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AS IDEIAS SOBRE DESENVOLVIMENTO E REGRESSÃO

Por:   •  20/12/2017  •  Resenha  •  1.300 Palavras (6 Páginas)  •  574 Visualizações

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CONFERÊNCIA XX – ALGUMAS IDEIAS SOBRE DESENVOLVIMENTO E REGRESSÃO

A função libidinal se evolui até ficar a serviço da reprodução. Este fato, por sua vez tem um importante papel na neurose, visto que, de maneira geral, as teorias das patologias envolvem inibição ou regressão. Ou seja, nem todas as fases do desenvolvimento são passadas de maneira igual e superadas, uma parte da função libidinal pode ficar retida permanentemente nos estádios iniciais e o quadro total do desenvolvimento será limitado pela quantidade de inibição de desenvolvimento.

“Portanto, declaro, sem mais delongas, que, no caso de cada uma das tendências sexuais, considero possível que algumas partes das mesmas tenham ficado para trás, em estádios anteriores de seu desenvolvimento, embora outras partes possam ter atingido o objeto final. Aqui os senhores reconhecerão que estamos delineando cada uma dessas tendências como uma corrente que tem sido contínua desde o começo da vida, a qual, porém, dividimos, em certa medida artificialmente, em sucessivos avanços separados.”

Este retardamento de uma tendência parcial num estádio anterior, podemos denominar como fixação do instinto. Outro fato/perigo que pode acontecer em um desenvolvimento por etapas é a regressão, isto é, quando as partes que continuaram a se desenvolver retornam retrocessivamente a um dos estádios precedentes, isso ocorre quando a obtenção do objetivo de sua função encontrar obstáculos externos muito grandes. Dessa forma, podemos dizer que regressão e fixação não são independentes, pois quanto mais intensa for as fixações, mais a função fugirá às dificuldades externas (será incapaz de resistir as dificuldades externas) regressando às fixações.

Ademais, podemos dividir a regressão em 2 tipos. O primeiro há um retorno aos objetos incestuosos que inicialmente foram catexizados pela libido, e o segundo, um retorno da organização sexual como um todo a estádios anteriores (ambas as regressões são encontradas na neurose de transferência[a]). Assim, a regressão da libido não é ainda um processo puramente psíquico, nem podemos localizá-lo no aparelho mental. E, embora seja verdade que ele exerce a mais poderosa influência sobre a vida mental, o fator mais importante nela é o fator orgânico.

Dessa forma, podemos citar a histeria e a neurose obsessiva como as duas principais representantes do grupo das neuroses de transferência. Na histeria, por exemplo, opera-se uma regressão da libido aos primitivos objetos sexuais incestuosos.

“A unificação dos instintos parciais sob a primazia dos genitais foi conseguida; seus resultados, porém, se defrontam com a resistência do sistema pré-consciente que se vincula com a consciência. Assim, a organização genital é válida para o inconsciente, mas não da mesma forma para o pré-consciente; e essa rejeição por parte do pré-consciente configura um quadro que tem determinadas semelhanças com a situação existente antes da primazia genital.

Já na neurose obsessiva, pelo contrário, é a própria regressão da libido ao estádio preliminar da organização sádico-anal o fato mais marcante e o fato decisivo para aquilo que se manifesta nos sintomas. A impulsão de amor, quando isto aconteceu, é obrigada a disfarçar-se em impulsão sádica. Também a repressão desempenha importante papel no mecanismo dessas neuroses. Uma regressão da libido, sem repressão, jamais produziria uma neurose, mas levaria a uma perversão. Assim, a repressão é o processo mais característico das neuroses.

Em suma, de maneira geral, as pessoas adoecem de neurose quando impedidas da possibilidade de satisfazer sua libido - que adoecem devido à ‘frustração’, conforme costumo dizer - e que seus sintomas são justamente um substituto para sua satisfação frustrada.  Mas isto não quer dizer que toda frustração da satisfação libidinal torne neurótica. Há muitíssimas maneiras de suportar a privação de satisfação libidinal, sem adoecer em consequência da privação, como por exemplo, os impulsos instintuais sexuais podem assumir o lugar do outro, um pode assumir a intensidade do outro; no caso de a realidade frustrar a satisfação de um deles, a satisfação de outro pode proporcionar compensação completa. Ademais, os instintos parciais da sexualidade, bem como a tendência sexual que deles se compõe, revelam grande capacidade de mudar de objeto, de tomar um objeto por outro - e de tomar, portanto, um objeto que seja mais facilmente acessível. A deslocabilidade e a facilidade de aceitar um substituto devem atuar poderosamente contra o efeito patogênico da frustração. Entre esses processos protetores contra o adoecer devido à privação, existe um que adquiriu especial significação cultural. Consiste no fato de a inclinação sexual abandonar seu fim de obter um prazer parcial ou reprodutivo e de adotar um outro, que genericamente se relaciona àquele que foi abandonado, mas que, por si mesmo, já não possui mais um caráter sexual, devendo ser descrito como social. A esse processo chamamos ‘sublimação’, segundo o consenso geral que situa os objetivos sociais acima dos objetivos sexuais, que no fundo, visam aos próprios interesses próprios do indivíduo. No entanto, há um limite à quantidade de libido não satisfeita que os seres humanos, em média, podem suportar, assim como também que conseguem sublimar. 

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