Influência da Emoção Sobre a Memória
Por: sdmr • 6/4/2017 • Trabalho acadêmico • 1.048 Palavras (5 Páginas) • 309 Visualizações
Questão orientadora: “Qual a influência da emoção sobre a memória e quais as consequências desta relação para a aprendizagem?”
Uma das funções mais surpreendentes do nosso cérebro é a capacidade de codificar, selecionar e armazenar a informação recolhida ao longo das nossas vivências para que consigamos mais tarde evocá-las e utilizar essa informação nas mais variadas situações, desde o reconhecimento de um amigo ao reconhecimento de um cheiro até á emoção de uma experiencia que desejamos reviver. “A memória faz de nós aquilo que somos e podemos vir a ser, pois cada lembrança recordada ou esquecida faz com que sejamos sujeitos únicos, uma vez que, para duas pessoas, que vivenciam a mesma situação, a forma como esse momento será armazenado será distinta” (Aline de Sousa, 2015). Podemos dizer deste modo, que a memória e a aprendizagem estão intimamente relacionadas, pois são processos complementares - não há aprendizagem sem memória e uma atividade cerebral minimamente estruturada. Memória é a aquisição, a formação, a conservação e a evocação de informações. A aquisição é também chamada de aprendizagem. A evocação é também chamada de recordação, lembrança, recuperação. Só lembramos aquilo que gravamos; aquilo que foi aprendido. Como refere (Catro, 2012) a aprendizagem é uma questão de memória, visto que o processo de aprender tem a ver com o armazenamento de informações, com o modo como essas informações são organizadas e são recuperadas. (Aline de Sousa, 2015) refere experiências que demonstram que a forma como se aprende está ligada ao estado de humor. As emoções, o contexto e a junção de ambos influenciam a aquisição ou a evocação da memória. Vários estudos mencionados na literatura referem que um indivíduo num estado emocional positivo tende a aprender palavras ou situações de cunho positivo. Em contrapartida, indivíduos em estado emocional negativo tendem a assimilar melhor palavras ou situações negativas nesses momentos. (Pinto, 1998).
Para percebermos melhor esta relação entre emoção – memória e aprendizagem, é essencial abordar esta temática complexa que são as emoções. Emoção, numa definição mais geral, é um impulso neural que move um organismo para a ação. São “impulsos para agir, planos de instância para enfrentar a vida (…) Há centenas de emoções, incluindo respetivas combinações, variações, mutações e tonalidades” (Goleman, 2015: 310). A emoção é pois um comportamento observável através do rosto, voz, gestos e posição corporal, inclui uma componente de excitação fisiológica, ao nível do sistema nervoso autónomo (SNA), uma interpretação cógnitiva e por último a emoção é uma experiencia subjetiva sob a forma de alegria, tristeza ou pesar (Pinto, 2001: 244-245). A emoção tem ainda uma função adaptativa as exigências do ambiente, uma função motivacional através de uma rápida reação ou uma rápida resposta e uma função perturbadora na tomada de decisões. A emoção é deste modo, “um processo regulador do organismo, voltado para a sobrevivencia do mesmo” (Catro, 2012: 29). Uma vez que somos dotados de conciência, somos capazes de identificar as nossas emoções e desse modo agir de acordo com o que for mais conveniente para nós. Se a consciência nos possibilita saber que sentimos emoções, a memória é o nosso fiel depositário, pois é nos processos de memória que todo o conhecimento que nos chega através dos sentimentos é codificado, possibilitando a nossa aprendizagem sobre o que nos beneficia ou nos prejudica (Catro, 2012: 29).
A maior parte dos pesquisadores refere-se às seis emoções universais: felicidade, tristeza, medo, raiva, surpresa e repugnância. Trata-se de emoções fundamentais que são encontradas e reconhecidas em todos os seres humanos no mundo todo. Apesar de haver uma grande variedade de estados emocionais descritos por um número elevado de conceitos, poderá ser possível restringir esse número de estados a dois grupos de emoções: emoções básicas ou primárias (estados emocionais que parecem inatos) e emoções compostas (formadas a partir de outras emoções básicas) (Pinto, 2001: 247).
A atenção, a perceção, a memória, a tomada de decisões e os concomitantes conscientes de cada um são todos oscilantes nos estados emocionais. O alerta emocional organiza e coordena a atividade cerebral. O impulso emocional inicia no momento em que uma memória nasce. Enquanto contexto, o estado emocional pode ter um efeito significativo na memória, mantendo ou mudando o contexto em que a aprendizagem ocorre, a recordação pode ser melhor ou pior (Pinto, 1998). Neste pensamento, Amâncio Pinto menciona a contribuição de autores como Gilligan e Bower que definiram algumas hipóteses importantes: o efeito da memória depende do estado emocional; a congruência de emoção e afeto na aprendizagem em que a informação de cariz emocional é melhor adquirida quando há correspondencia com o estado emocional do sujeito; a congruência do pensamento tende a relacionar-se com a natureza do estado emocional em que a pessoa se encontra.
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