mudança de ação, da natural para a fenomenológica, onde a natural é sem sensatez, desprezando a consciência que dá o sentido a tudo que se mostra o mundo.

A Fenomenologia é o pensamento da vida cotidiana, onde a existência é manifestada pela nossa consciência, ignorando a existência do mundo em si.

A fenomenologia no campo da Filosofia tem o objetivo de chegar à essência do conhecimento próprio. Ao fazer a mudança, do campo da Filosofia para o da Psicologia, o objetivo muda e passa a ser o de buscar absorver o sentido ou o significado da vivência para a pessoa, muitas vezes em experiências ocorridas no seu dia a dia. A fenomenologia se preocupa em descrever o fenômeno e não em explicá-lo, a preocupação é mais no sentido de mostrar e não no sentido de demonstrar.

Nesse ponto de vista, o pesquisador fenomenológico terá que fazer uma interrogação, para Martins e Bicudo (1989) quando o pesquisador interroga, ele perpassa em direção ao fenômeno, no que se manifesta por si, através da pessoa que tem a experiência. O pesquisador fenomenológico busca a essência do fenômeno em estudo. Para Husserl, esta essência pode ser obtida através de um método que distinga três elementos fundamentais em pesquisa fenomenológica: redução fenomenológica, intersubjetividade e retorno ao vivido.

O pesquisador deve realizar a redução fenomenológica ou abstenção de juízos, com o objetivo de retirar os conhecimentos anteriores sobre o fenômeno estudado, fazendo com que tenha acesso aos puros significados do sujeito, Forghieri (1997) acredita que a redução fenomenológica, na área da Psicologia, fundamenta-se de dois momentos, inter-relacionados e reversíveis, que é chamado de envolvimento existencial e distanciamento reflexivo. O pesquisador começa o trabalho buscando sair da atitude intelectual para se deixar levar pelo caminhar de sua vivência, entrando nela de forma natural e profundo, para deixar fluir a percepção, a intuição, os sentimentos e as sensações que surgem numa completude, proporcionando uma compreensão total, pré-reflexiva, intuitiva, dessa vivência.

Depois de toda essa vivência, ele busca estabelecer uma distância da vivência, para pensar sobre sua compreensão e tentar entender e expressar o significado daquela vivência no seu existir, mas, esse distanciamento não costuma ser completo; tem sempre que manter uma ligação com a vivência.

Sobre o retorno ao vivido ou retomada do “mundo da vida” do sujeito pesquisado através de seu depoimento, para Husserl, o mundo-vivido é a presença instantânea do homem na realidade, o dia a dia conforme a gente vai vivendo, o mundo como é descoberto na experiência cotidiana, contexto de todas as atividades humanas. O mundo-vivido é o começo de todo o conhecimento humano, pois este conhecimento, é fundamentado em como o homem experimenta o mundo, dessa forma, a pesquisa fenomenológica buscará explicar os fenômenos pelo jeito de como eles se apresentam e como são experimentados pelos humanos.

Com esses elementos é possível ter acesso aos significados que os sujeitos dão à sua vivência. Os momentos que as pessoas vivenciam não contém apenas um significado em si mesmo, eles dão sentido para as pessoas que tem essas experiências, pelo qual se encontra relacionado com sua própria maneira de existir. Por isso o homem, além de viver em determinado lugar, tem consciência de sua própria vida e dos entes com os quais se relaciona, dando um significado para as coisas que acontecem em sua existência, significados no qual se revelam pela descrição.

Descrição é uma informação de alguém que sabe de algo para alguém que não sabe. O pesquisador não sabe da vida do sujeito, do que acontece com ele, por isso, é preciso que o sujeito descreva o que acontece com ele. A descrição leva então na experiência do sujeito que já vivenciou aquela situação, e desta maneira, o fenômeno é localizado e aparece para pesquisador.

O Amatuzzi (2003) reforça que a pesquisa fenomenológica é a pesquisa do vivido e ele pode não ter sido acessado antes, pois o “vivido” não é necessariamente “sabido” antecipadamente. Podemos dizer que o vivido é pego de surpresa na relação pela mesma pessoa que o comunica.

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