Adolescência e Psicanálise: Intersecções possíveis

FACULDADE SÃO FRANCISCO DE ASSIS – UNIFIN

Bruna Freitas

Valéria Campelo

Cristina Py de Pinto Gomes Mairesse

Delinquência e Adolescência - Capítulo: 9

Adolescência e Psicanálise: Intersecções possíveis

Porto Alegre

2017

Delinquência e Adolescência: Reflexões Psicanalíticas

        A adolescência é caraterizada como o período de transição no qual ocorrerá diversas mudanças significativas na vida psíquica do sujeito. O sujeito não é mais criança, porém também não é ainda adulto. Na adolescência existem, portanto, as vivências de traumáticas rupturas, frente as quais o sujeito vê-se impedido a empreender um novo processo identitário, sendo uma etapa caracterizada como crise.

        As mudanças físicas e psíquicas geram uma explosão de sensações e pulsões correspondentes a uma fragilidade dos recursos do ego, ou seja, o adolescente tem dificuldades para obter o equilíbrio pulsional.

        Nos tempos atuais, de acordo com Levy, há um “borramento dos limites que instaura uma desorientação ética e moral”(p. 370). Vive-se na contemporaneidade, uma cultura marcada por uma fluidez das relações interpessoais e por um tipo de mal-estar caracterizado pela inconsciência e fragilidade dos vínculos (Bauman, 1997).

        A violência e a delinquência na adolescência repercutem na construção da subjetividade e nos efeitos decorrentes tanto no cenário familiar quanto social. É importante situar o contexto social como um dos fatores que influenciam no processo de formação da subjetividade.

        O pensamento freudiano propõe que, no processo de construção das normas civilizatórias, faz-se necessário inibir expressões da pulsão agressiva e sexual quanto a sua finalidade, desviando sua energia para atividades em prol da coletividade. A agressividade é ameaça constante de destruição para a sociedade civilizada, devendo, portanto, ser inibida.

        É inquestionável o fato de o contexto atual ser marcado pela presença da violência. Se antes ela se expressava através de guerras, hoje não é necessário um motivo para que ela se instaure.

         O autor se propõe a fazer uma reflexão, sobre adolescência e a delinquência, tratando de somar esforços e recursos para uma melhor compreensão sobre este fenômeno, questionando o desamparo e descuido que esses jovens sofrem na sociedade atual. O fenômeno da delinquência possui caraterísticas variadas, sendo resultado de vários fatores, o que faz o autor refletir sobre os fatores psíquicos, sob a luz da psicanálise.

        A qualidade do cuidado recebido, desde o início da vida, é essencial para a formação do sujeito psíquico. E na adolescência, principalmente, é necessário que haja um acolhimento e um auxílio na tarefa de construção da identidade, principalmente no espaço familiar. Quando o adolescente não encontra esse amparo, ou não aprende a lidar com as separações e frustrações necessárias, ele tenta encontrar uma forma de criar um outro espaço para ele, onde ele seja aceito, como no ato delinquente feito por grupos.

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