HISTÓRIA DA INFÂNCIA: PÓS-MODERNIDADE E O RETORNO À ADULTIZAÇÃO
Por: Ynnadlopes • 8/10/2018 • Artigo • 1.484 Palavras (6 Páginas) • 197 Visualizações
CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU
GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
PSICOTERAPIA INFANTIL
AMANDA LETÍCIA MENDES DE O. BARBOSA
DANIELE LOPES DE ARAUJO
HISTÓRIA DA INFÂNCIA: PÓS-MODERNIDADE E O RETORNO À ADULTIZAÇÃO
CAMPINA GRANDE
05 DE OUTUBRO DE 2018
AMANDA LETÍCIA MENDES DE O. BARBOSA
DANIELE LOPES DE ARAUJO
ADULTIZAÇÃO DA INFÂNCIA NA PÓS-MODERNIDADE: INFLUÊNCIA DAS MÍDIAS SOCIAIS
Trabalho referente a nota parcial da primeira avaliação do componente curricular Psicoterapia Infantil, sob orientação da Prof. Márcia Candelária, ministrado no semestre 2018.2
Campina Grande
2018
De acordo com Ariès (1975), por volta do séc. XII, a infância era desconhecida e não retratada, não havendo assim lugar para esta. O que difere da visão que se tem da infância em contextos históricos posteriores. As primeiras representações conhecidas foram através de pinturas dos evangelhos de Jesus, sendo a criança retratada como um pequeno adulto.
Segundo Ariès "assim que a criança deixava os cueiros, ou seja, a faixa de tecido que era enrolada em torno do seu corpo, ela era vestida como os outros homens e mulheres de sua condição". Tal fato torna-se compreensível frente à inexistência de um sentimento de infância. Diante da concepção de criança que se tinha na época não havia porque existir preocupação relativa ao conforto e ao próprio mundo infantil.
No séc. XIII, passa a ser exibido mais sentimento pela infância a partir das imagens que retratavam anjos com feições e tamanho joviais. Porém, no séc. XIV que há uma popularização das imagens de anjos, e posteriormente há um florescimento das histórias, contos e lendas infantis.
A partir do séc. XV e XVI, os cenários trazem as crianças como protagonistas secundários. Ainda neste período, é visto um descrédito à vida infantil devido aos altos índices de mortalidade causados pela precariedade das condições de vida da época. Com influência do período imperial, as crianças mortas passam a ser representadas através de pinturas.
No entanto, um fato curioso apresentado por Ariès (1975) é que estes não aparecem nos próprios túmulos, nem ao menos no dos seus pais, mas nos de seus professores. Era inconcebível que houvesse a conservação da imagem de uma criança sobrevivente às intempéries da infância e nem que tivesse morrido pequena. Através dos textos descritos é possível constatarmos a fragilidade da criança, bem como sua desvalorização.
No início do século XVII os retratos de crianças se tornaram muito numerosos. Cada família, a partir de então, queria possuir retratos de seus filhos, mesmo ainda quando crianças. Foi como se a consciência comum só então descobrisse que a alma da criança também era imortal. De um infanticídio secretamente admitido passou-se a um respeito cada vez mais exigente pela vida da criança.
A alma da criança é reconhecida antes que seu corpo e associada com as novas práticas de higiene, as primeiras vacinas e ao controle da natalidade cada vez mais difundido surge um cuidado com os filhos vivos. Juntamente com isso, família torna-se o lugar de uma afeição necessária entre os cônjuges e entre pais e filhos, algo que ela não era antes.
Com o surgimento do malthusianismo e a extensão das práticas contraceptivas, no séc. XVIII, a ideia da brevidade da infância desapareceu. A retratação da criança morta no fim do séc. XVI marcou, portanto, início de uma nova visão da infância. Surge com Freud uma nova representação da criança, não existente anteriormente. Pode-se dizer que é uma “invenção” da Modernidade.
A partir do caso do pequeno Hans, Freud passa a entender a criança como um ser passível de sentir solidão, tristeza, raiva, viver conflitos e contradições, é portadora de sexualidade e “[...] é capaz da maior parte das manifestações psíquicas do amor, por exemplo, a ternura, a dedicação e o ciúme” (Freud, 1907/1976a, p.139).
Quando falamos em infância, não podemos nos referir a esta etapa da vida como uma abstração, e sim como um conjunto de fatores que institui determinadas posições que incluem a família, a escola, pai, mãe, entre outros que colaboram para que hajam determinados modos de pensar e viver a infância. A respeito disso, basta verificarmos que desde o século XII até início do século XX, a sociedade vem criando conceitos e modelos para infância, além de mecanismos que a valorizem, principalmente a infância pobre e desvalida, pois de acordo com a obra de Ariès, o sentimento sobre a infância se dá nas camadas mais nobres da sociedade. Já a criança pobre continua a não conhecer o verdadeiro significado da infância, ficando assim a mercê da própria sorte.
Embora esse quadro de desigualdade persista ao longo dos séculos, a partir do conhecimento do verdadeiro significado da infância, a sociedade vem buscando mecanismos através dos programas sociais, assistenciais e filantrópicos cujo objetivo é reparar erros, desde a idade medieval, passando pela contemporânea, até a sociedade atual, de descasos com a infância e adolescência.
Atualmente a infância é tratada como uma parte importante no desenvolvimento do ser humano, sendo formados neste período os processos cognitivos concretos e abstratos, os laços sociais e familiares, além das representações simbólicas da existência. Diversos estudos são elaborados com o intuído de que haja mais compreensão do funcionamento das atividades ocorridas na infância, como também o comportamento dos indivíduos.
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