A classe operária vai ao paraíso
Por: schumann • 12/10/2015 • Trabalho acadêmico • 1.025 Palavras (5 Páginas) • 738 Visualizações
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP |
A classe operária vai ao paraíso |
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07/09/2013 |
Segundo Karl Marx a produção de ideias e as condições sociais e históricas nas quais elas são produzidas não podem ser separadas. Ele concebe a historia como um conhecimento dialético e materialista da realidade social, ou seja, a sociedade é fruto de um processo histórico, o individuo estará impregnado de sua existência. A história é práxis, é o modo como os homens produzem, em determinadas condições, seu modo de se reproduzirem e de organizarem suas vidas como homens. A história não é uma sucessão de causas e efeitos, ela se faz com ideias antagônicas que se relacionam, não poderá prevalecer uma ideia. Essa contradição, força interna que produz acontecimentos, se estabelece entre homens reais em condições históricas e sociais reais e se chama luta de classes (CHAUÍ, 1980).
As classes sociais são relações sociais determinadas pelo modo como os indivíduos, na produção de suas condições materiais, se dividem no trabalho, em proprietários e não proprietários, trabalhadores e pensadores e finalmente em instituições sociais e Estado. Nessas relações sociais capitalistas o trabalhador passa a ser uma coisa denominada força de trabalho que recebe outra coisa chamada salário e o proprietário dos produtos e das condições de trabalho passa a ser uma coisa chamada capital que possui outra coisa denominada lucro. Essa coisificação é resultante da alienação do homem por ele não se sentir produtor das condições reais de existência social, mas, ao contrário, como produto de tais condições atribuindo a origem da vida social a forças alheias as suas, superiores e independentes (CHAUÍ, 1980).
É através de um fenômeno denominado Ideologia que o trabalhador fica passivo à situação em que lhe foi roubada a condição humana e que é explorado em seu trabalho não pago (mais-valia), que a realidade lhe parece natural, normal e aceitável. É da ideologia que vem a não percepção da existência das classes sociais que determinam o explorador e o explorado, ela é o instrumento de dominação de classes. O Estado é a forma pela qual os interesses da classe dos proprietários ou exploradores ganham a aparência de interesses de toda a sociedade, é através das leis que o Estado aparece como um poder neutro(CHAUÍ, 1980) .
Esses conceitos são ilustrados no filme A Classe Operária Vai ao Paraíso de Elio Petri que conta a história do operário padrão Ludovico Massa , apelidado de Lulu. O filme tem como cenária a fábrica de peças para motores BAN que utiliza um sistema de metas de produção sem o justo aumento da remuneração. Os movimentos sindicais e de estudantes travam luta para por fim a esse sistema desumano de produção mas Lulu e os colegas ignoram o movimento.
O operário Lulu, devido a sua alta produtividade, passa a ser parâmetro para os demais funcionários, considerado o “puxa-saco tem postura de carrasco para os colegas e submisso ao patronato. O operário, alienado, acredita que o trabalho duro lhe dará meios para ascender, para satisfazer os desejos de consumo da esposa e acumular objetos desnecessários. Lulu fica incomodado com o trabalho, reconhece que está fazendo mal para a saúde mas se conforma em “pedalar e pedalar”, diz que dentro da fábrica não tem mais o que fazer senão trabalhar, que só tem a força de trabalho e não tem terras. Lulu menciona também que não conhece o patrão, por isso não se considera um puxa-saco. Ludovico não tem interesse pelo nome dos colegas e não sabe o que está produzindo dizendo que até um macaco pode fazê-lo. O operário está aqui atribuindo a sua condição ao sistema imposto pelo patrão dizendo que não inventou o sistema, é o conformismo, a ideia de que ele é produto e não produtor.
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