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A influência da representatividade midiática na autoestima e empoderamento de homens gays

Por:   •  6/4/2019  •  Projeto de pesquisa  •  3.423 Palavras (14 Páginas)  •  209 Visualizações

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Carolina Gudin de Souza Ramos                                31620124

Guilherme de Oliveira Zanoni                                        31614051

Letícia Yumi Nakao Morello                                        31622895

Luísa Santos Almeida                                                31656447

A influência da representatividade midiática na autoestima e empoderamento de homens gays.

INTRODUÇÃO

O conceito de autoestima é muito estudado no campo da psicologia e frequentemente relacionado a questões de saúde, como a depressão. Apesar da crença histórica na visão de que a autoestima é proveniente de processos internos do indivíduo, estudos recentes vêm relacionando sua construção a fatores ambientais como discriminação e produções culturais, dentre elas cinema e teatro.

Os conceitos de representatividade midiática e empoderamento estão diretamente relacionados ao desenvolvimento da autoestima de populações; são recentes nas publicações científicas e geralmente aparecem ligados a minorias sociais como a população LGBT. Tal população é historicamente privada de direitos básicos e aparece na mídia através de categorias não representativas.

Visto isso e percebendo a escassez de estudos sobre o tema, o presente trabalho visa analisar a influência da representatividade midiática na autoestima de homens gays.

 

LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

A autoestima pode ser definida como o conjunto de valores que o indivíduo faz a respeito de seus pensamentos, sentimentos e comportamentos, podendo considerá-los positivos ou negativos. Os efeitos dessa valoração podem ser percebidos nas respostas dos indivíduos a diferentes situações de modo que, quanto mais positiva a valoração, mais segura e confiante é a resposta e maior é a auto-aceitação. (Schultheisz et al., 2013)

O primeiro uso do termo autoestima é historicamente recente. Há pouco mais de um século, William James postulou que esta é determinada pela comparação intuitiva entre o quanto foi conquistado e o quanto ainda se almeja conquistar. Para o autor, quanto mais próximos de suas pretensões, maior autoestima os indivíduos apresentariam. (Andrade e Souza, 2010). Segundo Schultheisz e Aprile (2013), as pretensões, por sua vez, são permeadas pelos desejos sociais que são impostos ao indivíduo, o que relaciona diretamente a construção da autoestima ao ambiente em que tal indivíduo está inserido, caracterizando-a como mutável, portanto.

Todavia, essa visão não é consensual, uma vez que autores como Branden (1995, apud Andrade e Souza, 2010) defendem que a autoestima é mais relacionada a operações mentais introflexivas, portanto pouco dependentes do meio em que o indivíduo se situa.

A maior aceitação ao longo da história da visão sobre a autoestima como algo introspectivo fez com que o número de pesquisas envolvendo esse conceito se voltasse à autopercepção de populações que têm como característica alguma patologia (algo oriundo do sujeito), como portadores de câncer, doenças degenerativas, úlcera, dentre outras. (Schultheisz e Aprile, 2013).

Muito recentemente iniciaram-se estudos relacionando a construção da autoestima com a qualidade do ambiente em que a pessoa se encontra, o que abriu espaço para novos públicos, como as minorias sociais. Um exemplo é o estudo feito por Taquette e Meirelles (2013) que relata a discriminação sofrida por meninas negras e suas consequências na crença de inferioridade presente em tal população. Outro estudo com a mesma lógica é o de Gregório (2015), que traz a relação entre autoestima e discriminação internalizada em um a minoria social, neste caso gays e lésbicas, apresentada primeiramente no texto de Meyer e Dean (1998, apud Newcomb & Mustanski, 2010).

A respeito dessas minorias, estudos recentes apontam a relação entre a construção de sua autoestima com outros dois conceitos: o de empoderamento e o de representatividade.

Há uma natureza multidimensional para o empoderamento, visto que não existe uma definição aceita, não sendo definidas suas dimensões e operacionalização. Contudo, o conceito vem sendo empregado nas pesquisas da área da saúde por pouco mais de 10 anos. Foi utilizado pela primeira vez por Paulo Freire, na educação emancipatória, onde o empoderamento é visto como uma resposta à opressão oriunda da desigualdade social. Vale ressaltar que para a psicologia, o empoderamento é um atributo da comunidade, portanto, o conceito é mais visto na psicologia comunitária, em estudos de gênero, educação e na saúde (CEREZO;JUVÉ-UDINA, 2016).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) na 7º Conferência Global sobre Promoção da Saúde (2009), concluiu que o empoderamento é um processo que permite que comunidades (grupos de pessoas que podem ou não estar espacialmente juntos) aumentem o controle sobre suas decisões. Para conseguir desenvolver habilidades que influenciam em suas escolhas sobre sua saúde e bem-estar, a comunidade e os indivíduos precisam ter acesso a informação.

Kleba et. al. (2009) afirma que o aumento de poder resultante desse controle proporciona autonomia pessoal e coletiva, alterando, portanto, a percepção de si e, conjuntamente, a autoestima, principalmente quando se trata de sujeitos submetidos à opressão e/ou dominação social.

Não se sabe contudo se há uma relação causa-consequência entre empoderamento e autoestima. A revisão de literatura feita por Cerezo e Juvé-Udina (2016) alega que a maioria dos autores por eles pesquisados sugerem que a autoeficácia, autonomia, autodeterminação, controle pessoal e autorregulação, conceitos esses relacionados à construção da autoestima, são resultados do empoderamento. Outros autores, porém, pensam que essas características são adquiridas durante o processo, visto que são necessárias para tomada de decisões que resultarão no empoderamento.

Outro fator importante para a construção de autoestima é a representatividade, definida pelo dicionário online Priberam como “Qualidade reconhecida a um homem, a um organismo, mandatado oficialmente por um grupo de pessoas para defender os seus interesses.”

Para Schultheisz et al. (2013) o processo de individuação, ou seja, formação da própria identidade e que envolve o desenvolvimento da autoestima, sofre influências diretas de produções sociais como a música, o cinema e o teatro. Essas produções têm liberdade para caracterizar seus personagens, todavia a repetição de padrões acerca de um determinado grupo cria um conceito acerca do mesmo que pode ou não ser representativo.

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