As Praticas Sociais e Subjetividade
Por: Laura Garcia • 11/4/2022 • Pesquisas Acadêmicas • 2.978 Palavras (12 Páginas) • 164 Visualizações
adolescência presente no mundo contemporâneo, e questões relacionadas a ela dentro do contexto do mundo do trabalho.
A passagem da infância para a adolescência é um momento decisivo na vida de jovens. Como veremos adiante, é quando ocorrem importantes mudanças de autoimagem e percepção do alcance de suas ações no mundo. Busca pela identidade
Dependendo da orientação dos adultos sobre os caminhos por onde começar, e destituídos de perspectiva, acabam desistindo de se sonharem em carreiras promissoras dentro do universo sócio laboral, como visto no documentário “Nunca me Sonharam” (Cacau Rhoden, 2017).
Ao escolhermos o “mundo do trabalho” como enfoque, pensamos numa característica factual e que trouxesse parte dos conflitos referentes à idade para o campo de atuação do psicólogo.
contextualização do fenômeno da adolescência, e discorremos a respeito da maneira em que ela vem se articulando com o universo socio laboral desde o século passado até a atualidade, pensando em importantes mudanças que ocorreram neste contexto.
e realizamos algumas analogias às experiências e observações, pensando sobre a adolescência e os possíveis fatores socioculturais que compõe as principais questões que interferem na escolha e atuação profissional dos jovens.
voltado ao mundo do trabalho, procurando ter um olhar mais profundo para as diferenças, pluralidades e para a compreensão do mundo do trabalho com a realidade da vivência da adolescência.
Mas o autor analisa outro fator importante, voltado à economia, onde a cultura juvenil tornou-se dominante nas economias de mercado desenvolvidas, em parte porque representava agora uma massa concentrada de poder de compra” (HOBSBAWN, 1995, p. 320). Com o agravante de que a geração estava mais apta a lidar com os avanços rápidos das tecnologias. Se nas configurações anteriores o padrão era os filhos aprenderam com os pais, agora há muita coisa que os pais não sabem ou sabem menos e os filhos sabem mais. (HOBSBAWN, 1995, p. 320). As mudanças foram grandes e num curto espaço de tempo. Como diz Hobsbawn:
Um exemplo disso está no filme Confissões de Adolescente (2018), onde pudemos observar que uma jovem adolescente, ganhava dinheiro concertando smartphones, ensinando pessoas mais velhas a fazer backups, entre outras coisas.
Conceitualmente, a adolescência emerge com maior força no início do século XX, com a publicação de um tratado sobre a adolescência (1904), do psicólogo norte-americano Stanley Hall, marcando a entrada da adolescência na psicologia evolutiva. Segundo ele, a adolescência é:
Uma idade especialmente dramática e tormentosa na qual se produzem inúmeras tensões, com instabilidade, entusiasmo e paixão, na qual o jovem se encontra dividido entre tendências opostas. Além disso, a adolescência supõe um corte profundo com a infância, é como um novo nascimento (tomando a ideia de Rousseau) em que o jovem adquire características humanas mais elevadas. (DELVAL, 1998 apud ABRAMO e LEÓN, 2005, p. 11)
Em conjunto com o desenvolvimento cognitivo, na adolescência se inicia a configuração de um raciocínio social importante para a compreensão dos sujeitos de si mesmos, das relações interpessoais, e dos costumes sociais. (MORENO e DEL BARRIO, 2000 apud ABRAMO e LEÓN, p. 11)
Na teoria sociológica, a adolescência se compreende como o resultado de pressões e tensões que advém do contexto social, visto que se relacionam com o processo de socialização e a consequente aquisição de papéis sociais pelos adolescentes. (DEVAL,1998 apud ABRAMO e LEÓN, 2005, p.12)
Ao desenvolver sua teoria sobre processos grupais, Pichon-Rivière considerou que o indivíduo assume papéis na interação social em relação a sua tarefa dentro de um grupo de construção coletiva. Assim como a origem mais remota do conceito de papel, que vem do teatro grego, está relacionada à noção de personagem. Os indivíduos são capazes de desempenhar múltiplos papéis na vida, sem que isso represente necessariamente um problema. (RIVIÈRE, 1975 apud VIEIRA, 2006, p.3) FILME CASA GRANDE
Rivière define o papel como um modelo organizado de conduta, relativo a uma certa posição do indivíduo na rede de interações, ligado a expectativas próprias e dos outros”. (ibidem)
Este comportamento é fundamental para entendermos o que define o vínculo humano e suas relações de trabalho. Podemos pensar em quais conjuntos de condutas são esperadas dos indivíduos e grupos de adolescentes integrantes das instituições, que ao viabilizarem o fazer do indivíduo e do grupo também controlam a ação coletiva para que permaneça no limite do que é esperado. O que coloca a subjetividade em perspectiva perante às determinações culturais, sociais e organizacionais. (ibidem)
Exemplos destes fatores podem ser associados a alguns registros de observação realizados, como por exemplo, nos filmes “Casa Grande (Felipe Barboza, 2014) e Confissões de Adolescente” (Cris D’Amato e Daniel Filho, 2018) onde adolescentes entram em conflito entre o que realmente querem para seu futuro e o que é esperado deles pelos pais e pela sociedade.
Segundo Vieira (2016, p.3), o que indica “maturidade no exercício dos papéis sociais, não se avalia pela quantidade, mas pela coerência interna no desempenho dos papéis”. Ou seja, o papel desempenhado pelo adolescente no mundo do trabalho, pode ganhar um aspecto dinâmico e criativo à medida em que estes jovens possam imprimir sua marca, suas interpretações pessoais e seu diferencial que advém de seu próprio momento histórico de vida e contexto social em que estão inseridos.
Acreditamos que essa compreensão do adolescente e dos processos grupais também pode agregar sentido na discussão sobre as práticas sociais e coletivas em relação à subjetividade humana dentro do mundo do trabalho.
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