Existencialismo E Fenomenologia
Ensaios: Existencialismo E Fenomenologia. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Manoela9525 • 22/9/2013 • 1.313 Palavras (6 Páginas) • 864 Visualizações
3. Existencialismo e Fenomenologia
Perls descreveu a Gestalt-terapia como uma terapia existencial, baseada na filosofia
existencial e utilizando-se de princípios considerados existencialistas e fenomenológicos.
Embora a Gestalt-terapia não se tenha desenvolvido diretamente a partir de antecedentes
fenomenológicos e existenciais particulares, vários aspectos do trabalho de Perls equiparamse
àqueles desenvolvidos em muitas escolas do existencialismo e fenomenologia. A influência
destas escolas foi difusa, porém substancial. Em geral, Perls contestava de forma ferrenha a
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idéia de que se poderia abranger o estudo do ser humano através de uma abordagem
científico-natural-mecanicista inteiramente racional, como recomendava o positivismo. A
partir disso, Perls associou-se à maioria dos existencialistas, insistindo que o mundo vivencial
de um indivíduo só pode ser compreendido por meio da descrição direta que o próprio
indivíduo faz de sua situação única. Do mesmo modo, Perls sustentou que o encontro do
terapeuta com um paciente, constitui um encontro existencial entre duas pessoas e não uma
variante do clássico relacionamento médico-paciente. O primeiro livro publicado por
Friederich Perls, antes mesmo do nascimento da Gestalt-Terapia, foi "The Ego, Hunger and
Aggression"(1942), onde expressa de forma condensada sua crítica à teoria de Freud. A idéia
de que mente e corpo constituem dois aspectos diferentes da existência diferentes e
completamente separados, era uma noção que Perls, assim como os existencialistas, achavam
intolerável. De acordo com suas objeções, assim como não poderia haver cisão entre mente e
corpo, abandonou também a idéia da cisão entre sujeito e objeto e, mesmo, a da cisão entre
organismo e meio. Ao invés de considerar que cada ser humano encontra um mundo que ele
experiencia como sendo completamente separado de si mesmo, Perls acreditava que as
pessoas criam e constituem seus próprios mundos. Dessa forma o mundo existe para um dado
indivíduo como sua própria descoberta do mundo. O conceito de intencionalidade é básico,
tanto para o existencialismo e fenomenologia quanto para o trabalho de Perls. A mente ou
consciência é entendida como intenção e não pode ser compreendida à parte do que é pensado
ou pretendido. Os sentidos dos atos psíquicos ou intenções devem ser alcançados em seus
próprios termos, fenomenologicamente, e em termos de sua própria intenção particular.
Assim, a crítica existencialista da noção freudiana de instintos é a mesma de Perls, e a libido
constitui um ato psíquico, nem mais básico nem mais universal que qualquer outro. Todo ato
psíquico é intenção, e toda intenção deve ser compreendida em seus próprios termos, e não
em termos de um ato psíquico mais básico. Entre o pensamento existencialista, dois temas
são da maior importância; a experiência do nada e a preocupação com a morte e o medo. Ao
examinar a visão que Perls tem da neurose, veremos que esses mesmos temas também
constituem elementos importantes em sua teoria sobre o funcionamento psicológico. O
método fenomenológico de compreender através da descrição é básico no pensamento de
Perls. Todas as ações implicam escolha, todos os critérios, de escolha são eles próprios
selecionados e explanações causais não são suficientes para justificar as escolhas ou ações de
alguém. Além disso, a confiança fenomenológica na intuição para o conhecimento das
essências assemelha-se à confiança de Perls naquilo que ele chama de inteligência ou
sabedoria natural do organismo. Finalmente, o próprio modo de Perls propor sua abordagem
inclui, como qualquer descrição fenomenológica, as características fenomenológicas e
existenciais descritas acima. Seus livros não são argumentações descrevendo um ponto de
vista particular, uma vez que, na estrutura fenomenológica, a argumentação perde o sentido a
não ser que o leitor, fora do contexto de sua própria experiência, decida aceitar as premissas
de Perls desde o início. O estilo de Perls é imaginativo e pessoal, e sua tentativa é existencial
no sentido em que propõe uma teoria do desenvolvimento psicológico que é inseparável do
envolvimento de Perls com seu próprio desenvolvimento.
4. O Organismo como um Todo
Um conceito fundamental subjacente ao trabalho de Perls tem sua formulação explícita, como
vimos, a partir do trabalho dos psicólogos da Gestalt. Na teoria de Perls, a noção de
organismo como um todo é central, tanto em relação ao funcionamento orgânico quanto à
participação do organismo em seu meio para criar um campo único de atividades. No
contexto do funcionamento intra-orgânico, Perls insistia em que os seres humanos são
organismos unificados e em que não há nenhuma diferença entre o tipo de atividade física e
mental.
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