A TEORIA DE CARL ROGERS
Por: Fabi1130 • 14/10/2022 • Projeto de pesquisa • 2.021 Palavras (9 Páginas) • 114 Visualizações
CARL ROGERS Trabalho acadêmico apresentado na Disciplina de Processos Grupais, do curso de Psicologia. “Trata-se da grande, da desesperada necessidade do nosso tempo de adquirir o máximo de conhecimentos básicos e a maior competência possível para estudar as tensões que ocorrem nas relações humanas. O admirável progresso conseguido pelo homem, não apenas na imensidão do espaço como também na infinitude das partículas subatômicas, parece conduzir à destruição total do nosso universo, a menos que façamos grandes progressos na compreensão e no tratamento das tensões interpessoais e intergrupais.” (ROGERS, 2017, p. 11) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................5 2 BIOGRAFIA..........................................................................................................................................5 3 A TEORIA DE CARL ROGERS ................................................................................................................7 4 GRUPOS DE ENCONTRO....................................................................................................................10 5 CONCLUSÃO......................................................................................................................................14 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................16 BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................................17 5 1 INTRODUÇÃO Neste trabalho será apresentado o estudo realizado acerca da teoria de Carl Rogers no que se refere a sua importante colaboração no desenvolvimento dos processos grupais. Será descrito como foi o início de seus trabalhos com os grupos e suas técnicas de realização das dinâmicas, as quais ele chamou de Grupos de Encontro. Além dessa temática será apresentada a biografia de Rogers e uma breve explanação de sua Teoria Centrada na Pessoa. O objetivo da realização desse estudo é compreender a importância das contribuições de Rogers em seu contexto histórico, de que maneira seus Grupos de Encontro influenciaram as relações interpessoais e o desenvolvimento individual dos indivíduos. O segundo capítulo deste trabalho se dedica a mostrar aspectos biográficos de Carl Rogers, algumas considerações sobre sua infância, juventude e sua carreira, além de seus principais trabalhos. O terceiro capítulo destina-se a explanação de sua teoria, elucidando conceitos importantes para o entendimento de sua Abordagem Centrada na Pessoa e em como ela pode também ser utilizada e beneficiar as pessoas no meio grupal e não apenas de maneira isolada como na terapia individual. No quarto capítulo será demonstrado o início de seu trabalho com os grupos, como aconteciam os grupos de encontro e quais as fases na percepção de Rogers estavam presentes no processo grupal. Para a realização desse estudo, foram realizadas pesquisas em sites da internet, leitura de artigos acadêmicos, livros, mas principalmente, este trabalho está embasado na análise da obra de Carl Rogers intitulada Grupos de Encontro, que foi publicada originalmente nos Estados Unidos em 1970 e posteriormente traduzida e comercializada em diversos países. Dessa forma, a leitura desse trabalho além de proporcionar a compreensão da relevância de Rogers para o desenvolvimento dos trabalhos com grupos, faz um convite a reflexão acerca da importância dos processos grupais desde sua época inicial até os dias atuais, no sentido de melhorar as relações interpessoais a partir do crescimento pessoal. 2 BIOGRAFIA Carl Ransom Rogers nasceu em 8 de janeiro de 1902 em Oak Park, Illinois, nos Estado Unidos. Era o quarto de seis filhos em uma família protestante, que educou seus filhos com valores religiosos tradicionais e o incentivo ao trabalho duro. 6 De acordo com Flôr (2014) “Quando tinha doze anos sua família mudou-se para uma fazenda onde passou a se interessar por agricultura e as ciências naturais, foi quando começou a catalogar as espécies que encontrava e fazia experimentos científicos.” Rogers era tímido e além do fato de ter mudado de escola três vezes, morava longe de outras crianças. Aos quatorze anos aprendeu a importância do grupo experimental, grupo de controle, procedimentos aleatórios, passando a aplicar a observação científica em tudo, e mais tarde essas memórias foram importantes para compor sua visão de ser humano. Inicialmente Rogers dedicou-se ao aprofundamento de seus estudos em ciências físicas e biológicas e graduou-se na Universidade de Wisconsin em 1924, logo após passou a frequentar o Seminário Teológico Unido em New York diante das expectativas de sua família. No seminário Rogers recebeu uma liberal visão filosófica da religião protestante, destacando-se e junto com outros estudantes recebeu como prêmio uma viagem à China. Ao conviver em grupo pode observar, entender e valorizar as diferenças individuais, além de se sentir aceito, o que foi decisivo para compreender que seu desenvolvimento filosófico e científico trazia outros interesses. Trocou a religião pela psicologia e psiquiatria transferindo-se para Teachers College Columbia Universit. Especializou-se em problemas infantis na sociedade para a prevenção da crueldade contra crianças, em Rochester. Obteve o título de mestre em 1928 e de doutor em 1931. (FRAZÃO, 2021). Ele começou a trabalhar com a orientação a crianças com dificuldades educacionais e psicológicas no Child Guidance. E foi na prática profissional que percebeu que tanto a perspectiva do mecanismo medidor e estatístico do behaviorista, quanto o pensamento especulativo da psicanalítica tradicional, pareciam não atingir os objetivos clínicos esperados. Rogers passou a fazer parte da equipe do Rochester Center, do qual se tornou diretor. Foi então que desenvolveu uma série de pesquisas empíricas em busca de novas compreensões, atingiu novos insights e percepções do tratamento psicoterapêutico. De 1935 a 1940, lecionou na Universidade de Rochester e nesse período escreveu a obra O tratamento clínico da criança problema, em 1939. Foi em 1940 que Roger se deu conta de que estava desenvolvendo uma nova perspectiva, que invertia a lógica da clínica psicológica tradicional, fundamentando que a prática da psicoterapia era área de domínio da psicologia e não apenas da medicina, como acontecia até então. (FLOR, 2014). Em 1963 é convidado para participar de um projeto sem fins lucrativos no Western Behavior Sciences Institute, em La Jolla, Califórnia, e passa a acreditar tanto no processo terapêutico grupal quanto ao individual. Após mudanças administrativas, Rogers se retira e em 7 1968 forma junto com colegas o Centro de Estudos da Pessoa, onde teve a liberdade de trabalhar, pesquisar, testar suas ideias sobre grupos de encontro e permanece como colaborador presidente até a sua morte. Foi duas vezes eleito o presidente da associação Americana de Psicologia e recebeu desta mesma os prêmios de melhor contribuição científica e o de melhor profissional. Suas descobertas foram ficando cada vez mais complexas, desenvolvendo as seguintes teorias: Teoria da Psicoterapia, Teoria da Personalidade, Teoria das Relações Humanas, Teoria do funcionamento de Grupos, Teoria do desenvolvimento Humano, Teoria da Educação, além de explorar suas aplicabilidades. Dentre os livros que lançou estão: O tratamento da criança problema (1939), Psicoterapia e Consulta Psicológica (1942), Terapia Centrada no Cliente (1951), Tornar-se Pessoa (1961), Liberdade para aprender (1969), Liberdade para aprender em nossa década (1985), Grupos de Encontro (1970), Novas formas do amor (1972), De pessoa para pessoa (1977), Psicoterapia e Relações Humanas, Vol. 1 e Vol. 2 (1977), Sobre o Poder Pessoal (1977), A Pessoa Como Centro (1977), Um Jeito de Ser (1980), Quando fala o coração: a essência da psicoterapia centrada na pessoa (1987). Após a morte de sua esposa, Helen Elliot em 1979, Carl Rogers passou seus últimos anos dedicando-se a dimensão espiritual do ser humano, buscando a transcendência e a comunhão com o universo, chamando tal lugar de Estado Alterado da Consciência. (MENDES, 2011). O ápice do seu reconhecimento aconteceu no ano de sua morte, em 1987, quando foi indicado ao prêmio Nobel da Paz pela sua contribuição para a paz mundial com as mediações de conflitos internacionais que realizou na última década de sua vida. “Rogers havia deixado instruções para que não fosse mantido em coma, após permanecer três dias em tal estado os médicos desligaram os aparelhos que o mantinham vivo.” (MENDES, 2011). Carl Ransom Rogers faleceu na cidade de La Jolla, Califórnia, no dia 04 de fevereiro de 1987”. 3 A TEORIA DE CARL ROGERS Rogers era um fenomenologista, e foi o desenvolvedor da Abordagem Centrada na Pessoa, ele entendia que cada indivíduo percebia o mundo de maneira única. Sua teoria defende que o ser humano é dotado de uma natureza essencialmente positiva, e que se move constantemente em busca da autorrealização. 8 O ser humano é, em seu cerne, um organismo em que se pode confiar, e a abordagem centrada na pessoa, nas mais diversas circunstâncias, consiste em prover certas condições psicológicas que facilitam a liberação deste fluxo subjacente para a realização construtiva das complexas possibilidades da pessoa. (ROGERS, ROSEMBERG, 1977, p. 3-4). Acreditava também que o ser humano é capaz de livre escolha e autodirecionamento, ou seja, tem em essência a tendência de mover-se adiante, e se as condições forem favoráveis, ele se direcionará para a auto-atualização, para o crescimento pessoal e a saúde psicológica. Para ele as pessoas são, em essência, confiáveis, amistosas e construtivas, elas geralmente sabem o que é melhor para si mesmas e buscarão se desenvolver plenamente desde que sejam valorizadas e compreendidas por outro indivíduo psicologicamente saudável. Mas também podem ser desagradáveis e capaz de grandes maldades se tiverem uma infância desprovida de amor, de aceitação e segurança, sendo que mesmo nessas situações existem fortes tendencias para o crescimento e para realização que estão enterrados nos níveis mais profundos do ser. Essas tendencias atualizadoras ou realizadoras tem uma base biológica, todos os seres humanos apresentam uma tendencia inata para o crescimento e para a maturidade, com o diferencial do autoconsciente, capazes de fazer escolhas livres e ter um papel ativo na formação da personalidade, sendo capazes de decidirem quem querem ser. As percepções que o indivíduo tem sobre o mundo forma o seu campo fenomenal, que é formado pelas percepções conscientes e inconscientes que se tem da realidade, cada pessoa tem o seu próprio campo fenomenal, inacessível aos outros de forma integral. Rogers acreditava que é possível se fazer um esforço para tentar enxergar o mundo da forma que o mundo é percebido por outras pessoas e o significado psicológico que esse mundo tem para ela. Uma parte desse campo fenomenal é onde estão as percepções que formam o autoconceito, a forma que cada indivíduo se vê, assim é formado o Self (eu), ele se modifica ao longo da vida com as vivências e aprendizados, dentro de uma coerência em como o indivíduo se vê, como ele vê o mundo e como ele se vê dentro do mundo. Segundo Rogers “A vida, no que tem de melhor, é um processo que flui, que se altera e onde nada está fixado”. (ROGERS, 2017, p. 38). Já o Self Ideal é o autoconceito que cada pessoa gostaria de ter, é a idealização que cada um faz de si mesmo. Rogers considerava que o papel do terapeuta ou do aconselhador é o de ajudar o cliente a remover todos os entraves mentais que o impedem de liberar seu potencial de autorrealização, uma vez removidas as crenças limitadoras desse potencial as pessoas são capazes de resolver seus próprios problemas e buscar sua autorrealização. 9 Quando uma pessoa é livre e profunda em si mesma, no momento que experimenta abertamente os sentimentos e atitudes que emergem de seu coração, ela é congruente, considerando que, conforme o dizer de Carl Rogers: “quanto mais o terapeuta souber ouvir e aceitar o que se passa em si mesmo, quanto mais ele for capaz de assumir a complexidade dos seus sentimentos, sem receio, maior será o seu grau de congruência” (ROGERS, 2001, p. 47). Portanto, congruência significa verdade e sinceridade. Para tornar-se congruente em uma relação, o terapeuta deve ser uma pessoa inteira, com suas verdadeiras experiências refletidas, com precisão em sua consciência. Nas minhas relações com as pessoas descobri que não ajuda, a longo prazo, agir como se eu fosse alguma coisa que não sou. Não serve de nada agir calmamente e com delicadeza num momento em que estou irritado e disposto a criticar. Não serve de nada agir como se soubesse as respostas dos problemas quando as ignoro. Não serve de nada agir como se sentisse afeição por uma pessoa quando nesse determinado momento sinto hostilidade para com ela. Não serve de nada agir como se estivesse cheio de segurança quando me sinto receoso e hesitante. Mesmo num nível primário, estas observações continuam válidas. Não me serve de nada agir como se estivesse bem quando me sinto doente. (ROGERS, 2017, p. 27). Já a incongruência ocorre quando há uma discrepância entre consciência, experiência e comunicação, para ROGERS (2001) “Quando a incongruência é entre a consciência e a comunicação, pensa-se habitualmente em falsidade ou em duplicidade”. Dessa forma, definese não apenas como a incapacidade de perceber com precisão, mas também a incapacidade de se comunicar com precisão, sendo capaz de manifesta
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