Desconstruindo Manicômios

Desconstruindo Manicômios

O filme apresentado “Bicho de Sete Cabeças” leva o telespectador a participar de um amplo debate sobre a situação em que os indivíduos considerados loucos eram introduzidos nos hospitais psiquiátricos, à maneira que a psiquiatria lidava com esses indivíduos, e isso nos traz a história da psiquiatria mundial e brasileira, que já foi iniciada de uma maneira desumana, onde os primeiros hospitais psiquiátricos eram uma espécie de prisão onde à sociedade lançava para lá seus indivíduos indesejados, como mendigos, aleijados, negros, criminosos, assim já mostrando que o foco não era tratar, e sim higienizar a imagem das ruas que eles não queriam ver, também não tinham interesse em tratar.

A partir da proclamação da República (1889) que a psiquiatria passou a buscar soluções mais eficientes junto ao poder público, mas ainda se importavam mais com a loucura do que com o paciente, e com toda a epidemia e a loucura vinham se alastrando, é formado a Liga Brasileira de Higiene Mental, que eram em sua maioria, médicos, que usavam de sua representatividade para por em prática planos de intervenção para Higiene Mental, que procuraram trabalhar em conjunto com a higiene geral, porém mantendo o foco na saúde psíquica, o modelo foi se desativando a partir da década de 50, no momento em que esse modelo de assistência psiquiátrica é questionado diante das inúmeras transformações que o modelo de saúde mental vinha passando na Europa pós-guerra, entrando no mercado os neurolépticos, as primeiras medicações a serem usadas para combater doenças mentais, assim aumentando os questionamentos a assistência psiquiátrica que era oferecida na ocasião, essa transformação acaba causando a “indústria da loucura” na década de 60, onde acontece a criação de muitos hospitais psiquiátricos particulares, substituindo as instituições públicas, o que leva a uma crise na década de 70, com os desmandos da política econômica do governo ditadorial, e as denúncias das precárias condições de vida nos hospícios, levam a um recuo a criação de novos hospícios no país, as imagens das condições em que os pacientes viviam foram abertas para o país, nas décadas seguintes levantam inúmeros movimentos sociais exigindo humanização dos hospícios, como a Frente de Defesa dos Direitos Humanos do Doente Mental e a Rede Internacional de Alternativas à Psiquiatria no Brasil. Em 1987, acontece a I Conferência de Saúde Mental, que consegue mudar leis para garantir hospitais psiquiátricos com melhores condições de vida para seus pacientes, porém, mesmo com a nova legislação, em muitas lugares, a prática profissional não havia mudado, pois mudanças sociais são lentas.

O filme “Bicho de Sete Cabeças” traz ainda outra análise, que é a falta de conhecimento da sociedade sobre as drogas e a maneira correta de como prestar assistência ao individuo que sofre do vicio. Quando o pai de Neto o interna na clinica psiquiátrica de maneira forçada, alegando que ele estava viciado em maconha, sem ao menos dialogar com seu filho sobre, deixando-o a mercê do estado e ouvindo apenas a opinião medica, não dando chances a Neto para dizer o que ele pensava a respeito do tratamento, levando Neto a sofrer a angustia de se sentir abandonado e sem amparo por sua família. Além do fato da própria clinica não fornecer a assistência

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