Conceito de Posição e mecanismos de defesa. Melanie Klein e a ideia de relação objetal
Por: KattyParise • 19/4/2016 • Trabalho acadêmico • 696 Palavras (3 Páginas) • 1.715 Visualizações
Conceito de Posição e mecanismos de defesa. Melanie Klein e a ideia de relação objetal.
Melanie Klein que deu continuidade aos estudos freudianos, mas numa vertente mais focada em crianças, diz que é possível interpretar o brincar da criança, ajudando-a a nomear seus sentimentos, ajudando-a a criar um mundo simbólico, e isso é terapêutico. Diz também que a formação do psiquismo começa desde que nascemos. Ela criou o conceito de que o ser humano se desenvolve em duas posições, a esquizoparanóide e a depressiva (Zimerman 1999).
Segundo Zimerman (1999), a posição esquizoparanóide (PEP), entende-se até o terceiro mês de vida e consiste em um indispensável uso de defesas primitivas por parte do incipiente ego do bebê, lançando mão do uso das “dissociações” e das “projeções” como forma de se livrar das ansiedades resultantes da “pulsão de morte”. Já a posição depressiva (PD), se organiza pelo sexto mês e designa um estado que possibilita a criança a discriminar, reconhecer e integrar aspectos clivados dessa mãe, implica também numa condição de que a criança assuma culpa e responsabilidade pelas suas ações e também exercite sua capacidade reparatória, ou seja, que na realidade ou fantasia infligiu danos ao seu objeto necessitados. A teoria kleiniana compreendia e valorizava a transferência primitiva, ou seja, aquela que era reproduzida da criança com o analista, como as relações objetais com suas respectivas fantasias inconscientes e os primitivos mecanismos de defesa.
Zimerman (2001) traz a definição que Klein dá de relações objetais como sendo a capacidade inata de um bebê interpretar suas sensações corporais sob a forma de objetos bons que os gratificam com sensações prazerosas, ou maus que provocam dor e sofrimento. E sobre a fantasia inconsciente, Klein valorizava as fantasias na estruturação do psiquismo da criança e na determinação dos distintos quadros da psicopatologia. Um dos seus enfoques é que uma fantasia inconsciente é uma crença na atividade de objetos internos, sentidos como se fossem concretos, como uma sensação desagradável podendo ser mentalmente representada como um relacionamento com um objeto mau.
Segundo Oliveira (2007), a fantasia pode ser definida também como uma representação psíquica do instinto, se transforma de acordo com o desenvolvimento e formação da personalidade influenciando e sendo influenciada pelo ego em maturação. Para Oliveira (2007) exemplo de fantasias projetivas podem ser os ataques realizados pela criança através de suas “armas” orais ou anais, através de mordidas e ou até expelir seus excrementos. Esse desenvolvimento se dá por todo o seu desenvolvimento psíquico, enquanto se constitui como sujeito.
Caso João:
Observamos que João é uma criança que passou por ambientes muito hostis e que após a morte de sua mãe lhe faltou uma referência. Pode se observar também um menino agressivo, que desrespeita a todos, possivelmente e hipoteticamente pode ser atribuído as suas vivências pós trauma. Suas relações são fragilizadas, apesar de ele ter estado com pais adotivos e hoje com uma parente próxima, não houve nenhuma ligação afetiva, de acordo com o relato obtido.
Com o relato de que o pai matou a mãe na frente de João e sua irmã, e eles estiveram com o corpo durante três dias até que alguém os encontrasse, nós estabelecemos que havia uma relação objetal de João com sua mãe e uma fantasia inconsciente de que a morte dessa mãe possivelmente representou um abandono. Essa mãe não mais o acolheria, o satisfaria. E assim como na definição que vimos de Klein, se tornou um objeto mau.
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