Adolescente

4.2. Adolescente

O conceito de adolescência é um período que foi construído durante vários anos para designar a passagem de uma fase da vida que é a infância para outra que ainda não é considerada adulta, mas também não é mais criança, pois é um período da vida do ser humano aonde se vai descobrindo a si mesmo e aos outros, construindo sua personalidade e o seus projetos de vida pessoal. Bock (1999) destaca que vários estudiosos dizem que a adolescência é a fase que vem depois da infância e antes da juventude.

Já no senso comum, no dia-a-dia das pessoas, o termo adolescência é pouco usado. Dá-se preferência ao termo juventude para designar tanto o menino ou a menina após a puberdade quanto o jovem adulto. (Bock,1999. p. 291)

Esse conceito tendo em vista tem pouca definição. Becker (1997) define a adolescência sob o ponto de vista: biológico, psicológico, social e cultural, tendo assim um significado plural. Coloca a importância dos fatores sociais, econômicos e culturais na adolescência. Becker (1997) coloca o caráter social do “adolescer”:

Apesar do conceito de adolescência (do latim ad, que significa para mais olescere, que significa crescer em suma, crescer para) como ele é hoje conhecido ter surgido em torno do inicio do século, a questão do jovem como problema existe há muito tempo e acompanha a evolução da civilização ocidental (... ) na visão do adulto o adolescente é um ser em desenvolvimento e em conflito. Atravessa uma crise que se origina basicamente em mudança corporais, outros fatores pessoais e conflitos familiares. E finalmente é considerado "adulto quando mais adaptado a estrutura da sociedade. (BECKER 1997 p. 8 e 9)

Pode-se perceber que a construção de conceito de adolescência está relacionada com o tempo, onde a base sobre o conceito adolescência surgiu no período da idade média e ainda hoje se tem outro significado. A adolescência é uma experiência diferente para todos os jovens e para cada um que pertence a uma determinada classe social. E uma fase que encontra desafios e cada um tem seu tempo um diferente do outro.

Segundo D´Andrea (2000), a adolescência inicia-se por volta dos dez ou onze anos, fase em que pelo aumento da velocidade de crescimento e amadurecimento físico, os impulsos básicos e os conflitos emocionais a eles associados recrudescem, obrigando a personalidade a reorganizar-se em busca de um novo equilíbrio. Os limites da adolescência não são fixos e variam de acordo com fatores constitucionais, psicológicos, sociais, geográficos, econômicos e culturais.

De acordo com D´Andrea (2000), o amadurecimento dos órgãos genitais e o aparecimento dos caracteres sexuais secundários são fundamentais no desenvolvimento psicológico nesta fase.

A gradual progressão da criança no seu desenvolvimento para a maturidade é perturbada pelas transformações da puberdade que altera seu físico, seus motivos, suas capacidades e as demandas do meio sobre ela, tudo isso a obrigando a uma profunda reorganização intrapsíquica. (D´ANDREA, 2000, p. 85).

Segundo D´Andrea (2000), o reajustamento do adolescente, tem início antes que o fenômeno fisiológico da puberdade tenha lugar. O desenvolvimento físico, que vinha gradualmente se realizando, sofre uma aceleração. Sua orientação e visão do mundo altera-se por causa de seu crescimento físico. Está saindo definitivamente da infância e aproximando-se dos adultos que vão lhe parecendo cada vez menos ameaçadores. Há uma intensificação das atividades físicas, intelectuais e artísticas, bem como das aspirações emocionais e das tendências a buscar objetos fora da família para odiar, amar ou identificar-se.

Ainda de acordo com D´Andrea (2000), paradoxalmente, a criança pré-puberdade, ao lado da intensa atividade e da luta que realiza para participar do mundo adulto, tem fortes desejos de permanecer criança, pois ainda sente-se insegura de sua capacidade para cuidar de si mesma. O conflito universal que se carrega durante toda a vida e que é a necessidade de ser reconhecido como adulto e o desejo de permanecer criança, tem na pré-puberdade sua maior expressão. Esse conflito entre independência e dependência pode ser exacerbado pelas influencias dos pais ou adultos que tentam bloquear as necessidades de independência ou incentivá-lo exageradamente.

No que diz respeito à curiosidade sexual nesta fase, as jovens têm tanto interesse no assunto quanto os rapazes, segundo D´Andrea (2000). Elas apreciam passa o tempo trocando ideias, entre si, sobre menstruação, relações sexuais, parto, etc. Os meninos pré-púberes também procuram conhecimentos e ficam frequentemente fascinados pelas conversas de conteúdo sexual.

A puberdade, que se inicia por volta dos treze anos, representa a maturação dos órgãos reprodutores, preparando o indivíduo para a sexualidade adulta (D´ANDREA, 2000).

De acordo com D´Andrea (2000), a menina renuncia definitivamente aos impulsos masculinos e o menino supera sua ansiedade de castração. Ambos abandonam os objetos sexuais incestuosos e tornam-se plenamente livres para escolher objetos fora da família.

O fenômeno da puberdade pode ser retardado no seu início ou variar na sua duração de acordo com a raça, condições climáticas e sociais e disposições constitucionais. A época de início e a duração da puberdade não são, em si, causa de transtornos.

Puberdade no sexo feminino: a primeira menstruação ou menarca, que segue às modificações físicas e mentais que vinham ocorrendo na menina pré-púbere, é o sina mais importante de que ela está definitivamente abandonando os anos da infância para tornar-se mulher.

Algumas meninas tem sua primeira menstruação sem informações precisas ou, mesmo, sem nunca terem ouvido falar nada sobre o mesmo assunto. O evento que, para aquelas que até então tiveram um adequado desenvolvimento psicossexual é esperado com entusiasmo, para as mal orientadas pode ser traumático (D´Andrea, 2000).

A jovem que já sentiu algum embaraço social pelo seu desenvolvimento físico pré-puberal, isto é, pelo fato de não ser mais uma criança, de aumentar em altura, começar a ter seios, alargar nos quadris, surgirem-lhe pelos corporais, pode defrontar-se com outras situações embaraçosas se não estiver preparada para a menarca.

D´Andrea (2000), menciona que, a aceitação, pela jovem, das mudanças corporais e da menstruação na puberdade, depende da estabilidade de suas identificações femininas. Durante a puberdade é importante, também, a observação das atitudes dos pais e do meio, a respeito do papel feminino.

Puberdade no sexo masculino: embora o desenvolvimento físico dos meninos,