Fichamento - Carl Rogers
Por: Bárbara Santos de Oliveira • 10/4/2018 • Resenha • 1.175 Palavras (5 Páginas) • 1.520 Visualizações
UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
DISCIPLINA: ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA
DOCENTE: Prof.ª Bianca
DISCENTE: Patrícia Gois
MOREIRA, Virginia. Revisitando as fases da abordagem centrada na pessoa. Estudos de Psicologia, v. 1, n. 1, p. 537-544, 2010.
O artigo insere-se no campo da psicologia e da psicoterapia. A autora utiliza-se de fontes secundárias oriundas de livros e periódicos e conceitos próprios de obras anteriores, com abordagem descritiva e qualitativa.
O objetivo do estudo foi analisar as fases da teoria do psicoterapeuta estadunidense Carl Rogers (1902-1987) até o seu panorama contemporâneo, propondo uma nova fase de vertentes atuais, a Pós-Rogeriana.
O texto inicia-se com a explanação da evolução do pensamento de Carl Rogers, o qual sofreu alterações por muitos anos em sua carreira, desde 1940, quando a sua proposta teórica de psicoterapia surgiu, até 1983, quando conclusivamente ele a denominou “Abordagem Centrada na Pessoa”.
De acordo com a autora, Rogers desenvolveu uma ideia central em seu pensamento que não foi modificada mesmo com as diferentes fases e focos que sua teoria apresentou ao longo das décadas.
Considerando que seu trabalho teve início através de uma experiência clínica com crianças (“O tratamento clínico da criança problema”, 1939), Carl observou que elas possuíam um potencial positivo de desenvolvimento, sendo este o ponto que o levou a propor o conceito de tendência atualizante, ou seja, uma tendência inerente e atuante em todos os seres humanos, que os leva a desenvolver-se em uma direção positiva.
As fases da abordagem de Carl Rogers evoluíram conforme o foco desejado pelo psicoterapeuta, que ora concentrou-se no mundo subjetivo do indivíduo e do desenvolvimento de um sistema de mudança na personalidade (na chamada “Abordagem Centrada no Cliente”), ora voltou-se para os processos sociais e questões como a paz mundial, na então “Abordagem Centrada na Pessoa”, como afirma John Wood (1994), um de seus colaboradores mais próximos.
Entre o início do percurso teórico de Carl até a última fase de sua teoria, alguns de seus comentadores e colegas de trabalho, Hart & Tomlinson, 1970; Huizinga, 1984; Puente, 1970; Wood, 1983, como exemplifica a autora, começaram a dividir seus pensamentos em fases, apesar de haver entre eles algumas diferenças nas acepções das mesmas.
Nesse sentido, Moreira (2010) afirma que a definição de fases mais adotada compreende uma síntese da formulação de Hart & Tomlinson (1970), comentada e ampliada por Cury (1987), Wood (1983), Holanda (1998) e Moreira (1990; 2001; 2007), a qual compõe-se de três fases referentes à psicoterapia: Fase Não-Diretiva (1940 - 1950), Fase Reflexiva (1950 - 1957), Fase Experiencial (1957 - 1970) e uma fase referente à ACP; Fase Coletiva (Moreira, 1990, 2001 e 2007) ou Inter-Humana (1970 - 1987).
A fase não-diretiva (1940 - 1950) possuiu como base os conceitos da obra “Counseling and psychotherapy” (1942), publicada nos Estados Unidos, e no Brasil, com o título “Psicoterapia e consulta psicológica” (1973). Neste período, Rogers definiu sua nova proposta de psicoterapia, a qual enfatizava o impulso do indivíduo para seu crescimento e saúde, considerando mais o presente e os sentimentos individuais, tornando a própria relação terapêutica uma experiência de evolução. Seus ideais foram moldados em face à sua prática com tratamento de crianças no fim da década de 30, justificando sua posição permissiva e neutra. Nesta técnica, o paciente é quem protagonizava o processo da terapia, sendo que o psicoterapeuta (ou “conselheiro”, como denominado nessa fase) intervia o mínimo possível. De acordo com Holanda (1998), o método foi alvo de muitas críticas, que na maioria dos casos descaracterizava a intenção de Carl Rogers com a não-diretividade, que era a desconstrução do autoritarismo do psicoterapeuta.
A fase reflexiva (1950 - 1957) teve por base a obra “Psicoterapia Centrada no Cliente” (1951) e compreendeu o surgimento da Terapia Centrada no Cliente, onde o reflexo de sentimentos era bastante aplicado. Nesta terapia, o objetivo era basicamente proporcionar ao cliente um progresso desprovido de ameaças externas, portanto o terapeuta atuava como facilitador deste meio, sendo agora mais ativo do que na técnica não-diretiva. A autora afirma que, nesta técnica, foi desenvolvida a teoria das atitudes facilitadoras, segundo a qual o psicoterapeuta deveria seguir três condições para o crescimento do cliente: empatia, aceitação positiva incondicional e congruência.
A fase experiencial (1957 - 1970) baseou-se nos conceitos da obra “On becoming a person” (1961), publicado no Brasil sob o título “Tornar-se pessoa” (1976), que expressou uma mudança na terapia até então utilizada, devido a influência de Eugene Gendlin. Segundo Cury (1987; 1988) e Moreira (2001; 2007), o objetivo deste método era priorizar a experiência no processo terapêutico, onde a intervenção do terapeuta pudesse estar em uma espécie de relação intersubjetiva terapeuta-cliente. A autenticidade do terapeuta era considerada uma atitude facilitadora para o tratamento e sua experiência passa a ser componente na interrelação com o cliente. De acordo com Spiegelberg (1972), Rogers aceitava nesta fase muitas críticas e sugestões, sendo uma delas, a proposta de Gendlin, o que ocasionou sua passagem radical do positivismo lógico para uma orientação existencialista na psicoterapia. Segundo Cury (1987), Rogers não definiu teoricamente o processo psicoterapêutico experiencial, sendo ela descrita somente com ênfase no conceito de autenticidade do terapeuta, ponto central da terapia.
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