Empreendedorismo A mitificaçao do termo
Por: Natália Gabron • 27/9/2015 • Artigo • 974 Palavras (4 Páginas) • 214 Visualizações
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Introdução
O presente trabalho visa desmitificar o significado do termo empreendedorismo, o qual é utilizado largamente nos dias de hoje; e compará-lo com a significação original, proposta por teóricos antigos. O ensaio pretende, de uma forma ampla, discutir sobre a ressignificação do termo proposto em detrimento do valor antigo, tendo como ponto de partida o esclarecimento do que um mito representa e a aplicação sobre o termo empreendedorismo atualmente, levando em consideração a ideologia que legitima esse deslocamento de significado.
Corpo do Ensaio
Inicialmente é necessário entender o que um mito representa, para isso será utilizada como referência teórica a definição de Roland Barthes, o qual esclarece que o mito é um sistema de comunicação tridimensional composto de significante, significado e signo. Sendo o significante a forma, o significado o conteúdo; o signo, por fim, retrata o deslocamento do sentido original do termo.
Considerando Joseph Schumpeter um expoente no assuto empreendedorismo, a sua definição sobre o tema será utilizada como referência. O conceito, ao qual o autor se refere, diz respeito à capacidade do empresário de combinar inovações, o empreendimento é a realização de combinações novas e o empresário é o indivíduo capaz de realizá-las.
“O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos materiais.” (SCHUMPETER, 1949)
De acordo com Szmrecsányi (2002), Schumpeter tira o enfoque do agente para a ação. No livro Busyness Cycle (1939), Schumpeter esclarece que o foco do empreendedorismo não deve estar no agente inovador, e sim no processo de inovação. O economista afirma ainda, em seus últimos estudos, que a função empreendedora não precisa estar incorporada em uma pessoa física particular.
O que se percebe, atualmente, é um grande incentivo a iniciativa empreendedora. Cada vez mais ocorrem eventos como a Semana Global do Empreendedorismo, feiras organizadas pelo SEBRAE, crédito facilitado para novos empreendimentos; percebe-se, inclusive, um aumento do tema nos veículos de comunicação, os quais têm criado colunas exclusivas sobre o assunto.
Além disso, dentro das universidades também é possível perceber a tentativa de fortalecer esse setor. Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por exemplo, algumas ações têm sido feitas com o intuito de incentivar traços empreendedores nos discentes, entre elas a realização da Maratona do Empreendedorismo, um evento que objetiva prospectar projetos no âmbito acadêmico. Também existem incubadoras empresarias na UFRGS, todas com focos diferentes, incluindo a biotecnologia, informática, engenharia e alimentos. Recentemente foi criado um site direcionado a mitigar iniciativas empreendoras; o site do empreendedorismo da UFRGS divulga cursos, concursos e projetos relacionados ao tema.
Todas essas medidas têm surtido efeito: o Brasil foi classificado como o país com maior iniciativa empreendedora pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM), estando a frente de nações como a China, Estados Unidos, Reino Unido, Japão e França. Outro dado curioso, de acordo com a mesma pesquisa, é que o desejo de ter o seu próprio negócio é o terceiro maior sonho do brasileiro, ficando atrás apenas do desejo de comprar uma casa própria (1 lugar) e de viajar pelo Brasil (2 lugar).
Em contrapartida ao resultado dessa pesquisa vem o indíce de mortalidade de empresas no Brasil, de acordo com o IBGE quase cinquenta por cento das empresas abertas encerram suas atividades após três anos. Segundo o Sebrae, entre as principais razões para a mortalidade precoce das empresas estão a falta de planejamento e o descontrole na gestão. Outro fator que vem de encontro a esse alto número de falência é a falta de inovação nos produtos; de acordo com o gerente geral da Pesquisa e Desenvolvimento da CSN, José Luiz Brandão, aproximadamente onze mil produtos são lançados no país, porém oitenta por cento desaparece em até dois anos. A falta de inovação representa quarenta e oito por cento dos motivos pelo fracasso desses lançamentos.
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