HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS NA INFÂNCIA, UMA VARIÁVEL FUNDAMENTAL COMO PREVENÇÃO DA DEPRESSÃO
Por: Marcelo Brustolin • 13/5/2020 • Artigo • 1.399 Palavras (6 Páginas) • 191 Visualizações
[pic 1] | XVII JORNADA CIENTÍFICA DOS CAMPOS GERAIS Ponta Grossa, 23 a 25 de outubro de 2019 |
HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS NA INFÂNCIA, UMA VARIÁVEL FUNDAMENTAL COMO PREVENÇÃO DA DEPRESSÃO
Simone Weckerlin Brustolin[1]
Taline Ienk[2]
Resumo: Diante dos números expressivos e alarmantes publicados pela ONU a respeito do aumento do TDM na sociedade contemporânea, faz-se necessário a busca de recursos que possibilitem auxilio e tragam alternativas benéficas a população. Esse resumo visa apresentar introdutoriamente uma possibilidade de intervenção para auxilio com crianças e adolescentes na prevenção e tratamento de transtornos desadaptativos. Programas semelhantes em andamento fora do Brasil mostram evidencias bastante significativas em relação a prevenção e tratamento da depressão a partir do desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de ênfase qualitativa, com o intuito de apresentar importantes dados acerca dessa intervenção que pode contribuir como aliada na prevenção e no tratamento do TDM.
Palavras-chave: Prevenção. Infância. Adolescência. Habilidades socioemocionais. Depressão.
Introdução
Grande parte da clientela que procura os serviços de saúde mental apresenta queixas como tristeza profunda, perda da capacidade de sentir prazer, falta de interesse, sentimento de inutilidade, culpa excessiva, fadiga, dificuldade de concentração, retardo psicomotor, insônia ou hipersonia. Esses são alguns sintomas que caracterizam o TDM, que é hoje responsável pelo prejuízo adaptativo de milhares de indivíduos ao seu meio (BITTENCOURT, et al., 2015).
Existem evidências de que programas de prevenção e promoção de saúde para crianças e adolescentes que funcionam em outros países e agora despontam no Brasil, aumentam a resiliência emocional e promovem habilidades de enfrentamento que são variáveis fundamentais para prevenir e tratar o TDM. Para Del Prette (2013), o treinamento de habilidades socioemocionais possui duas vertentes muito significativas, entre escola e família atuando como prevenção e em clinicas psicológicas, visando a superação de dificuldades sociais e emocionais.
Os dados recolhidos são concisos e evocam motivação ao tema que é apresentado como uma variável altamente benéfica, com evidencias significativas para comportamentos de melhora em relação ao TDM, para nível preventivo ou como intervenção em níveis primário e secundário.
Objetivo
Apresentar possíveis variáveis que possam contribuir na prevenção e tratamento do TDM.
Metodologia
Foi realizada uma pesquisa de caráter bibliográfico, com ênfase qualitativa. De acordo com Triviños (1987) o pesquisador que utiliza o enfoque qualitativo, poderá contar com uma liberdade teórico-metodológica para desenvolver seus trabalhos, assim, por meio da pesquisa bibliográfica, surgem alguns achados sobre o tema em questão. Destaca-se os autores Zilda e Almir Del Prette que apontam resultados bastante eficazes e promissores a respeito do tema, qual constitui o cerne da presente análise. Ademais, utiliza de outros livros e ideias para essa fundamentação.
Desenvolvimento
De acordo com a (Organização Mundial da Saúde [OMS], 2016), atualmente, cerca de 350 milhões de pessoas no mundo preenchem os critérios diagnósticos para TDM, evidencias que dizem a respeito das atuais dificuldades adaptativas enfrentadas pela sociedade contemporânea aos novos padrões comportamentais da atualidade. De acordo com Hidaka (2011, p.207) “a evidência que nós podemos estar de fato no meio de uma epidemia de depressão”.
Em 2008, a OMS publicou os resultados de um trabalho específico sobre o tema – a Pesquisa Mundial Sobre Saúde Mental, onde foram coletados dados em 18 países apontando que a prevalência do TDM ao longo da vida difere consideravelmente entre eles, sendo em geral maior nos países desenvolvidos do que nos países em desenvolvimento. Considera-se que o seu risco aumenta com a adolescência, sendo a sua prevalência estimada em cerca de 2% nas crianças e em 4,8% nos adolescentes; no Brasil, 5,8 % da população sofre com esse problema (RESENDE, et al., 2013).
É possível a compreensão do crescente aumento matemático dessa população doente na realização de uma análise do contexto atual de vida, pois, é lá que estão os fatores que contribuem para a instalação e agravamento do estado depressivo, a estimulação aversiva breve mais intensa, ou moderada e provavelmente de longa duração, acaba por impactar indivíduos biologicamente mais sensíveis e/ou com déficits de repertório (indivíduos pouco hábeis para manejar adversidades e/ou para obter acesso a reforçadores) (YARA NICO, et al., 2015).
De acordo com Yara Nico (2015) a TDM já se tornou um comportamento culturalmente desadaptativo e diante de determinado conhecimento, é possível conectar um importante achado em estudos que mostram que a competência social na infância apresenta correlação positiva com vários indicadores de funcionamento adaptativo, como rendimento acadêmico, responsabilidade, independência e cooperação. Assim, um repertório pobre de habilidades socioemocionais pode ter consequências desfavoráveis para um desenvolvimento saudável que podem sinalizar problemas futuros mais sérios, como o TDM (DEL PRETTE, 2013).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) propõe que os serviços de Saúde incluam a promoção das chamadas “habilidades de vida”, da qual fazem parte as habilidades socioemocionais (empatia, comunicação, lidar com emoções, estresses, soluções de problemas e tomada de decisões), como parte do currículo das escolas, entretanto, apenas alguns países e instituições participam da proposta.
Daniel Goleman (1995), aponta indícios de que ensinar às crianças meios mais produtivos de ver suas dificuldades reduz os riscos da depressão. O autor traz ainda um estudo realizado em Oregon, onde setenta e cinco alunos com depressão branda aprenderam a identificar seus próprios sentimentos em relação aos fenômenos psicológicos e com isso foram tornando-se mais capazes de fazer amigos, melhoraram o relacionamento com os pais e com isso, participando de atividades sociais que consideravam agradáveis. No fim do programa de dois meses, 55 por cento dos estudantes haviam-se recuperado da depressão branda e apenas um quarto de outros igualmente deprimidos que não participaram do programa começara a sair dela. Um ano depois, um quarto dos pertencentes ao grupo de comparação entrara numa grande depressão, contra apenas 14 por cento dos integrantes do programa de prevenção. Embora durasse apenas dois meses, o programa reduziu pela metade o risco de depressão.
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