ANÁLISE DO FILME “PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN” À LUZ DA TEORIA PSICANALÍTICA DE DONALD W. WINNICOTT
Por: Stephany Pereira • 5/11/2020 • Trabalho acadêmico • 3.652 Palavras (15 Páginas) • 907 Visualizações
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho apresenta uma análise do filme: Precisamos falar sobre
Kevin, com base teórica psicanalítica de Donald Woods Winnicott, um pediatra e
psicanalista Inglês que desenvolveu a teoria do ambiente e processos de maturação.
A teoria Winnicottiana tem como principal fundamento o desenvolvimento
emocional da criança e a relação da mãe suficientemente boa com o bebê.
Para Winnicott o desenvolvimento emocional está ligado ao princípio de que o
bebê não constitui uma unidade de si mesmo, pois a mãe ou o cuidador inicialmente
torna-se a representação do meio ambiente, ou seja , a mãe se torna um ambiente
facilitador atendendo as necessidades básicas e cuidados do bebê , que com isso
será a base de uma boa saúde mental. Caso contrário ocorrerá falhas ambientais ao
bebê, isso irá refletir no futuro do indivíduo.
Na falha ambiental o bebê se adapta a mãe, e não a mãe ao bebê, então o
falso self (falso eu/self superficial) do bebê entra como camadas de proteção para o
verdadeiro self (verdadeiro eu/self real).
Winnicott acredita que a criança nasce indefesa. É considerado um ser
desintegrado que percebe os estímulos exteriores de maneira desorganizada. Cabe
o papel da mãe suficientemente boa saber apresentar-se ao seu bebê como um
suporte para seus esporádicos contatos com a realidade. Sendo assim, a criança vai
se desenvolvendo e dando transição da dependência absoluta para a
independência.
Winnicott denomina de Handling o movimento em que a mãe segura seu
bebê e o alimenta, percebe se ele está confortável e muda-o de posição e lhe exerce
outras tarefas.
Já o Holding é a disposição empática e afetiva para perceber e atender as
necessidades do bebê, que aí se concretizam diante do Handling.
Portanto, as consequências de não cumprimento dessas necessidades,
considerado falhas ambientais pode acarretar diversões problemas como a
esquizofrenia, distúrbio afetivo emocional, borderline, tendências antissociais, e
afins.
De acordo com a teoria do amadurecimento pessoal Winnicottiana se
consiste na ideia de que todo sujeito humano é dotado de uma tendência inata ao
amadurecimento, ou seja, a integração em uma unidade psique-soma. Sendo soma,
um corpo vivo, não apenas um corpo biológico e a psique não se confundindo com a
mente. E também é construído pelo cuidado suficientemente bom do ambiente.
Dentro desse amadurecimento pessoal do indivíduo, existe os níveis de
dependências do bebê. O primeiro nível a destacar é o de Dependência absoluta,
momento em que o bebê se encontra em estado de não integração. O bebê não tem
condições mentais de saber o que é mãe, porém com o tempo ele cria a memória da
presença da mãe (facilitadora) e aos poucos vai tendo a imagem dela, podendo
prescindir cada vez mais sua presença real.
A ausência materna é suportada pela criança através de algum objeto de
apego que Winnicott denomina como “objeto transicional“.
Na Dependência relativa o bebê se torna capaz de se relacionar com a realidade
e objetos. Esse é o período o bebê já pode começar a pensar por conta própria, não
necessitando da mãe como um ego auxiliar pensando por ele, pois o bebê já é
considerado integrado aos teus estímulos externos.
2. OBJETIVO
Temos como objetivo no trabalho apresentar uma análise do filme vinculada a
teoria psicanalítica Winnicott, identificar os conceitos da teoria como o
desenvolvimento emocional, afetivo e o papel da mãe como auxiliar e facilitadora
das necessidades e tarefas do bebê.
Também um dos objetivos primordiais é identificar acontecimentos e
comportamentos no decorrer do filme, analisar que levam uma compreensão teoria
do pensamento psicanalítico de Winnicott.
3. DISCUSSÃO
No filme Precisamos falar sobre Kevin, Eva Katchadourian antes de
engravidar levava uma vida de mulher independente, tendo um bom emprego de
escritora em um escritório de turismo, sua própria casa, bons momentos de lazer e
um relacionamento saudável com Franklin, em uma rotina que não acarretava
maiores preocupações.
Quando Eva descobre estar grávida ao fazer um exame de ultrassom na qual
Franklin a acompanhava, não esboça reação alguma, não aparentando estar feliz
pela notícia, pois claramente não foi uma gravidez planejada e logo, a partir do
momento de descoberta essa gravidez mudaria drasticamente a rotina que ela tanto
amava, e Franklin ao contrário de Eva fica feliz com a notícia de que terá um filho.
Durante toda a gestação Eva sempre
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