ANALISE DO FILME PEQUENO NICOLAU PSICANALISE
Por: Isaura Welker • 4/6/2017 • Resenha • 1.311 Palavras (6 Páginas) • 5.268 Visualizações
- Caracterize situações onde conseguimos observar as manifestações de id, ego e superego de Nicolau?
É possível perceber algumas manifestações logo no início do filme, quando a professora solicita a turma que redija uma redação sobre o que gostaria de ser quando crescer e Nicolau, em pleno conflito expressa mentalmente:
- É difícil quando a gente não sabe o que quer ser.
Manifestação do Ego ao tenta estabelecer um equilíbrio entre as exigências do ID e as exigências da realidade.
Olhando ligeiramente para o lado contrário obtém uma resposta, como se houvesse duas personalidades conflitantes interagindo entre si:
- Os outros já sabem!
Manifestação puramente do ID, que na infância são intensas.
Em determinado momento, Nicolau volta a realidade, onde encontra-se dentro da sala de aula e pensa:
- Papai queria ser muitas coisas quando tinha a minha idade... (Ao contrário dele, que não sabia o que queria ser.)
No centro do ID, determinando toda a vida psíquica, há o complexo de édipo, isto é desejo incestuoso pela mãe e rivalidade com o pai. Desejo esse fundamental que organiza a totalidade da vida psíquica e determina o sentido de nossas vidas.
Nicolau diz que sabe por que ele não sabe o que quer ser quando crescer... É por que a vida dele era legal e ele não queria que ela mudasse.
Manifestação do Ego, frente as demandas da realidade.
Podemos perceber manifestações do Superego quando Nicolau foge de casa e se arrepende da decisão, pensando no lado moral, retorna para casa.
- Quais os componentes ambientais que podemos destacar como determinantes na formação do superego de Nicolau?
Componentes ambientais: Roupas padronizadas, postura rígida dos pais e dos professores, as regras da escola e regras impostas em casa.
Esses são exemplos de padrões morais adquiridos dos pais e da sociedade e internalizados por Nicolau como um senso do certo e errado.
- A ideia do nascimento de um irmão coloca-se como um evento marcante na vida de Nicolau. O que desencadeia no psiquismo?
Quando outras crianças aparecem em cena, o complexo de Édipo avoluma-se em um complexo de família. Este, com novo apoio obtido a partir do sentimento egoístico de haver sido prejudicado, dá fundamento a que os novos irmãos e irmãs sejam recebidos com aversão, e faz com que, sem hesitações, sejam, em desejos, eliminados. (FREUD, 1976ª, p. 389-390)
À partir da concepção de Freud acerca do complexo fraternal, podemos evidenciar que Nicolau sentiu-se ameaçado ao supor que teria um irmão.
Na cena em que os meninos aparecem em uma consulta médica, Nicolau é indagado acerca dos significados de figuras desconexas representadas em um papel. Com presteza responde que uma das figuras era um menino que achou uma sementinha e depois a plantou... A sementinha brotou, virou um bebê que vai crescer, crescer, crescer até virar um gigante que pega o menino e come ele vivo.
Ao supor que o bebê cresceria, tornar-se-ia um gigante e comeria o menino vivo, Nicolau demonstra através de suas fantasias, um medo inerente em perder o amor de sua mãe e ficar invisível perante o bebê que ganharia espaço no seio familiar.
Deduz-se que o complexo de édipo é uma variante do complexo fraternal. É certo que a criança reage instintivamente contra qualquer pessoa que a ameace de lhe tirar a mãe, da qual ela é ligada não só do ponto de vista da sobrevivência, mas também por causa de um complexo erótico, conforme afirmação de Freud:
“[...] haver-se-á de objetar que a conduta do menino origina-se em motivos egoísticos e não oferece base para se postular um complexo erótico: a mãe satisfaz todas as necessidades da criança, de modo que esta tem interesse em evitar que ela venha a dispensar cuidados a uma outra pessoa. Esse fato também é procedente; mas, logo tornar-se-á claro que, nessa situação, como em outras semelhantes, o interesse egoístico simplesmente oferece um ponto de apoio ao qual a tendência erótica se vincula”
- Em quais situações podemos perceber a presença da angústia de castração de Nicolau?
Durante o estágio fálico do desenvolvimento psicossexual, surge um medo inconsciente da perda do pênis. Ao compreender as diferenças anatômicas sexuais femininas e masculinas, o menino assume que o pênis do sexo feminino foi removido criando-se uma angústia que seu pênis será cortado pelo seu rival, o pai, como punição por desejar a figura da mãe.
Nicolau acredita que sua mãe está esperando um irmão, pelos supostos atos de seu pai ao carregar o lixo e ser amoroso com a mamãe. Ao ouvir fragmentos de uma conversa em que sua mãe pergunta ao pai sobre o que iriam fazer com ele, Nicolau ouve a resposta de seu pai quando diz que não poderiam ficar com ele, pois ele fazia muita bagunça. Mais tarde no jantar, o pai os convida para passear no bosque, porém em suas fantasias a figura do pai apresenta-se como um monstro, subentendendo que se ele fosse para o bosque com o pai, lá ele seria abandonado, como na história do pequeno polegar. Mais tarde, quando eles chegam no bosque, Nicolau se tranca dentro do carro e não sai, apesar da insistência de seu pai, que em algum momento demonstra estar perdendo a paciência com Nicolau.
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