Historia da Psicologia: Principais Métodos Historiográficos
Por: Marina Furtado • 26/4/2016 • Trabalho acadêmico • 1.455 Palavras (6 Páginas) • 557 Visualizações
1) Descreva e analise o trabalho do historiador, defina historiografia, descreva os principais métodos historiográficos e caracterize os principais problemas enfrentados pelo pesquisador de história da psicologia.
De acordo com o autor alemão Jöhn Rüsen, historiografia é o produto do conhecimento histórico obtido racionalmente, obedecendo regras metodológicas com pretensões científicas. Nessa perspectiva, historiografia seria o relato dos resultados de uma pesquisa histórica, realizada a partir de investigação empírica e documental. O historiador é, portanto, um investigador que, de forma metodológica, utiliza fontes escritas, iconográficas, orais, materiais e sonoras para representar acontecimentos do passado. Como a Psicologia se constitui a partir de escolar de pensamento, a forma mais sistemática de integrar todas elas é a partir do estudo da História da Psicologia.
O trabalho do historiador é coletar fragmentos do passado e reuni-los de forma a produzir informações detalhadas sobre o que, de fato, aconteceu. No entanto, os dados podem ser perdidos, distorcidos ou alterados. Em alguns casos, os registros podem ser perdidos, deliberadamente omitidos e alterados pelo próprio sujeito da história ou sua família com o objetivo de prestar informações tendenciosas ou proteger a imagem pública. Os dados também podem ser distorcidos na tradução, de propósito, por descuido ou por falta de palavras correspondentes entre as línguas.
2) Descreva a visão mente-corpo de Descartes, explicando o funcionamento e a interação do corpo e da mente, considerando os conceitos de ideias inatas e derivadas e descreva o método de Descartes.
Apesar da relação dualista mente-corpo ter sido abordada por diversos pensadores antecedentes à Idade Moderna, à obra de Descartes que creditamos a primeira explicação sistemática acerca do problema mente-corpo. O dualismo cartesiano tem respaldo na ideia de que o homem é comporto por duas substâncias distintas. Uma é imaterial, indivisível, incorpórea, chamada alma ou mente (res cogitans) e a outra é extensa, finita, divisível, chamada corpo(res extensa). O principal legado de Descartes para o desenvolvimento da Psicologia Moderna foi a tentativa de sistematizar a relação entre a res cogitans e res extensa. Fundamentado na vertente materialista, Descartes propôs que o movimentos físicos do espírito animal nos tubos nervosos provocariam impressões no conarium, localizado no cérebro, e, a partir daí, a mente produz uma sensação. A mesma ideia também era aplicada ao processo contrário. A mente, de alguma forma, criaria uma impressão no conarium, provocando o fluxo de espírito animal até os músculos, resultando em movimento corporal. A ideia do corpo como sendo também capaz de exercer influência sobre a mente foi uma ruptura na concepção aristotélica de que a relação mente-corpo se dava de uma forma unilateral, onde a mente funciona como um centro de comando e o corpo como um aparato físico subordinado à mente.
Descartes faz distinção entre Ideias Inatas e Ideias Derivadas. Para ele, ideias inatas são fundamentalmente os conceitos matemáticos e a ideia de Deus. As ideias derivadas dependem de experiências sensoriais. O universo, para Descartes, é passível de ser conhecido a partir de ideias inatas e princípios primitivos pela razão, que opera por meio da intuição e dedução. A forma sistemática desenvolvida por Descartes para reorganizar os juízos e, com a razão, separar o falso do verdadeiro foi o método, dividido em quatro regras:
I. Evidência – Para aceitarmos algo como verdadeiro devemos considerar as evidências, relacionadas ao conceito de intuição.
II. Análise – As evidências podem ser traduzidas por ideias simples, portanto deve-se reduzir ideias complexas em ideias simples, dando espaço para a dedução.
III. Síntese – Condução ordenada de pensamentos, começando pelas ideias simples para, gradualmente, ascender até os conhecimentos mais complexos.
IV. Enumeração – Revisar todo o processo para assegurar a ausência de erros.
3) Descreva e analise a concepção filosófica de John Sturart Mill (1806-1873).
Divergente dos associacionistas da época, John Stuart Mill combatia a visão mecanicista da mente. Ele acreditava que a mente exercia um papel ativo na associação. Os outros associacionistas, incluindo seu pai, James Mill, acreditavam que a mente funcionava como uma máquina, uma unidade completamente passiva, previsível e acionada totalmente por mecanismos externos. Já Stuart Mill considerava a mente como sendo criativa, ativa na síntese de ideias complexas a partir de ideias simples, ideia que ficou conhecida como síntese criativa. Influenciado pelas pesquisas em andamento na química, Stuart Mill afirmou que as ideias complexas eram mais do que o simples somatório das ideias simples. Os químicos da época demonstraram como a junção de elementos diferentes poderiam resultar em novos compostos com características diferentes das unidades iniciais. Por isso, Stuart Mill chamou sua proposta associacionista de química mental.
Outra contribuição de Stuart Mill na Psicologia, se deu pela afirmação de que é possível o estudo científico da mente através do método para a aplicação da lógica indutiva nas investigações das causas da ciência. Naquele momento, vários filósofos e, principalmente Auguste Comte, afirmavam o contrário. Para Stuart Mill, quatro regras metodológicas são necessários para o adequado uso da indução:
I. Método da Concordância – Se uma variável é condição necessária, ela deve estar presente se a consequência estiver presente.
II. Método da Diferença – Se um conjunto de variáveis leva a uma dada consequência e outro conjunto de variáveis não leva, e os dois conjuntos diferenciam-se em apenas uma variável que está presente no primeiro conjunto e não está presente no segundo, então
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