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Culpa do Sujeito contemporâneo

Por:   •  19/4/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.701 Palavras (7 Páginas)  •  238 Visualizações

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A CULPA DO SUJEITO CONTEMPORÂNEO

  1. Culpa clássica - Freud (auto-agressão)

Existe o caminho normativo, da moral, cultural. Existem desejos que nem sempre estão afinados com esse caminho normativo. O caminho normativo cria uma necessidade, a necessidade de ser reconhecido, de ser visto como cervo. Esse caminho normativo enfrenta a concorrência de outros impulsos, de outros desejos. Eu sei que sou o cervo, porém me da muita tentação de viver essa outra experiência. O que é que Freud identificou como culpa? Exatamente o sujeito ceder a essa outra experiência, que sai do trilho da norma, e uma vez transgressor, uma vez transgredindo o caminho da norma, ele seria punido primeiramente por um agente externo, depois agente esse introjetado e transformado em superego, que passa a me punir. É verdade que o superego freudiano, não é formado apenas pela internalização das ameaças parentais, ele também é formado pela cota de agressividade de cada individuo, que não podendo se exteriorizar, se volta contra o próprio sujeito. Agressividade que eu não posso externalizar, que não posso dirigir para o outro, se volta contra o indivíduo. Você pode ter uma casa com pais liberais, e crianças auto exigentes, até tirânicas. Pois esses filhos precisam compensar a falta de diretriz que pais liberais as vezes transmitem para a criança. Falta de diretriz sendo compensada pela tirania dos filhos. Significa que a minha formação superegóica não depende apenas da introjeção da agressividade dos pais. Saber a norma é uma forma de se adaptar e de se sentir seguro em um ambiente. Então repressões severas podem gerar superegos severos. Ausência total de repressão, podem gerar superegos severos também, pela necessidade de controlar o ambiente. No caso freudiano a culpa era filha da agressão sofrida primeiramente por um fator externo, devido a minha transgressão, existe a lei, existe meu feixe de impulsos e nem sempre se sintonizam perfeitamente com a lei, meu feixe de impulsos faz com que eu tenha algo em mim que queira seguir a lei e algo em mim que queria transgredir a lei. Eu transgrido essa lei, eu sou punido e essa punição inicialmente externa e depois internalizada, ela se transforma e é sentida como culpa. Quando ela vem de fora, explicitamente de fora, sem necessariamente você reproduzi-la dentro de você, a gente faz uma distinção entre vergonha e culpa. A vergonha é você se ver errado perante o olhar do outro, a culpa é você se ver errado perante o seu próprio olhar. Quando ela é externa é como se ela fosse mais vergonha que culpa, porem ela pode ser externa e rebater internamente. Ela é externa, eu não me regularia, mas você que é uma pessoa que considero importante para mim, me regula, ai nessa hora eu tenho vergonha e culpa. Eu tenho vergonha porque você falou, e veio de fora, e tenho culpa porque eu aprovo o que você esta dizendo.

  • Eu tenho uma lei, e eu tenho desejos, e esses desejos contrariam a lei, e ao contrariar a lei, eu me puno, ou alguém me puni e eu legitimo essa punição. Sendo assim essa punição externa no final das contas é interna, ou ninguém me puni mas eu me puno. É muito típico do mundo moderno contemporâneo você dizer para alguém que ela não precisa se culpar por isso, e a pessoa mesmo assim se culpa. Ou seja, o fórum de arbitragem ele é interno. Você não me culpa mas eu me culpo. Na via freudiana tem claramente a existência de um sensor que estabelece a lei, sensor esse introjetado, o que faz ele ser introjetado vai alem da identificação com o outro, tem a ver com minhas cotas agressivas. Mas o fundamental é que, existe a lei, eu acho que forma contraria a lei, por isso me punem ou eu me puno. O sentimento de auto punição, de auto agressão gera o que a gente chama de culpa clássica. Foi a culpa tal como discutido por Freud, na obra freudiana.

  1. Culpa pré-linguística/pré-normativa – Winnicott

A culpa clássica de Freud é pós-lei, já na culpa pré-linguistica winnicottiana você não precisa da norma para haver culpa. Pelo contrario é a culpa que gera a norma. Winnicott vai dizer que o que é que gera a culpa é a dinâmica amorosa-agressiva e não a dinâmica normativa. A culpa é gerada pela dinâmica afetiva, amorosa-agressiva. A criança antes de saber o que é a lei, ela se apega a alguém, esse alguém cuida dela, tem uma relação amorosa de cuidado para com ela, e ela durante um tempo não esta muito preocupada com o outro, morde, puxa, explora, faz e acontece, porque ela ainda não tem a devida noção do objeto total. Eu faço isso porque penso que o outro é meu objeto parcial. Winnicott faz uma diferença entre mãe ambiente e mãe objeto. Aquela mãe que cuida e eu quero preservar é uma, a mãe que exploro, sugo, rasgo... é outra. Quando eu fusiono as duas e percebo que a explora, é também a que eu quero manter, ai isso gera preocupação, sentimento de preocupação, eu não quero perder a mãe que eu amo, ao não querer perder a mãe que eu amo, o que eu faço? eu desenvolvo um sentimento de preocupação para com o outro, esse sentimento de preocupação para winnicott é a base da culpa. Preocupado com mamãe, eu vou atender as expectativas de mamãe, as expectativas normativas de mamãe, o que você quer que eu faça? Contenha a agressão? Não faça xixi na cama? Não morda você? O que vc quer? Então para winnicott a culpa é antes de mais nada um fenômeno emocional, e não normativo. A normatividade da culpa é o acabamento que é dado a ela. Mas sem a base emocional, mera norma seria um ruído, que entraria em um ouvido e sairia pelo outro.

OBS: Freud salientou o elemento do temor, culpa, ameaça... mas winnicott foi mostrar que se eu não amar eu não quero corresponder. É preciso querer corresponder para que a culpa seja eficiente. Cumprir a lei para agradar alguém. Então a culpa se transforma em preocupação. E sua dinâmica passa a ser uma dinâmica afetiva, derivada do jogo do amor e da raiva. Ou do amor e da agressão. A preocupação com o outro é que daria a base para as leis e normas. Para Freud o pai é amado e odiado também, ele é idealizado. Então o que ele faz eu não recebo apenas pela pressão da ameaça, eu recebo também pela pressão do querer agradar.

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