COMPORTAMENTO SUICIDA NA ADOLESCÊNCIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO CONTEXTO CLÍNICO
Por: Luana Moura Sousa • 10/5/2021 • Pesquisas Acadêmicas • 2.162 Palavras (9 Páginas) • 182 Visualizações
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COMPORTAMENTO SUICIDA NA ADOLESCÊNCIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO CONTEXTO CLÍNICO
SOUSA, L. M. ¹; OLIVEIRA, I. J. S. ²; CONSTANTINO, L. C. C. S. ³
¹Acadêmica do curso de Psicologia no Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA. E-mail: luanamourasousa@hotmail.com
²Graduado e Mestre em Psicologia pela PUC-GO. Docente do Curso de Psicologia do CEULP ULBRA - Palmas. Docente Efetivo do Centro Universitário UnirG. E-mail: iranjsoliveira@hotmail.com
³Acadêmica do curso de Psicologia no Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA. E-mail: liliaccsconstantino@hotmail.com
RESUMO: O presente relato de experiência será apresentado no contexto clínico, revelando procedimentos e técnicas aplicado no processo terapêutico, na perspectiva da Análise do Comportamento, buscou compreender e intervir nos repertórios que mantém uma adolescente de 17 anos do sexo feminino, solteira, cursando o ensino médio e de nível socioeconômico médio, com comportamento depressivo de ideação suicida. Nessa perspectiva, o objetivo é treinar e promover autoconhecimento por parte da participante. Os resultados foram conforme as intervenções realizadas no setting terapêutico seguidas de modificação nos comportamentos inadequados, e na produção de novos repertórios mais assertivos, que garantiu a participante qualidade de vida saudável no seu respectivo ambiente.
PALAVRAS-CHAVE: Depressão, Suicídio, Ideação Suicida, Terapia Comportamental.
INTRODUÇÃO: A Análise do Comportamento revela o caminho para a identificação e compreensão, dos agentes causadores e mantenedores dos comportamentos, no processo de interação do ambiente, inclusive dos comportamentos problema (SKINNER, 1953/2007). Bitondi e Setem (2007) esclarecem o que faz um terapeuta comportamental: ensinar o cliente a examinar e discriminar as contingências que influenciam suas ações, ou seja, autoconhecimento, estimular o cliente de tal maneira que ele identifique quais contingências são aversivas e quais ações que ele precisará desenvolver para modificá-las. A adolescência é caracterizada por ser um período característico em virtude das diversas mudanças e exigências que ocorrem nessa ocasião, pois é um momento em que o adolescente se depara com diversas situações que podem contribuir para a flutuação de humor e alterações significativas no comportamento (BALLONE; MOURA, 2008). Depressão e suicídio em adolescentes, refere-se uma das demandas mais delicadas quando se aborda adolescentes com quadro clínico de comportamentos depressivo, pois o suicídio consiste na terceira maior causa de óbito entre eles (WHO, 2014). Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2004) a depressão é qualificada por um período contínuo e prolongado de humor deprimido, perda do interesse e prazer, aproximadamente total. Ressaltam Botega e Werlang (2004) que a escolha para o suicídio é multifatorial, ou seja, envolve diversos eventos que compõem a vida do indivíduo. Também devem ser considerados os fatores filogenéticos, ontogenéticos e culturais (SKINNER, 1953/2003). O comportamento suicida é classificado, com constância, em três categorias diversas: ideação suicida, tentativa de suicídio e suicídio consumado. Assim, diante dos extremos tem a ideação suicida que são pensamentos, ideias, planejamento e desejo de se matar, tem-se a tentativa que acontece de diversas maneiras e diferentes ambientes, e, no outro, o suicídio consumado, com a tentativa de suicídio incluído entre estes (MARIS; BERMANN; SILVERMAN, 2000). No tratamento da depressão é essencial considerar que cada pessoa deprimida é única e, portanto, o processo de tratamento precisa ser flexível. Existem vários aspectos no tratamento da depressão, mas o objetivo principal da terapia comportamental para a depressão, é provocar um aumento da monitoração sobre responder e reforçar, ou seja, auxiliar o cliente a controlar sobre os efeitos de suas respostas (LORINE, 2005).
MATERIAL E MÉTODOS: A referida pesquisa se deu através do resultado de um relato de experiência na clínica, na linha de base teórica da Análise do Comportamento, centrado na pesquisa descritiva e que se forma em uma pesquisa qualitativa, pois, aponta contribuir conhecimentos para serem analisados. A responsável da participante da pesquisa assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e foi alertada sobre a possibilidade do uso deste trabalho, para estudo científico, utilizando nome fictício, para não exposição da mesma.
SUJEITO DA PESQUISA: A participante Laura (nome fictício), 17 anos, solteira, encontra-se cursando o ensino médio em Palmas-TO. Residindo com o pai (Pintor), mãe (Gerente Financeira) e irmão (Estudante). A cliente obteve indicação dos pais para realizar uma visita a Clínica Escola. Segundo a cliente os pais têm um relacionamento muito conflituoso, de muitas brigas, e isso estava causando sofrimento. A cliente relata que não tem interação com o pai desde o período da infância, há dois anos atrás após uma briga dos pais, a cliente interferiu, o pai agrediu fisicamente e psicologicamente, a partir daí a relação de pai e filha ficou comprometida. Nesse mesmo período cliente conta que começou a surgir comportamentos depressivos e ideações suicida, houve tentativas e a forma era automutilação. Relatou também que seu rendimento no ambiente escolar estava insatisfatório, e em hipótese alguma ter um relacionamento, pois disse que “casar, ter filhos e ser feliz, não faz mais sentindo na vida dela”.
AMBIENTE E MATERIAIS: O atendimento terapêutico foi realizado no consultório padrão do Serviço Escola de Psicologia (SEPSI), no Município de Palmas – TO. Foram utilizados instrumentos diagnósticos e de avaliação, tais como: Questionário de História Vital de Lazarus (1980), Bateria Fatorial de Beck (CUNHA, 2001), (BAI, BSI, BDI, BHI) e alguns objetos como: Instrumento sonoro, notebook, impressora, papel, caneta, pen drive e lenços de papel, além dos Diários de Registros de Comportamentos (BUENO; BRITTO, 2003).
PROCEDIMENTO: Diante da inscrição e feito a pasta de registro, a participante passou por um procedimento de triagem, que resulta no conhecimento da demanda, e posteriormente foi encaminhada para psicoterapia individual no SEPSI. Foi realizada duas sessões semanais, com duração de 50 minutos cada, totalizando 15 sessões individuais com a participante, incluindo uma sessão com o pai individual e duas com a mãe, sendo uma individual e outra com a participante. O processo psicoterapêutico conteve duas fases: Linha de Base e Intervenção I. A linha de base entende-se que é a fase de coleta de dados, acontece na primeira até a terceira sessão, sem apresentação interventiva. Nessa fase foi estabelecendo o vínculo da relação entre cliente e psicoterapeuta, em seguida foi realizada uma entrevista inicial com a cliente, para conhecimento de suas queixas, e por fim sua demanda. Foi explicado de forma clara e objetiva o contrato terapêutico, ocorreu um esclarecimento sobre os procedimentos a serem utilizados na terapia comportamental, das técnicas, da função e do acompanhamento dos dois, cliente e terapeuta. Ainda, com o propósito de obter maiores informações sobre a cliente, foi entregue, como tarefa de casa, o Questionário de História Vital de Lazarus (1980), visando aprofundar abrangente sua história de vida.
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