Desconstruindo Preconceito: Grafite
Por: Rhian Lopes • 16/8/2018 • Artigo • 3.164 Palavras (13 Páginas) • 320 Visualizações
INTRODUÇÃO
O Projeto Grafite teve como objetivo compreender o grafite enquanto arte, desconstruindo preconceitos que o marginalizam e transmitindo essa ideia para a sociedade. O propósito do estudo foi descobrir mais sobre a arte, diferenciando o ato grafite do ato pichação, mostrando às pessoas quais as diferenças entre ambos. O desenvolvimento do projeto viabilizou o acesso a diferentes áreas de conhecimento. Procuramos apresentar no presente texto as possibilidades de aplicação dos saberes adquiridos durante o processo.
Considerando o conhecimento social, a dinâmica da cidade e a arte em constante metamorfose, as pessoas não sabem ao certo o que é o Grafite e sua diferença em relação a Pichação. Acreditamos que diferenciar os elementos de cada um desses atos é importante, por isso, problematizamos os anseios da sociedade expressos pela grafitagem.
O objetivo geral é explorar e compreender o grafite enquanto arte, desconstruindo os preconceitos que o marginalizam, transmitindo os saberes adquiridos para a sociedade. Queremos, então, mostrar à comunidade o que estudamos, o que realizamos e o que descobrimos compartilhando os saberes trabalhados com toda a comunidade de Astorga.
Esperamos que os nossos estudos ofereçam uma contribuição diferenciada para várias discussões científicas em torno de compreensões dos espaços da cidade na cultura contemporânea. Para isso, pretendemos estudar a arte urbana, identificando e diferenciando pichação e grafite.
Outro aspecto importante é estudar a história da Arte, ampliando os conhecimentos sobre os processos históricos e, consequentemente, as adaptações ocorridas ao longo da história humana. Faz-se necessário, ainda, investigar a arte do grafite, sua motivação social, reconhecendo o papel dos grafiteiros. Esperamos que o estudo provoque impactos e repercussões nas áreas envolvidas, a saber: comunicação e artes visuais.
A seguir apresentamos as diferenças sobre o Grafite e Pichação. O grafite é uma arte que é baseada em desenhos: todas as letras e figuras que são utilizadas na pintura são pensadas e elaboradas para que representem aquilo que o artista quer mostrar. A pichação é o ato de escrever ou rabiscar e por isso é considerada vandalismo e contestada por muitas pessoas.
Pensamos em possíveis contribuições do trabalho para a comunidade. Poderemos, ainda, fazer palestras em outras instituições e, até mesmo, chamar algum profissional da área, para montarmos oficinas e falar mais para a comunidade interna e externa, bem como aqueles que não conhecem nenhum dos atos da grafitagem e explicar sobre suas diferenças e aprender juntos com eles.
Esse artigo vai mostrar qual é a nossa ideia, como foi nosso desenvolvimento, a nossa metodologia entre outros aspectos do nosso projeto.
METODOLOGIA
Nossa metodologia se pautou em uma pesquisa sobre a história do grafite e sua relação com a sociedade, desde a antiguidade até os dias atuais, bem como o desenvolvimento dessa linguagem ao longo do tempo e seus impactos sociais.
Dessa forma, foram realizadas pesquisas bibliográficas (revistas e livros) e de multimídia (sites e blogs) sobre o tema proposto com o objetivo de compreender a cultura da arte do grafite, suas técnicas de pintura, seus mitos e motivação social dos grafiteiros. Também realizamos um estudo sobre a Arte urbana, a urbanografia e a street art. Conseguimos entrevistar o grafiteiro Huggo Rocha que mora em Londrina e vimos algumas de suas obras, além disso, tivemos uma oficina com o grafiteiro Rene Meyring que mora em Maringá.
Estamos estudando as técnicas de manipulação de imagem digital através de levantamento de informações sobre as diferentes tecnologias de imagem, como JPEG, GIF, PNG, entre outros. Compreender as técnicas de construção de um aplicativo era uma das pretensões, porém, infelizmente não iremos concluir, dado a falta de tempo mas, acreditamos que nosso esforço foi válido.
Apesar da nossa escola não dispor de todos os materiais adequados para aprendermos na prática tudo que envolve a grafitagem, tivemos a oportunidade de dispor de uma lata de spray e algumas superfícies para testar os métodos, textura e técnicas. Essa experiência foi muito relevante para nosso trabalho, pois, foi um momento em que podemos usar, na prática, aquilo que estudamos e aí encontramos o sentido daquela frase que nos recebe todos os dias no portão de nossa escola “Trabalhar com as mãos, ensina muito”.
O GRAFITE E O CONTEXTO DA ARTE.
A palavra grafite vem do italiano (graffito) que significa inscrição ou desenhos de épocas antigas. Segundo Celso Gitahy “o graffiti veio para democratizar a arte, na medida em que acontece de forma arbitrária e descomprometida com qualquer limitação espacial ou ideológica” (1999, p.13). Por muito tempo o grafite foi considerado um assunto irrelevante, atualmente já é considerado como forma de expressão incluída no contexto das artes visuais, especificamente da street art ou arte urbana onde o artista se expressa nos espaços públicos.
Com base em nossas pesquisas bibliográficas é possível afirmar que o grafite no Brasil chegou na década de 1970 na cidade de São Paulo como forma de manifestação contra a chegada dos militares no poder, como sabemos desde a antiguidade o ser humano executa inscrições na parede. Na década de 1970 foram marcantes os resultados dessa linguagem nos EUA como forma de manifestação social, também podemos afirmar que o grafite surgiu em Paris, em 1968. Nos EUA, um importante grafiteiro foi Jean-Michel Basquiat (1960-1988), cujo trabalhos também compõem o novo-expressionismo.
Através das nossa pesquisas bibliográficas é possível afirmar O grafite chega no cenário metropolitano brasileiro como uma arte transgressora, uma linguagem de rua, marginalidade, que não pode gritar nas paredes da cidade os incômodos de sua época e/ou de sua geração, “importante ressaltar que o grafite, inicialmente, foi uma arte pela autoria anônima, em que os grafiteiros ou “writer” transformam a cidade’’ (2011).
No entanto podemos afirmar com nossas pesquisas, que a motivação de grafitar e pichar, é um modo de impor os valores que lhe foram antecessores pela família, mídia, e pela comunidade em que se convivem.
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