Homossexualidade Masculina e Vulnerabilidade ao HIV/AIDS na Região Metropolitana do Recife
Por: Clóvis Lira • 13/11/2017 • Relatório de pesquisa • 3.297 Palavras (14 Páginas) • 372 Visualizações
RELATÓRIO PARCIAL DE ATIVIDADES DO BOLSISTA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC/FACEPE
Universidade Federal de Pernambuco
Departamento de Psicologia
Laboratório de Sexualidade Humana (LABESHU)
Título do Projeto: Homossexualidade masculina e vulnerabilidade ao HIV/AIDS na Região Metropolitana do Recife
Local da pesquisa: Olinda (Pernambuco)
Período de realização: Setembro/2015-Julho/2016
Aluno: Clóvis Cabral de Lira Filho
Curso: Psicologia
Número do processo no Sistema AgilFAB/FACEPE: BIC-0731-7.07/15
Nome do Orientador: Luís Felipe Rios do Nascimento
Período de vigência da bolsa: Agosto/2015- Setembro/2016
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa se articula ao projeto “Homossexualidade masculina e vulnerabilidade ao HIV/AIDS na Região Metropolitana do Recife”, que tem por Objetivo Geral investigar a conduta sexual da população de homens que fazem sexo com homens (HSH) residentes na Região Metropolitana do Recife (RMR), na perspectiva de analisar a vulnerabilidade destes ao HIV/AIDS.
Ele se sustenta na perspectiva teórica que enfatiza a construção sociocultural da sexualidade (RUBIN, 1993, PARKER, 2000) e entende a vulnerabilidade (AYRES et al, 2003) ao HIV e Aids como constituída pela intersecção (BRHA, 2006; PISCITELLI, 2008) entre marcações de gênero, de raça, de idade-geração, de escolaridade, de classe/renda, de orientação sexual etc.... Analisar a vulnerabilidade permite entender as relações de poder que acontecem para a realização de determinadas práticas, permitindo a interpretação do que torna o sujeito susceptível ou propensa a uma conduta de risco, por exemplo (AYRES, PAIVA e FRANÇA JR, 2010). Segundo Ayres et. al. (2003), é necessário a analisar três componentes que se interconectam, para operacionalizar este tipo de análise: o sociocultural (os significados e valores sobre as diferenças - socialmente constituídas - compartilhados coletivamente), o programático (respostas governamentais às violações de direito e agravos à saúde) e o pessoal (a singularidade do indivíduo constituída na relação com as outras instâncias). E pode-se dizer que os sujeitos são posicionados no sistema como resultado da relação desses componentes.
O resultado deste projeto contribuirá com informações sobre vulnerabilidade da população em foco para a AIDS e DST, podendo então balizar intervenções na saúde coletiva. Conforme o Ministério da Saúde vem mostrando no seu Boletim Epidemiológico AIDS e DST (BRASIL, 2013) existe uma epidemia concentrada em uma população composta por usuários de drogas, homens que fazem sexo com homens e mulheres profissionais do sexo quem estão em situação de maior risco e vulnerabilidade. Ainda conforme dados do Ministério da Saúde, nos últimos 10 anos, houve um aumento de cerca de 22% na proporção de casos em HSH (homossexuais e bissexuais) e uma redução de 3% de heterossexuais (BRASIL, 2013).
A AIDS é uma doença que carregar muitos estigmas e por esse motivo fragiliza emocionalmente e fisicamente quem é portador. Levantar dados sobre como uma população especifica se comporta com relação propicia a criação de estratégias mais eficazes para combater a contaminação nessa população.
OBJETIVOS
O objetivo geral é investigar a conduta sexual da população de homens que fazem sexo com homens (HSH) residente na Região Metropolitana do Recife (RMR), na perspectiva de analisar a vulnerabilidade destes ao HIV/AIDS.
Objetivos específicos
a) descrever vivências de violência e discriminação de duas redes de homens com práticas homossexuais iniciadas em Olinda, considerando o perfil demográfico (categorias sociais) da população investigada;
b) descrever aspectos da vida comunitárias dos homens pertencentes às duas redes;
c) analisar os fatores sociodemográficos e comunitários associados ao envolvimento em situações de violência e discriminação.
METODOLOGIA
No projeto guarda-chuva com o qual este se articula prevê três momentos de coleta de dados: aplicação de 480 questionários com a população HSH, realização de entrevistas com 12 dos participantes da primeira etapa, e observação participante nos espaços de homossociabilidade mencionados nas entrevistas.
Esse estudo é de cunho quantitativo, no estilo estudo de corte transversal, com foco na investigação dos aspectos referentes ao perfil sóciodemográfico da população HSH, marcadores sociais, conhecimentos, atitudes e práticas sobre sexualidade e saúde sexual, bem como percepção de risco para HIV. E está presente apenas no primeiro momento, onde foram aplicados questionários com a população HSH.
A partir de dois sujeitos sementes residentes das cidades da Região Metropolitana do Recife pesquisadas, Ipojuca, Recife, Olinda, Cabo de Santo Agostinho, Igarassu e Jaboatão dos Guararapes, se construiria uma rede utilizando o modelo “Respondent-DrivenSampling” (HECKTHORN, 1997 e 2002) para formar uma amostra que possa incorporar grupos distintos numa população heterogênea, mas devido à grande quantidade de recusas não foi possível seguir exclusivamente com esse método, também foram alcançados sujeitos através da rede de contatos dos entrevistadores, sendo feita também a também a analise total dos dados.
Cada participante foi informado sobre a pesquisa e, concordando em ajudar na sua realização, foi lido e discutido o termo de consentimento livre e esclarecido, sendo informado de como poderá participar.
O questionário contém 118 questões fechadas distribuídas nos seguintes 11 blocos temáticos: a: informações sociodemográficas; b: formas de transmissão de algumas doenças; c: doenças sexualmente transmissíveis; d: teste de HIV; e: acesso a preservativos; f: transição; g: comportamento sexual; h: epidemia de AIDS e mudanças no comportamento; i: vida comunitária; j: discriminação e violência; l: finalização. Os questionários foram aplicados individualmente com o auxílio de um entrevistador e elaborado a partir dos instrumentos utilizados no PCAP nacional (BRASIL, 2011b) e em estudo realizado por Raxach et al (2007).
A metodologia inicial previa a coleta de dados exclusivamente através de indicação onde seriam recrutados 12 participantes, também chamados de sementes, e se formariam duas redes de cada uma das cidades a partir das indicações feitas pelos participantes. De modo a formar grupos de indicações, aqui chamadas de ondas, como mostra o seguinte esquema: 1º. Onda (12 entrevistados); 2ª. Onda (36 entrevistados); 3ª. Onda (108 entrevistados); 4ª. Onda (324 entrevistados). Será estabelecido um código para cada entrevistado de modo a permitir rastrear as redes de indicação dos participantes. Este procedimento de recrutamento deverá ocorrer em quatro ondas, ou, caso haja recusa, até que se alcance o número de 480 participantes. A quantidade de sujeitos que se recusaram a participar da pesquisa foi além do planejado, então houve uma pequena mudança na metodologia onde passou a não ser mais exclusivamente por indicação dos entrevistados, podendo ser também contatados sujeitos quem não estava entre os indicados e que se enquadravam no perfil da pesquisa.
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