Freud Além da críticas crítica
Por: Marcosfragoso • 17/3/2016 • Ensaio • 820 Palavras (4 Páginas) • 257 Visualizações
Freud: Além da Alma vs Psicanálise
Se inconsciente é a palavra que resume o pulo do gato de Sigmund Fred, sua grande sacada, por assim dizer, capaz de colocar seu nome junto aos de Copérnico e Darwin, o filme em análise está permeado, do início ao fim de cenas que comprovam a existência e influência inquestionáveis desse mecanismo, posteriormente denominado por Freud de id. Médico vienense, que viveu entre 1856 e 1939, formado em Medicina em 1881 e especializado em Psiquiatria, Sigmund Freud trabalhou com Jean Charcot, psiquiatra francês que se valia da hipnose para tratar histerias. As demonstrações de Charcot, numa cena inicial do filme em questão, já ilustram a existência do inconsciente, sua suscetibilidade aos traumas e lembranças insuportáveis e sua capacidade de alterar o funcionamento da mente humana, uma vez que se trata de parte indissociável do aparelho psíquico e é formador, portanto, de pensamentos. O fato de o recalque, o mais radical dos mecanismos de defesa da psyche, tornar invisível parte da realidade vivida não invalida o fato de aquela lembrança um dia pertenceu ao consciente. Fica bastante evidente, nessa primeira cena em que Charcot demonstra a eliminação de sintomas através de sugestionamento por hipnose, que a causa de referidos sintomas não pode ser fisiológica, uma vez que se comprova que a função neurológica está intacta e o corpo é capaz de responder perfeitamente aos comandos cerebrais.
O caso central da história narrada no filme, qual seja, a da paciente Cecily, originalmente tratada por Joseph Breuer, que transfere o caso a Freud por constatar que a transferência operada está colocando em xeque seu casamento, é o meio pelo qual Freud constrói o conceito que consagrou sua tese e que lhe tornou, num primeiro momento, objeto de riso ante seus colegas médicos em Viena, ante a natural tendência humana de trabalhar com uma ideia nova: a descoberta da sexualidade infantil. Freud e Breuer sabiam perfeitamente que a cegueira de Cecily tinha origem psicossomática e precisavam buscar a memória que originara o trauma, mas imaginavam, ambos, que precisassem escavar até a adolescência de Cecily, não mais que isso, uma vez que não se concebia, até então, que pudesse haver sexualidade antes disso. Freud já ligava traumas impossíveis à libido, que para ele era a energia dos instintos sexuais e só deles. Breuer relutava com referida ideia e, especificamente no que tange à sexualidade infantil, nunca a aceitou, mas mesmo Freud imaginava, nesse momento, ser a sexualidade algo despertado na adolescência, mediante o advento da puberdade. As etapas que se seguiram, entretanto, destravando-se memórias inconscientes que culminaram com a volta da visão de Cecily, a transferência inicial de um amor desta para Breuer, que transferiu o caso para Freud, que passou a ser o objeto de transferência num segundo momento, além das recaídas de Cecily, continuaram intrigando Freud no sentido de que a causa deveria estar em local mais profundo do inconsciente, por assim dizer, sendo necessário escavar mais. Era algo novo, que implicava reconhecer que havia sexualidade na infância, uma heresia para a ciência da época.
Prosseguindo na escavação, Freud finalmente formula o complexo de Édipo, a partir do cotejo de duas situações: a um, a constatação, mediante as lembranças afloradas
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