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Atividade Acadêmica Bases da Teoria Psicanalítica

Por:   •  21/8/2024  •  Trabalho acadêmico  •  1.886 Palavras (8 Páginas)  •  25 Visualizações

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CASO DARIO

Atividade Acadêmica Bases da Teoria Psicanalítica

Grupo: Melina Finkelsztejn , Gabriela Koza , Simone Domingos e Adriana Neves.

 Professora Paula Kegler.

     Resumo do caso

         De acordo com a narrativa do autor Gabriel Rolón, o paciente Dario é um jovem professor de música, filho único que ainda mora com os pais e mantém uma boa relação com eles. Orgulha-se da relação de marido e mulher que seus pais construíram, relatando que quase não brigam, considerando-os perfeitos. Alegou, na primeira consulta, que gostaria de ter uma companheira como a de seu pai (ROLÓN, 2008).

         Dario procurou o analista porque sentia ciúme intenso da namorada, uma professora de educação física na mesma escola que ele leciona. Silvina é uma jovem, segundo Dario, muito bonita e desperta interesse em todos os homens que cruzam por ela. Embora tenha a certeza da integridade da moça, interpreta suas atitudes como propositalmente sedutoras, no intuito de chamar a atenção dos outros para si, ser o centro das atenções. Durante dois anos de terapia a questão vai sendo desenvolvida, conexões são feitas a partir das falas de Dario, que acabam por conectar a relação dele com a mãe e as suas reações diante da beleza e desenvoltura da namorada.

        Dario apresenta dois sonhos ao analista: no primeiro, está em uma festa de casamento com a namorada, que finda por ser o centro das atenções. Ao final do relato, faz uma brincadeira, referindo que ela seria Mireya, “Mire yá”. A questão do olhar, sempre presente, de ser o centro dos olhares, faz emergir uma vontade que Dario tem de que todos olhem, em verdade, não para sua namorada, mas para ele.

        No segundo sonho, Dario é um adulto diante de uma mansão, na qual está uma criança de cerca de cinco ou seis anos. A criança chora e Dario se sente impotente, entra na casa, gostaria de atender a criança que não deveria estar ali. No quarto ao lado há um casal que briga, que grita. No trabalho psicanalítico de interpretação do sonho e nas consultas seguintes, vem à consciência de Dario a certeza de que ele era a criança do sonho, que escutava as relações sexuais dos pais no quarto ao lado, sentindo-se, nesse momento, abandonado por eles.

        No momento que Dario decide revelar ao analista que vem praticando exibicionismo: esporadicamente vai a bairros mais humildes, escolhe uma senhora de meia idade, “feia”, cansada, retornando do trabalho e exibe o pênis ereto para ela. Após xingamentos, se afasta, retorna a casa, lava-se e janta com os pais interrogando-se “como não veem o que ele faz?”.

         Novamente o olhar emerge nas questões suscitadas por Dario. Com o trabalho analítico, concluem (terapeuta e paciente) que “essas mulheres não são como sua mãe, mas como você queria que fosse. Mulheres que as pessoas veem velhas e carentes de erotismo” (ROLÓN, 2008). Para Dario, a mãe, companheira desejável do pai, permaneceu erotizada em seu inconsciente, dando ao outro (ao pai) tudo (a atenção, o olhar) que Dario desejava.

        O exibicionismo, o ato de forçar mulheres (que representavam o que a mãe “deveria ser”) a olhar para seu pênis, como atenção total, foi relacionado pelo terapeuta com a sensação originária do ciúme dirigido à namorada, de que ela provocaria o olhar dos demais, dando-lhes tudo o que ele, Dario, desejava. Um ano depois desse “achado”, Dario saiu da casa dos pais, não voltou a se exibir e encerrou o namoro em busca de um relacionamento mais maduro.

Teoria da Sexualidade Infantil

         

         Diante desta concepção de sexualidade descolada da mera função da reprodução da espécie, nos deparamos com uma infinidade de possibilidades de composição de um sujeito singular, que se desenvolve gradualmente, mediante experiências prazerosas, mas também frustrantes. Algumas dessas experiências podem ser traumatizantes, conforme o grau de desenvolvimento da criança, sobretudo se exposta a situações para as quais não dispõe de repertório e maturidade corporal suficientes para a compreensão de acontecimentos. Muito mais do que a realidade em si, as experiências psíquicas e as fantasias são constituintes do sujeito, por vezes, mais importantes para a psicanálise do que a realidade objetiva.

        No caso de Dario, o segundo sonho relatado ao analista traz à tona uma experiência traumática nesse sentido. O conteúdo inconsciente revelado no sonho é o de uma criança fechada em um quarto, abandonada, com medo, que escuta um casal brigando no quarto ao lado. Dario também comparece como adulto no sonho, ao mesmo tempo em que como criança, ambos, o homem e o menino, ficam paralisados diante da aterradora experiência.

        Ao interpretar os conteúdos inconscientes apresentados nessa cena, Dario percebe que se trata da visão infantil de um casal tendo uma relação sexual. Refere, posteriormente, como sendo uma lembrança, uma possível passagem vivida por ele na infância, bem como as percepções e julgamentos marcadas em seu inconsciente, feitas por uma criança de 5 ou 6 anos.

         

Complexo de Édipo

        O que percebemos na história de Dario, pelos seus relatos de sonhos e chiste, é que ele não teve um desfecho adequado para esta fase. Sua admiração pela mãe ultrapassa a linha da figura materna, quando externaliza que gostaria de ter uma companheira igual a sua mãe, ou que a mãe é “linda”, etc. A necessidade inconsciente de ter a atenção da mãe é desvelada no sonho quando conclui que seus pais lhe abandonaram para fazer “outra coisa”, porque “tinham que transar”.

         Ainda assim, parece não ter havido adequada castração desse desejo pela mãe. Em verdade, Dario pouco fala de seu pai, evidenciando que ele não simbolizou suficientemente o interdito (embora fosse descrito, sim, como o parceiro da mãe, aquele que “possuía” o objeto de seu desejo).

         Igualmente, o analista propõe a Dario que a mãe seguiu com uma imagem demasiado erotizada, o que dificultaria a escolha de objeto em “dois tempos”. No primeiro tempo, a escolha seria dirigida pela “corrente terna”, em que os sentimentos sexuais, não utilizáveis de forma genital e coordenada pela criança em desenvolvimento, são convertidos em ternura e admiração. Quanto à retomada do desenvolvimento genital, findo o período de latência, os objetos infantis renunciados são substituídos por um recomeço, no qual predomina a “corrente sensual” (FREUD, [1905] 1996, p. 111).

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