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AUTISMO E MATERNIDADE: UM ESTUDO PSICANALÍTICO

Por:   •  4/5/2016  •  Projeto de pesquisa  •  2.784 Palavras (12 Páginas)  •  224 Visualizações

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MARIA MADALENA DE FREITAS LOPES

AUTISMO E MATERNIDADE: UM ESTUDO PSICANALÍTICO

Assistentes de Pesquisa:

CATARINA MARTINS DE ASSIS

SÃO PAULO

2013


AUTISMO E MATERNIDADE: UM ESTUDO PSICANALÍTICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Psicologia da Universidade Camilo Castelo Branco, como parte dos requisitos para Conclusão do Curso de Formação de Psicólogo.

ORIENTADORA: Professora Doutora Maria Madalena de Freitas Lopes.

SÃO PAULO

2013

ASSIS, Catarina Martins de. Autismo e maternidade: um estudo psicanalítico. Trabalho de conclusão de curso. Curso de Psicologia. Universidade Camilo Castelo Branco. São Paulo, 2013.

RESUMO

Texto corrido.

Palavras-chave: autismo, desenvolvimento, maternidade, psicanálise.


INTRODUÇÃO

Autismo refere-se ao termo cunhado em 1907 por Eugen Bleuler, derivado do grego autos (o si mesmo); designa o ensimesmamento psicótico do sujeito em seu mundo interno e a ausência de qualquer contato com o exterior, que pode chegar até mesmo ao mutismo (ROUDINESCO & PLON, 1998).

De acordo com Roudinesco & Plon (1998), Bleuler recusava-se utilizar o termo auto-erotismo postulado por Havelock Ellis – e, posteriormente retomado por Freud - por considera-lo demasiadamente sexual. No entanto, Freud conservou o termo auto-erotismo, enquanto Jung adotou o termo introversão para tratarem deste fenômeno.

 O psiquiatra Leo Kanner, em 1943, definiu o autismo como “uma afecção psicogênica, caracterizada por uma incapacidade da criança, desde o nascimento, de estabelecer contato com o seu meio” (ROUDINESCO & PLON, 1998, p. 43). O autor descreveu cinco sinais que, segundo ele, permitiam reconhecer a psicose autística:

...o surgimento precoce dos distúrbios (logo nos dois primeiros anos de vida), o extremo isolamento, a necessidade de imobilidade, as estereotipias gestuais, e por fim, os distúrbios da linguagem (ou a criança não fala nunca, ou emite um jargão desprovido de significação, incapaz de distinguir qualquer alteridade) (ROUDINESCO & PLON, 1998, p. 43).

Ainda conforme Roudinesco & Plon (1998), outros autores se destacaram no estudo e no tratamento do autismo com a ajuda dos instrumentos fornecidos pela psicnálise, entre eles, Bruno Bettelheim, o maior especialista norte-americano no tratamento de crianças autistas; de um lado, a corrente annafreudiana, com os trabalhos de Margaret Mahler sobre a psicose simbiótica, e, de outro lado, a corrente kleiniana.

Finalmente, em 1970, Frances Tustin propõe classificar o autismo em três grupos:

...o autismo primário anormal, resultante de uma carência afetiva primordial e caracterizado por uma indiferenciação entre o corpo da criança e o da mãe; o autismo secundário, de carapaça, que corresponde em linhas gerais à definição de  Kanner; e o autismo secundário regressivo, que seria uma forma de esquizofrenia sustentada por uma identificação projetiva (ROUDINESCO & PLON, 1998, p. 43).  

Desta forma, é datado da década de 1970, um dos mais importantes achados sobre o autismo: a influência da relação materno-filial no desencadeamento do autismo patológico.

Conforme Tustin (1984), o desenvolvimento emocional da criança autista está relacionado a uma falha dos atos de reconhecimento recíproco entre a mãe e o bebê. Essa falha pode ser causada, pela depressão que interfere na capacidade materna para cuidar do bebê e também por conta da rejeição que intervêm na capacidade da mãe de envolver-se emocionalmente com seu filho.

Assim, a criança se torna autista ao reconhecer a depressão de sua mãe e destrói seu próprio ego, particularmente aquelas capacidades que dependem da mãe para seu bem- estar, sentido dessa maneira que não prejudicará ainda mais a figura materna (TUSTIN, 1984).

Roudinesco & Plon (1998) apontam que, mesmo com a evolução da psiquiatria para o biologismo, o cognitivismo e a genética, nenhum trabalho de pesquisa conseguiu comprovar que o autismo verdadeiro – quando não há nenhuma lesão neurológica anterior – seja de origem puramente orgânica. Por outro lado, somente o saber psicanalítico foi capaz de explicar a dimensão psíquica dessa doença e, desta forma, propor um olhar diferenciado à criança autista, permitindo cuidar  dela em escolas, clínicas e centros especializados.

Segundo Jerusalinsky (2012), no que se refere à cura do autismo, a principal tarefa é a de desvendar os detalhes das estruturas mínimas capazes de introduzir os traços unários ainda nas condições mais adversas.  Não se trata de retornar uma normalidade inicial, trata-se da intromissão arbitrária do outro.

Assim, o primeiro passo para o tratamento requer que o analista se identifique literalmente com os automatismos dos autistas, em continuidade com ele, única repetição até aí em que o autista ‘se reconhece’. Mas, não para recompor uma identidade perdida, e sim adentra se em seu mundo interno, e adquirir a possibilidade de quebrá-lo, e permitir que o autista perceba a dimensão externa.

Dada a grande importância materna na condição autística da criança podemos retomar a importância do amor materno para o desenvolvimento da criança. Segundo Fromm, “a criança, no momento de nascer, sentiria o temor de morrer, se um destino amável não a preservasse de qualquer consciência da ansiedade ligada à separação da mãe e da existência intrauterina” (2000, p. 35). O autor vai além, define a mãe como o calor, o alimento e o estado eufórico de satisfação e segurança para o bebê, ou seja, esta proporciona o estado de narcisismo descrito por Freud.

 Fromm (2000) define o amor materno como uma afirmação incondicional da vida do filho e de suas necessidades. O autor distingue dois aspectos desta afirmação incondicional da vida do filho:

...um é o do cuidado e responsabilidade absolutamente necessários para preservação da vida do filho e o seu crescimento. O outro aspecto vai mais longe do que a simples preservação. É a atitude que infunde no filho o amor à vida, que lhe dá o sentimento de ser bom viver, de ser bom ser um menino ou uma menina, de ser bom estar nesta terra! (FROMM, 2000, p. 42).

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