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Abuso Sexual Infantil: Danos e Enfrentamentos Sob os Pressupostos da Abordagem Centrada na Pessoa

Por:   •  7/6/2019  •  Monografia  •  2.873 Palavras (12 Páginas)  •  352 Visualizações

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Abuso Sexual Infantil: danos e enfrentamentos sob os pressupostos da Abordagem Centrada na Pessoa

Mileide de Albuquerque Xavier Barboza[1]

Carlos Antonio de Sá Marinho[2]

Palavras-chave: Abuso Sexual Infantil; Self; Abordagem Centrada na Pessoa.

Introdução

Sabe-se que o abuso sexual pode trazer sérios riscos para a vida do indivíduo além de atingir milhares de vítimas, por isso vem sendo considerado um grave problema de saúde pública.

Este estudo busca discutir a partir do olhar da Abordagem Centrada na Pessoa sobre como a vida de crianças vítimas de violência sexual é afetada, e as possíveis iniciativas para enfrentar esse tipo de violência. O enfoque neste trabalho recai em indivíduos de até 12 anos de idade, ou seja, em crianças, como é considerado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

É importante salientar que o abuso sexual aqui descrito é uma forma de violência contra seres humanos em desenvolvimento, e em situações de vulnerabilidade, sendo ressaltada também a importância de compreender as condições sócio-histórico-cultural da mesma.

Nos tópicos seguintes serão abordados sobre o que é o Abuso Sexual Infantil, seus sinais e consequências, desenvolvimento do self na criança vítima de abuso sexual, e a Clínica Terapêutica da ACP no enfrentamento ao Abuso Sexual Infantil.

Rogers (1961) afirma que “... quanto mais um indivíduo é compreendido e aceito, maior tendência tem para abandonar as falsas defesas que empregou para enfrentar a vida, e para progredir num caminho construtivo.” (p.38).

As pessoas têm uma orientação para o crescimento saudável, assim, com ajuda, as crianças vítimas do abuso sexual podem enfrentar e superar os desafios que essa violência imprime em suas vidas.

 Abuso Sexual Infantil: o que é?

           

O abuso sexual infantil pode ser considerado com base na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) no item F65.4: Pedofilia, que é definida como "preferência sexual por crianças, quer se trate de meninos, meninas ou de crianças de um ou do outro sexo, geralmente pré-púberes ou não", e no DSM-V, a pedofilia é definida com uma perversão sexual, caracterizada pela atração sexual em curso por crianças pré-puberes.

Conforme salienta Amazarray et al. (2006), no abuso sexual infantil alguém se utiliza da criança para sentir prazer sexual, trazendo consequências sérias para a vítima, podendo ser estas emocionais, sexuais, sociais e físicas. Desta forma, a criança é marcada por este ato e isto tende a permanecer durante sua vida inteira, ainda que a mesma não perceba a gravidade de ter sido abusada.

Um dos fatos que mais surpreende em casos de abuso sexual infantil é de que o abusador na maioria das vezes é um alguém próximo que possui algum vínculo familiar ou quem é responsável por ela (ex: os pais).  A partir disso, a vítima é ameaçada pelo abusador para que o ato seja mantido em sigilo, e em muitos casos acaba se tornando um segredo familiar, sendo assim, o sentimento da vítima é de que não tem ninguém para protegê-la, e acredita que as demais pessoas da família sabem e não fazem nada para ajudá-la. (FELIZARDO & MELO, 2003).

Diante disso, é muito importante se ter uma compreensão psicossocial da família, e também do poder da escuta para com a criança. Ouvir o que a criança diz é essencial, pois muitas vezes ela minunciosamente relata o que está acontecendo e ninguém ouve ou acredita, e é muito difícil que a criança fale novamente quando ela não foi escutada ou quando duvidaram do que ela disse. Isso também pode implicar no sentimento de culpa da criança, fazendo com que ela acredite que provocou a situação. (MELLO & DUTRA, 2008).

No caso de indivíduos do sexo masculino, é difícil aceitar que não conseguiu se proteger, além do tabu sobre homossexualidade que existe na sociedade, fazendo com que eles mesmos fiquem em dúvida sobre sua sexualidade. (ABRAPIA, 2003) 

Raramente as crianças mentem quando dizem que foi abusada, isso pode ocorrer quando ela está sob ameaça do abusador, mesmo assim a criança pode mostrar sinais de que está sendo abusada. (MELLO & DUTRA, 2008).

Segundo Azambuja e Ferreira (2011), frequentemente o abuso ocorre em episódios repetitivos que torna a relação progressivamente sexualizada e raramente envolve violência física detectável, pois tipicamente o abusador se utiliza da confiança da criança e não da força física para tal ato.

Quais os sinais e consequências do Abuso Sexual Infantil?

São múltiplos os sinais e as consequências do Abuso sexual infantil, pode-se destacar entre os sinais o isolamento do convívio social, baixo rendimento escolar, medo e ao mesmo tempo, de forma inconsciente, aparenta sedução para com pessoas do mesmo sexo do agressor, personalidade agressiva, comportamento submisso por sempre se sentir submissa ao agressor, brincadeiras e insinuações sexuais, transtorno de ansiedade, destruição do corpo (auto-multilação), problemas relacionados à alimentação e ao sono, e também mudanças na personalidade. (IKAWA, 2007).

Conforme salienta McGregor (2001), o abuso sexual contra crianças é um ato que pode trazer consequências futuras de difícil administração por parte de suas vítimas, principalmente quando não são tratadas, podendo assim acarretar graves problemas cognitivos, emocionais e comportamentais, resultando no desenvolvimento de quadros psicopatológicos, sendo assim, é considerado um grande fator de risco para problemas no desenvolvimento do self da criança.

Apesar da complexidade, as conseqüências da violência são diversas e dependem da idade da pessoa agredida e da que agride; do tipo de relação entre eles; da personalidade da vítima; da duração e da frequência da agressão; do tipo e da gravidade do ato e; da reação do ambiente. As consequências em curto prazo são: problemas físicos; problemas no desenvolvimento das relações de apego e afeto; desenvolvimento de reações de evitação e resistência ao apego; depressão e diminuição da auto-estima; distúrbios de conduta; alterações no desenvolvimento cognitivo; má percepção de si próprio; dificuldades na compreensão e aceitação das emoções do outro, dificuldade de confiar no outro. As consequências em longo prazo são: sequelas físicas; chances de serem pais abusadores no futuro; conduta deliquêncial e comportamentos suicidas na adolescência; e conduta criminal violenta.  (FERRARI E VECINA, 2002).

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