As Estruturas Clínicas - Psicanálise
Por: Matheus Sousa • 14/9/2018 • Trabalho acadêmico • 1.334 Palavras (6 Páginas) • 409 Visualizações
As Estruturas Clínicas
A Estrutura em Psicanálise:
Sigmund Freud constrói a teoria psicanalítica apoiando-se em alguns conceitos, sendo o Complexo de Édipo talvez sua pedra angular. Como nascemos de um casal, formamos com ele um triângulo. Nesta configuração, cada elemento exerce uma função específica. A mãe é o primitivo objeto de amor. O pai, o representante da lei do desejo e responsável para que a lei seja aplicada. A criança transitará entre um e outro, atravessando diversas fases em seu desenvolvimento até que possa (ou não) constituir-se como sujeito desejante e de linguagem, inserido na cultura. O conceito de estrutura se coloca -se também, junto de outros, no centro da teoria psicanalítica, norteando assim a prática clínica do terapeuta que por ela optar fazer uso. Martinho (2011) aponta que noção de estrutura no campo psicanalítico é muito pertinente nas formulações freudianas e seus destinos no percurso teórico de Lacan. O termo estrutura encontra-se implícito na obra de Freud no que tange à importância do diagnóstico diferencial. Lacan se propôs a reler Freud a partir do estruturalismo a fim de reconduzir a experiência psicanalítica à fala e à linguagem.
As estruturas clínicas, portanto, irão depender da atuação das figuras parentais, sendo que o pai, por sua presença ou ausência, por sua atuação ou omissão, terá um papel predominante. É função paterna provar à criança que tem desejo e palavra, autoridade e comunicação. O que determina cada estrutura clínica é, pois, como o sujeito encena, apreende e interpreta sua história diante das funções materna e paterna.. Na obra "Sobre o início do tratamento", Freud (1913) postula que os analistas pratiquem o tratamento de ensaio algumas sessões antes de iniciar o trabalho de análise propriamente dito. O objetivo disso estaria em conseguir de forma concreta estabelecer o diagnóstico diferencial. Na época, referia-se diretamente à diferença entre neurose e psicose.
A Neurose pode ser entendida como a estrutura resultante de um conflito infantil recalcado. Podemos chegar na estrutura neurótica quando, passado pelo complexo de Édipo, a lei simbólica é escrita com sucesso no psiquismo do indivíduo. A criança, antes submetida ao Outro absoluto, não barrado, encontra-se a partir de agora, diante de um Outro barrado. Inaugura-se então a cadeia significante do Inconsciente do sujeito, momento correspondente ao recalque originário.
A inclusão do significante do Nome-do-Pai no Outro marca, portanto, a entrada do sujeito na ordem simbólica e permite a inauguração da cadeia do significante no inconsciente, implicando as questões do sexo e da existência, questões fechadas ao sujeito neurótico. Do campo das neuroses podem surgir também quadros clínicos importantes. A neurose é uma maneira do sujeito se defender da castração a que foi submetido, numa fixação edipiana. Pode ser através da histeria; da fobia ou da neurose obsessivo-compulsiva. Na histeria, o conflito se mostra de modo dramático ou teatral, sob forma de simbolização através de sintomas no corpo: ataques ou convulsões; paralisias ou contraturas; cegueira ou outras conversões somáticas. Na fobia, que também pode ser vista como um sintoma histérico, o sujeito traduz a angústia primitiva da castração num pânico imotivado, frente a algo que, de fato, não oferece perigo. Difere, assim, do medo racional e objetivo. Já a neurose obsessivo-compulsiva é caracterizada por um conflito infantil e por uma fixação da libido na chamada fase anal do desenvolvimento.
Para se falar de Psicose, é necessário acentua-la como uma estrutura no que se revela dizer do sujeito e que corresponde a um modo particular de articulação dos registros do Real, Simbólico e Imaginário, como nos afirma Quinet (2003). Dada a lei inscrita no Outro, inaugurando a simbolização, a foraclusão Nome-do-Pai, precursora dos casos de psicose, corresponde no sujeito a abolição da lei simbólica. A foraclusão consiste na não passagem adequada pelo complexo edipiano. O Outro do neurótico é mudo. Seu discurso não atravessa o muro da linguagem a não ser pelas formações do inconsciente.
Na psicose, o Outro fala, aparece às claras, provocando no sujeito todo tipo de reação: Terror, pânico, exaltação. Isso faz com que o psicótico, diferente do neurótico que habita na linguagem, seja habitado, possuído por ela. Quinet (2003) afirma ainda que Lacan compara essa situação pouco estável do sujeito antes da descompensação psicótica a um banquinho de três pés, ao qual falta um quarto que lhe daria estabilidade, sendo o sujeito levado a servir de “bengalas imaginárias” para lhe darem o devido apoio frente ao significante ausente. No que diz respeito à busca pela obtenção do prazer, Lacan postula que a postura do sujeito psicótico frente ao Gozo não é de rejeição. Ele é literalmente invadido, assujeitado, sendo atacado pelo gozo em seu corpo, seus sentidos e seu pensamento.
A terceira estrutura psíquica postulada seria então a perversão. Enquanto o neurótico é inscrito na lei e o psicótico a foraclui, o perverso sabe da existência da lei simbólica, mas a nega. A perversão pode manifestar-se fenomenologicamente de maneiras distintas e os comportamentos são agrupados em categorias diversas, entre elas, exibicionismo, fetichismo, masoquismo, sadismo e voyeurismo. Essa enumeração hoje em dia já e é encontrada
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