Bateria Fatorial de Personalidade
Por: Camilo-Daiane Souza Ferreira • 11/9/2017 • Artigo • 4.460 Palavras (18 Páginas) • 2.041 Visualizações
Bateria Fatorial de Personalidade
A Bateria fatorial de personalidade (BFP) é um instrumento psicológico construído para a avaliação da personalidade a partir do modelo dos Cinco grandes fatores (CGF) que inclui as dimensões: socialização, realização, neuroticismo, abertura a experiências e extroversão. Foi produzido no Brasil, levando em conta a língua do país, as diversas regiões e valores culturais e especificidades de quadros clínicos. Tudo isso, diferencia o BFP de outros testes feitos em outros países e adaptados para o nosso país.
O teste foi elaborado a partir da seleção dos itens com as melhores propriedades psicométricas das escalas individuais para a avaliação dos cinco fatores.
O modelo dos cinco grandes fatores de personalidade
Na literatura conhecida como Big Five ou Five fator model, descreve a personalidade de forma elegante, econômica e simples. O modelo dos CGF tem origem em um grande conjunto de pesquisas na área da personalidade, envolvendo especialmente as teorias fatoriais e as de traço. Esta abordagem iniciou-se com McDougall em 1932, pela primeira vez, apresentou uma explicação teórica de personalidade a partir de cinco fatores. Então, esse trabalho inspirou Thurstone em 1934 a desenvolver pesquisas para verificar empiricamente a adequação do modelo.
Já e 1960 o trabalho de Tupes e Chistal, é reconhecido hoje como um marco no desenvolvimento do modelo CGF. Eles analizaram 30 escalas de Cattel utilizando pela primeira vez um computador para analises fatoriais. Os resultados mostraram que uma solução de 5 fatores seria mais adequada. Este trabalho ficou relativamente desconhecido da comunidade científica por muitos anos. Um outro motivo para a recepção tardia do modelo é decorrente da concepção que os psicólogos da época tinham sobre o campo da personalidade.
Digman (2002) indicou que, a partir da década de 1960, os elementos necessários para o desenvolvimento do Modelo estavam presentes e claramente definidos, incluindo a proposta dos cinco fatores de McDougall, que foram verificados por um estudo pioneiro desenvolvido por Thurstone, considerado um dos principais psicometristas da sua época.
Dessa forma, o modelo dos CGF desenvolveu-se a a partir das pesquisas realizadas na área das teorias fatoriais e das teorias de traços de personalidade, as últimas duas contribuíram muito para o desenvolvimento de sua base teórica. Já as teorias fatoriais contribuíram grandemente sobre o aspecto instrumental e metodológico que, de maneira gradual, convergiram para uma solução de cinco fatores. Esse processo deu-se a partir do avanço das técnicas fatoriais e da computação, além da elaboração de métodos mais sofisticados de localização e extração de fatores, que acabaram dando respaldo a essa forma de organização e explicação da personalidade.
Embora o modelo dos CG tenha se desenvolvido a partir de metodologias empiricistas, ele tem se mostrado capaz de explicar resultados obtidos em testes criados a partir de diversos modelos teóricos de personalidade. Esta “tradução” de instrumentos com forte embasamento teórico para o modelo dos CGF tem permitido uma compreensão do que representam esses fatores, uma comparação sistemática de diversos constructos- que são avaliados por diferentes instrumentos- e um melhor entendimento das suas diferenças e semelhanças.
Por que Cinco Fatores?
Curiosamente a descoberta dos cinco fatores foi acidental e constitui-se uma generalização empírica, replicada independentemente, inúmeras vezes. Como o modelo não foi desenvolvido a partir de uma teoria, não há consequentemente, uma explicação teórica a priori e satisfatória dos motivos que levariam a organização da personalidade em cinco (e não em quatro ou sete) dimensões básicas.
Definições dos Cinco Grandes Fatores
Extroversão está relacionado com às formas com que as pessoas interagem com os demais e que indica o quanto são comunicativas, falantes, ativas, responsivas, assertivas e gregárias. Refere-se a quantidade e intensidade das interações interpessoais preferidas, ao nível de atividade, à necessidade de estimulação e à capacidade de alegrar-se. Pessoas altas em extroversão tendem a ser sociáveis, ativa, falantes, otimistas e afetuosas. Indivíduos com scores baixos tendem a serem reservados (não necessariamente inamistosos), sóbrios indiferentes, independentes e quietos. Introvertidos não são necessariamente pessoas infelizes ou pessimistas, mas não dados aos estados de espírito exuberantes que caracterizam os introvertidos.
Socialização refere-se à qualidade das relações interpessoais dos indivíduos e se relaciona aos tipos de interações que uma pessoa apresenta ao longo de um contínuo, que se estende de compaixão e empatia ao antagonismo. Pessoas altas em socialização tendem a ser generosas, bondosas, afáveis, prestativas e altruístas.
O neuroticismo refere-se ao nível crônico de ajustamento e instabilidade emocional dos indivíduos; também representa as diferenças individuais que ocorrem quando pessoas experienciam padrões emocionais associados a desconforto psicológico (aflição, angustia, sofrimento etc.) um alto nível de neuroticismo identifica indivíduos que são propensos a vivenciar mais intensamente sofrimento emocional.
O fator realização descreve características como grau de organização, persistência, controle e motivação. Pessoas altas em realização tendem a ser organizadas, confiáveis, pontuais, decididas, trabalhadoras, ambiciosas e perseverantes. Escores excessivamente altos em realização estão associados ao transtorno obsessivo compulsivo.
O fator de abertura refere-se aos comportamentos exploratórios e ao reconhecimento da importância de ter novas experiências. Sujeitos com os escores altos nesta dimensão são curiosos, imaginativos, criativos, divertem-se com novas ideias e possuem valores não convencionais.
Aplicação e levantamento de bateria fatorial de personalidade
Procedimentos para a aplicação da BFP
- Preparar o ambiente antecipadamente. Não há limite de tempo e usualmente não ultrapassa 40 minutos.
Material
- Caderno de aplicação de testes: contém as instruções e 126 itens.
- Protocolo de respostas: onde são registradas as respostas aos 126 itens e informações sobre as pessoas avaliadas.
- Protocolo de apuração (em caso de correção manual)
- Caneta
- Ler as instruções para a examinado
Situação de Aplicação
A BFP pode ser aplicada individualmente ou em grupos de qualquer número de sujeitos, desde que haja acomodações suficientes e adequadas, além de pessoal de apoio, quando se trata de uma aplicação com grandes grupos. O teste não tem limite de tempo e usualmente não ultrapassa 40 minutos.
Além das recomendações relativas aos procedimentos para a aplicação do teste, é necessário salientar a importância do ambiente na aplicação de um instrumento psicológico, devendo assim o ambiente ser adequado.
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