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CONCEITOS BÁSICOS PARA A DIRECÇÃO NO TRATAMENTO

Projeto de pesquisa: CONCEITOS BÁSICOS PARA A DIRECÇÃO NO TRATAMENTO. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  5/9/2014  •  Projeto de pesquisa  •  4.394 Palavras (18 Páginas)  •  476 Visualizações

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FAPAN - Faculdade do Pantanal

Curso: Psicologia

Disciplina: Psicodinâmica

Professora: Regiane Picão

Acadêmico: Ana Paula Menacho

OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA A DIREÇÃO NO TRATAMENTO (PAGAMENTO, DIVÃ, ENTREVISTAS PRELIMINARES, TEMPO, ATO ANALÍTICO)

1. INTRODUÇÃO

Os textos apresentados neste livro, trás ato que marca um antes e um depois, que traz em si a descontinuidade e como tal tem a estrutura de corte. Ato fundador que se renova em cada psicanálise, tendo Freud nos legado a incumbência de reinventá-la a cada vez que, como psicanalistas, autorizamos o começo de uma análise.

Dar início a uma psicanálise, a partir da demanda de alguém, depende do psicanalista com seu ato de decisão. Este livro, em estudo apresenta um conjunto de "normas" que se convencionou chamar de setting analítico. Trata-se de condições e não de regras ou normas impostas por Freud, pois ele estabeleceu apenas uma única regra para a psicanálise: a associação livre, que é a respostas sobre o tratamento.

Mas como podemos propor ao analisante uma espécie de concretização do Outro, sabendo que numa análise conduzida a seu término, o sujeito é levado a se confrontar com a falta do Outro. justamente porque o Outro falta? No lugar das normas que o dito contrato que pretende figurar o Outro estabelece, Lacan introduz o conceito de ato, retirando assim a psicanálise do âmbito das regras para psicanalítico situá-la na esfera da ética.

É o analista com seu ato que dá existência ao inconsciente, promovendo a psicanálise no particular de cada caso. Autorizar o início de uma análise é um ato psicanalítico — eis a condição do inconsciente cujo estatuto não é, portanto, ôntico, mas ético, pois depende desse ato do analista. O conceito de ato analítico desvela que o dito “contrato” do início da análise exime o analista da responsabilidade de seu ato — trata-se de um contra-ato.

Sendo assim, os textos em estudos trata-se de condições e não de regras ou normas impostas por Freud, pois ele estabeleceu apenas uma única regra para a psicanálise: a associação livre, que é a resposta à pergunta sobre o início do tratamento.

De acordo com o autor, o objetivo é apontar, a partir do ensino de Jacques Lacan, os fundamentos dessas quatro condições enumeradas por Freud. Longe de pretender a exaustão do tema, este trabalho é tão-somente uma introdução às condições da análise, conservando o estilo de conferência no qual foi elaborado. Trata-se de conferir na experiência analítica o quanto essas condições são determinadas pelos próprios fundamentos da psicanálise.

2. DESENVOLVIMENTO

Inicialmente o livro apresenta em seu texto “O início do tratamento”, Freud diz ter o hábito de praticar o que chama de tratamento de ensaio: tratamento psicanalítico de uma ou duas semanas antes do começo da análise propriamente dita. Isto serviria, segundo ele, para evitar a interrupção da análise após um certo tempo.

Nesse mesmo texto, Freud anuncia que a primeira meta da análise é a de ligar o paciente ao seu tratamento e à pessoa do analista, sendo mais explícito em relação a pelo menos uma função desse tratamento de ensaio: a do e, em particular, a do estabelecimento do diagnóstico diferencial entre neurose e psicose.

Nota-se que a expressão entrevistas preliminares corresponde em Lacan ao tratamento de ensaio em Freud. Essa expressão indica que existe um limiar, uma porta de entrada na análise totalmente distinta da porta de entrada do consultório do analista. Trata-se de um tempo de trabalho prévio, à análise propriamente dita, cuja entrada é concebida não como continuidade, e sim — como o próprio nome tratamento de ensaio parece sugerir — como uma descontinuidade, um corte em relação ao que era anterior e preliminar. Esse corte corresponde a atravessar o umbral dos preliminares para entrar no discurso analítico.

Na prática depreendemos, no entanto, que nem sempre é possível demarcar nitidamente esse umbral da análise. Isto ocorre porque tanto nas entrevistas preliminares quanto na própria análise o que está em jogo é a associação livre.

Por sua vez, “este ensaio preliminar”, diz Freud (1913), “é ele próprio o início de uma análise e deve conformar-se às suas regras. Pode-se talvez fazer a distinção de que durante esta fase deixa-se o paciente falar quase o tempo todo e não se explica nada mais do que o absolutamente necessário para fazê-lo prosseguir no que está dizendo.” Temos, portanto, a indicação de que, nesse momento, a tarefa do analista é apenas a de relançar o discurso do analisante.

O analista está submetido a esse paradoxo, a partir do qual decidirá se irá ou não acatar aquela demanda de análise. Do ponto de vista do analista, as entrevistas preliminares podem ser divididas em dois tempos: um tempo de compreender e um momento de concluir, no qual ele toma sua decisão. É nesse momento de concluir que se coloca o ato psicanalítico, assumido pelo analista, de transformar o tratamento de ensaio em análise propriamente dita.

Portanto, Freud (1913), no texto “Sobre o início do tratamento”, refere-se à prática de um tratamento de ensaio para evitar a interrupção da análise, a fim de se conhecer o caso e decidir sobre a possibilidade de sua analisabilidade; como exemplo, a falta de compreensão interna (insight) do paciente poderia ser um empecilho. Esse período, o qual Freud nomeava de tratamento preliminar é, ele próprio, o início da análise e, portanto, considera a regra fundamental da associação livre.

É neste momento da entrevista que acontece o primeiro contato entre analisante (paciente) e analista. Etapa importante para o restante do processo de análise. Isso porque esse primeiro contato abre espaço para a transferência de análise, que até o momento ainda não está, de fato, instalada. No entanto, não podemos dizer que não há transferência, pois se o analisante chegou até o consultório deste analista em especial, isso se deve ao fato de que algo da transferência ocorreu, mesmo que de maneira mais frágil, e que ela se consolida no decorrer do processo, ou seja, se o analisante voltar na próxima sessão. Como sabemos, a transferência é a mola propulsora do tratamento. Ela pode ser positiva ou negativa, e por isso temos a

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