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Abordagens

Por:   •  8/10/2015  •  Trabalho acadêmico  •  3.593 Palavras (15 Páginas)  •  199 Visualizações

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3.1 A ABORDAGEM TRADICIONAL

A Abordagem Tradicional de Ensino fundamentou-se na filosofia da essência de Rousseau, passando à pedagogia da essência, que crê na igualdade e na liberdade entre os indivíduos. Constituiu-se após a Revolução Industrial, sofreu várias transformações, mas ainda continua resistindo ao tempo, prevalecendo na maioria das escolas do nosso país, sendo que esta abordagem mais se aproxima do modelo de escola predominante em nossa história educacional (LEÃO, 1999). Serviu de modelos, para as demais abordagens que a  sucederam.

 Segundo Leão (1999), tem como prioridade o objeto, o conhecimento. A escola é um modelo hierarquizado de educação, onde existem os que planejam e os que executam, ali os conhecimentos são elaborados, selecionados e transmitidos. Ela é organizada com funções bem delimitadas e normas disciplinares imutáveis, é a responsável pela preparação intelectual e moral dos alunos, para posteriormente assumirem seu papel na sociedade; aspectos emocionais e afetivos dos alunos, não são considerados no processo ensino-aprendizagem.

 A transmissão desses conhecimentos se dá da mesma forma a todos os alunos, independente de suas potencialidades, vontade, ritmo e individualidade, cabe ao aluno esforçar-se. Os modelos em todos os campos do saber são de fundamental importância nesta abordagem. Não fundamenta-se em teorias empiricamente validadas, os conhecimentos acumulados pelas gerações passadas, são repassados  aos alunos (LEÃO, 1999).

 As disciplinas visam preparar o discente para o mercado de trabalho, principalmente, são definidas pela escola ou sociedade, ordenadas pela legislação, os conteúdos são abstratos, separados da experiência e da realidade do aluno, diz Leão (1999) e complementa: fundamentou-se através do método pedagógico expositivo, exigindo atenção e silêncio, o educando deve interferir o mínimo possível na explanação do professor, o foco está em cópias, exercícios repetitivos de fixação e na memorização de conceitos, a fim de que o aluno responda sempre da mesma forma às situações novas.

 O professor é o detentor de todo esse conhecimento, transmitindo-o na forma de verdade a ser assimilada, estabelece uma relação de autoridade com o discente onde a hierarquia é explícita. O homem é uma “tabula rasa” no início do seu desenvolvimento, um receptor passivo, obedientes e futuramente um propagador desses conhecimentos (MIZUKAMI, 2013).

 Também segundo Mizukami (2013), a ênfase está no externo, o mundo externo (físico, social) aonde o indivíduo irá aos poucos se apropriando e posteriormente transmitindo-o. A aprendizagem que se dá pelo treino, é repetitiva, artificial, mecânica, cumulativa, estimula a competição, sendo que os trabalhos grupais e que exigem cooperação são raros  usando-se muitas vezes de repressão. 

Trata-se de um programa detalhado, inflexível e repressivo, envolvendo avaliações seletivas, através de verificações de longo e curto prazo. Prova, exame, chamada oral e atribuição de nota, são uma constante. A reprovação é necessária quando o mínimo de conhecimentos exigidos não for apreendido pelo aluno (MIZUKAMI, 2013).

 Após lermos o livro “Pinóquio às Avessas”, fica visível, sobretudo às características da abordagem tradicional na escola que Felipe frequenta. Ela não é nada daquilo que ele havia idealizado; de início as suas expectativas são frustradas, ele constata que nesta instituição escolar há uma hierarquia bem definida: há hora para tudo, até para pensar, tudo num padrão bem rígido, onde todos são condicionados a obedecer sem discordar. Ele não pode questionar, discordar, e muito menos saber a utilidade do que estava no “programa”.

Era exigido silêncio na exposição da docente, interferências não eram bem vindas, nem suas curiosidades, quando Felipe foi considerado distraído, foi logo rotulado e encaminhado a um psicólogo. O menino foi compreendendo que tudo que tinha que aprender visava o futuro, tinha que ser decorado, memorizado, para ser usado no vestibular, a competição era uma constante e os métodos muitas vezes repressivos.

 Felipe não estava enquadrado nos padrões tradicionais, nota-se claramente que as experiências anteriores de Felipe, seus interesses, seus aspectos emocionais, afetivos, espirituais, enfim sua realidade, não era considerada, pois na relação estabelecida entre professor-aluno predominava a autoridade do docente, ele era o detentor do conhecimento e o menino apenas um mero expectador sem direito à contestação.

Ele constantemente sonhava com uma escola que atendesse seus ideais, que considerasse seus potenciais, sua criatividade, sua individualidade, mas o personagem aos poucos, percebe seus sonhos sendo aniquilados por um sistema tradicional, inflexível, opressivo e antiquado, que foi “enquadrando-o, deformando-o”, até que ele se tornasse quando adulto, um especialista em linguiças, o inverso que ele almejara: ser um especialista de pássaros.

Quanto à postura dos pais de Felipe, desde o início da leitura é visível as expectativas que os mesmos já tinham quanto ao futuro promissor do filho, os ritos de passagem que ele galgaria, futuro este que não era compatível com o idealizado pelo menino, este queria apenas pensar no presente e nas respostas às suas perguntas.

Os pais do personagem delegam somente à escola, o papel de transmissão de conhecimentos e cultura e se isentam de participarem da construção dos conhecimentos do filho, incutindo nele a ideia de que a professora e a escola teriam respostas para tudo. Na fala dos pais vemos também, de forma implícita uma ideologia capitalista, que visa o lucro acima de tudo, assim a instituição o prepararia para posteriormente assumir um posto na sociedade e não para a vida.

3.2 A ABORDAGEM COMPORTAMENTAL

Segundo Mizukami (2013), na abordagem comportamental, considera-se o organismo sujeito as contingências do meio, sendo o conhecimento uma cópia de algo que simplesmente é dado no mundo externo. Para que se possa proceder com a análise comportamental do ensino é necessário se considerar que tanto os elementos de ensino como as respostas do aluno podem ser analisados em seus componentes comportamentais. Nesse tipo de abordagem supõe-se e objetiva-se que o professor possa aprender a analisar os elementos específicos de comportamento dos alunos, seus padrões de interação, para dessa forma, ganhar controle sobre eles e modifica-los em determinadas direções quando necessário, ou mesmo, desenvolver outros padrões.

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